A maior parte das crianças Yanomami atendidas na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), com quadro de desnutrição grave, já ganharam peso. A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde.
Das 19 crianças acompanhadas, 15 delas estão evoluindo para quadros moderados de desnutrição, ou seja, 78% dos pacientes. Todas elas têm entre 6 meses e 5 anos. O tratamento teve como base os protocolos do Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave em Nível Hospitalar, disponibilizado pelo Ministério da Saúde em 2005.
“A avaliação é positiva tendo em vista que esse número de crianças que foram acompanhadas, conseguiram ganhar peso nesse pouco tempo utilizando os protocolos e diretrizes do Ministério da Saúde para tratamento com as fórmulas. O próximo passo é ampliar esse tratamento para que possamos fazer a recuperação na Casai e nos polos-base”, explica Mariana Madruga, integrante do grupo de trabalho de nutrição do COE-Yanomami.
Como o material dá apoio ao tratamento de pacientes internados em unidades hospitalares, foi preciso que os profissionais liderados pelo COE-Yanomami fizessem adaptações à realidade dos pacientes na Casai de Boa Vista, o que contou com apoio de profissionais do Distrito de Saúde Indígena Yanomami (DSEI-Y), dos servidores da Casai, das Secretarias de Saúde Indígena, Atenção Primária e Atenção Especializada do Ministério da Saúde, além do apoio e expertise dos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do programa Médicos Sem Fronteiras (MSF).
“Felizmente a gente conta também com o apoio de antropólogos que auxiliaram nos procedimentos necessários para atender essas crianças dentro da Casai. A adesão ao tratamento é um desafio considerando que [o uso desse tipo de alimento] não é parte da cultura deles, isso é desafiador. Mas as equipes fizeram a busca ativa dentro da Casai para que as fórmulas fossem administradas adequadamente dentro dos intervalos, algumas de três em três horas e outras de quatro em quatro horas. Tem sido um desafio, mas a gente já tem bons resultados no aumento de peso dessas crianças menores de cinco anos”, reforça Madruga.
Os próximos passos são a ampliação progressiva do tratamento às crianças na Casai com quadros parecidos e algumas adaptações às que forem atendidas nos polos-base evitando remoções para quem puder ser atendido dentro da Terra Indígena Yanomami. Isso vai ocorrer de maneira gradual conforme sejam ampliados os quantitativos de profissionais, bem como sua qualificação e deve ser pactuado no âmbito do COE-Yanomami para as próximas semanas. Os quadros gravíssimos seguem sendo atendidos nos hospitais de referência da região.