A 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima colocou em sigilo o processo que resultou na operação BAL da Polícia Federal depois de cumprir mandados em residência de parentes do governador Antonio Denarium (Progressistas), que não está sendo investigado na operação.
A Secretaria de Comunicação do Governo do Estado informou por meio de nota que o governador de Roraima, Antonio Denarium, recebeu a notícia da operação mas que desconhece o teor da investigação.
A assessoria do governador disse ainda que espera que as eventuais responsabilidades sejam apuradas na forma da lei.
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Parentes
Entre os alvos estão a irmã do governador, Vanda Garcia de Almeida, e o sobrinho dele Fabrício de Souza Almeida. Na casa do sobrinho, que é colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC), a PF encontrou quase 10 armas, incluindo fuzil, rifles e pistolas de uso restrito em gavetas e dentro de um cofre.
Também foram encontrados na operação vários sacos de cassiterita, um minério extraído da terra Yanomami que está sendo negociado a preços milionários no comércio ilegal.
Em 2010, Fabrício foi preso com diamante em Rondônia em uma operação que chegou também até Roraima e investigava o comércio ilegal de diamantes extraídos ilicitamente da Reserva Roosevelt, dos índios cintas-largas.
Além deles dois, cujos nomes foram descobertos pela imprensa, também foram cumpridos outros seis mandados tanto em Roraima quanto em Pernambuco de busca e apreensão em casas de envolvidos, cujos nomes ainda não foram divulgados por conta do segredo de justiça no processo.
Todos tiveram os bens bloqueados por integrarem organização que coordenaria um esquema de lavagem de dinheiro que seria fruto do comércio de ouro ilícito.
Operação da PRF
As investigações tiveram início com o recebimento de informações acerca de uma abordagem da PRF a um dos suspeitos em uma rodovia em Roraima ocorrida no início do ano.
Durante a ação de rotina, os policiais verificaram inconsistências na narrativa dos passageiros de um veículo, os quais tentaram ocultar uma viagem recém realizada ao estado de Rondônia e encaminharam os fatos à Polícia Federal.
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Como funcionava o esquema milionário
Análises da PF indicaram envolvimento do passageiro com outros suspeitos já investigados em outros procedimentos e conseguiram revelar um esquema que teria movimentado R$ 64 milhões em pouco mais de dois anos.
Os valores seriam oriundos da compra e venda de ouro ilegal, e contaria com o uso de empresas de fachada, que buscariam dar aspecto de legalidade às transações financeiras.
Suspeitos receberiam valores de diversos financiadores pelo Brasil e sacariam ou transfeririam os valores para pessoas e empresas no estado de Roraima, as quais seriam responsáveis pela compra de ouro ilegal.
O nome da operação faz alusão a um composto utilizado no tratamento de envenenamento por ouro, o BAL (British anti-Lewisite), situação da qual, figurativamente, padeceria o estado de Roraima no momento.