Nesta quinta-feira (16) é celebrado o Dia Nacional do Repórter. Esse cargo exercido por profissionais da comunicação tem a função de investigar, pesquisar, entrevistar e produzir notícias e matérias para a TV, impresso, rádio e internet. Faça chuva ou faça sol, o repórter está sempre em alerta para levar as notícias até a população.
Todo repórter é jornalista, mas nem todo jornalista é repórter. O repórter, geralmente, cobre uma pauta definida pelo seu chefe, o editor, que pode ser de política, esportes, educação, cidades, mundo, economia, cultura, entre outros. No entanto, especialistas têm apontado que pode ser uma profissão perigosa.
No ano passado, foram registrados 376 casos de agressões aos profissionais e ataques à categoria e a veículos de comunicação, segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Desses, dois casos de ofensas e intimidações nas redes sociais foram registrados em Roraima, segundo o Sindicato dos Jornalista de Roraima (Sinjoper).
“Quando o repórter sofre esse tipo de retaliação nas redes sociais em virtude da respectiva atuação profissional, é preciso acender o sinal de alerta de que tem sim um caso de violência envolvendo jornalista”, explicou a jornalista Érica Figueiredo, membro do sindicato e responsável pelo contato com a Fenaj.
Para ela, é preciso difundir para toda a população, inclusive aos colegas de profissão, que “uma sociedade democrática não pode tolerar a incitação ou violência propriamente dita contra repórteres, contra jornalistas de forma geral”.
Os ataques aos jornalistas e à profissão podem ser dos mais variados, entre eles estão os discursos taxativos, processos legais, agressões físicas e verbais, assassinatos, restrições na internet, restrições de acesso à informação e o uso abusivo do poder estatal.
Caso com repórter da FolhaBV
Independente do local, a agressão a repórteres acontecem principalmente durante e após a cobertura de assuntos delicados ou envolvendo pessoas de poder. Também no ano passado, um jornalista e repórter da FolhaBV passou por situação semelhante depois da cobertura das eleições de 2022.
Segundo o repórter, um candidato não gostou de uma matéria publicada sobre os protestos por intervenção militar em Roraima, por isso ameaçou processar o jornalista e a FolhaBV.
“Disse que não haveria base legal para o que eles estavam pedindo, que era intervenção militar e tudo mais, [porque] eu consultei um advogado constitucionalista. [O candidato] não gostou, dizendo que eu era um criminoso, que a Folha era criminosa e que ia me processar e processar o jornal”, contou o repórter que também cobre a editoria de política.
O caso rendeu até as redes sociais de uma colega, que também foi intimidada pelo mesmo candidato após opinar sobre os protestos. A situação toda nunca foi levada adiante pelos jornalistas, que não deram atenção, como também não houve processo por parte do candidato.
Não viu perigo…
Mesmo com o baixo registro de casos de violência contra jornalistas no estado de Roraima, não significa que não aconteçam. O motivo estaria atrelado à desconsideração de perigo.
Em outro caso, o mesmo jornalista foi xingado em outra pauta sobre os protestos de intervenção. No entanto, assim como da outra vez, optou por não denunciar formalmente. Para ele, a agressão verbal vivida naquele dia foi um desrespeito com a sua profissão.
“Se eu pensei em denunciar, olha, não. Eu, particularmente, não, até porque aquilo foi uma ameaça de processo. Não chegou a ser um ataque. Eu fiquei, claro, [me sentindo] desrespeitado e preocupado porque eu estava fazendo trabalho. Eu estava sendo criticado e xingado porque estava fazendo o meu trabalho e isso realmente é preocupante”, explicou o repórter da FolhaBV.
Segurança oferecida à profissão
Nesses casos, grandes entidades do jornalismo brasileiro, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), têm procurado oferecer canais de denúncias para os profissionais que compõem toda a área da comunicação e imprensa. Um deles é o Programa de Proteção Legal para Jornalistas.
A iniciativa só surgiu depois do aumento de casos de ataques aos profissionais nos últimos cinco anos. O objetivo é garantir assistência jurídica a jornalistas que, em razão do seu trabalho, estejam sendo silenciados ou constrangidos por meio de processos judiciais e também aos profissionais de imprensa vítimas de assédios, ameaças e perseguições que desejem processar civilmente os agressores.
Em Roraima, além da presença do Sindicato dos Jornalistas de Roraima, na manhã do último sábado (11), representantes de alguns movimentos sociais de Roraima instalaram o Comitê Pela Democratização da Comunicação, ligado ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC.
Para o presidente do Sinjoper, jornalista Paulo Thadeu, a constituição do comitê integra o estado numa rede de debates a nível nacional. “Na atual conjuntura é de suma importância a nossa mobilização e participação nesses fóruns nacionais pois assegura a nossa fala, trazendo assim a nossa realidade enquanto amazônida”, disse Thadeu.
Por outro lado, tem a diversão
Por fim, apesar dos recentes ataques vividos, o jornalismo e os jornalistas não param. O repórter continua dedicado a oferecer informações de qualidade para a população, combatendo fake news e ouvindo os vários lados presentes na sociedade atual.
Em uma dessas, a jornalista Angra Soares, acostumada com as pautas policiais, viveu o meme histórico do “arreia a mão na minha cara”. Mesmo a briga entre os vizinhos ter sido séria quando na reportagem de 2010, hoje tira boas gargalhadas de quem assiste o momento. Em entrevista recente à FolhaBV, a jornalista falou sobre o meme que vive há mais de 10 anos.
*Por Adriele Lima