O governador Antonio Denarium (Progressistas) pediu mais 30 dias para explicar a fala em que sugere a aculturação de indígenas, durante entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Na ocasião, Denarium afirmou que o povo yanomami “têm que se aculturar” e não pode “mais ficar no meio da mata, parecendo bicho.” A declaração foi repudiada por 64 instituições, como o Instituto Socioambiental e os partidos PT, Rede e PSOL.
No último dia 8, o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Alisson Marugal, avisou a Denarium, por ofício, sobre a existência da investigação aberta para apurar possível discriminação na fala e concedeu a ele 10 dias para conceder explicações. Foi na terça-feira (15) que o governador pediu a extensão do prazo.
A ideia do MPF é que Denarium esclareça se, de fato, pronunciou os termos descritos na reportagem ou se a fala foi retirada de contexto – se este for o caso, o governador deve comprovar a tese, por meio de documentos.
A afirmação ocorreu quando o governador respondia sobre os projetos que o governo estadual mantém na Terra Indígena Yanomami. O MPF entendeu que as falas têm potencial discriminatório e são passíveis de responsabilização cível e criminal.
Na ocasião, a Secom (Secretaria Estadual de Comunicação) disse ter recebido com estranheza a citação, ao afirmar que as informações repassadas pelo governador foram tiradas do contexto na entrevista. “Em momento algum o governador fez qualquer citação discriminatória em relação ao povo Yanomami e o desejo pela melhoria da vida das pessoas e o desejo de qualquer pessoa que valoriza a dignidade de indígenas ou não”, disse.
Sobre o pedido para que o prazo seja estendido, a Secom informou que a defesa do governador Antonio Denarium solicitou a dilatação de prazo em virtude da espera do envio do conteúdo jornalístico veiculado no referido jornal, bem como os documentos arrolados na reportagem para que seja feita a devida defesa.
*Por Lucas Luckezie