Cotidiano

IFRR licencia primeiro surdo mudo em Educação Física

A falta de acessibilidade, principalmente nos níveis de ensino fundamental e médio, faz com que muitos desistam. Não foi o caso de Nattrodt, que concluiu a Licenciatura em Educação Física no tempo regular e entra para história da educação em Roraima

O aluno Carlos Pereira Nattrodt, do Instituto Federal de Roraima (IFRR) entra para história como o primeiro professor surdo mudo licenciado em Educação Física pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica do Brasil.

A falta de acessibilidade, principalmente nos níveis de ensino fundamental e médio, faz com que muitos desistam. Não foi o caso de Nattrodt, que concluiu a Licenciatura em Educação Física no tempo regular e entra para história da educação em Roraima.

Carlos nasceu no Estado do Amazonas e veio morar em Roraima quando ainda tinha cinco anos de idade, juntamente com os seus pais. Esse senhor de olhar firme e sereno aparenta estar sempre tranquilo e sempre com muita vontade de aprender.

Porém, as salas de aula convencionais são sempre muito difíceis, isso porque as aulas são preparadas para ouvintes, e quem é surdo mudo tem a necessidade da presença de um intérprete. Essa é uma das barreiras que o deficiente sempre encontra na hora de aprender.

Por meio do intérprete de sinais do IFRR, Rogerio Mendes, Carlos diz: “estou muito feliz, pois agora minha vida vai melhorar, principalmente para o mercado de trabalho. Pretendo fazer um concurso público na área e ensinar o que eu aprendi para crianças. Também quero ter uma vida mais estável com minha família, porque sou casado e tenho quatro filhos, minha esposa também é surda e muda, mas nossos filhos são todos ouvintes e falantes, e nos damos muito bem. Somos uma família feliz, e quero dizer para as pessoas que tem algum tipo de deficiência que não desistam por causa das limitações e sigam em busca de seus sonhos, porque somos todos capazes”, finalizou.

Parceiro do dia a dia, Daniel Sena Nattrodt tem 11 anos é o filho que está sempre junto ao pai. Acompanhou-o nas aulas, leva-o ao médico e estão sempre juntos. “Eu amo muito o meu pai, ele é um orgulho.Fico feliz em vê-lo concluindo esse curso, recebendo o diploma e realizando um sonho. Ele é um exemplo”, concluiu Daniel.

Para o IFRR, esse é um momento muito importante, porque há a inserção no mercado de trabalho de um profissional com um grande diferencial de atuação na profissão, o que vai servir de exemplo e incentivar outros que também queiram se graduar.

A reitora em exercício do IFRR, professora Sandra Mara Dias Botelho, ressaltou que o acontecimento é um divisor de águas, porque o Instituto vem desenvolvendo o seu momento de inclusão com outros alunos e em especial com o Carlos Nattrodt. “Esta oportunidade deve ter um gosto muito especial para ele, pois alunos com alguma deficiência geram desafios para nós professores. Afinal, temos que contribuir com essa inclusão social e, provavelmente daqui pra frente, os professores também vão ter novos olhares sobre o próprio processo de formação”, destacou Sandra.