Polícia

Mesmo após confessar estupro, homem é liberado no 5°DP; Veja confissão

Familiares da vítima, temem que ele cometa novamente o crime; A reportagem conversou com o suspeito

O suspeito durante entrevista à reportagem da Folha BV (Foto: Isabella Cades/Folha BV)
O suspeito durante entrevista à reportagem da Folha BV (Foto: Isabella Cades/Folha BV)

Uma menina, de 13 anos, e seus familiares estão vivendo um verdadeiro pesadelo após a criança ter sido abusada pelo vizinho D.O., de 43 anos, e ele ter sido liberado no 5° Distrito Policial mesmo tendo confessado o crime na última terça-feira, 21, no bairro Jardim Tropical. 

A mãe da adolescente, de 40 anos, entrou em contato com a Folha BV para denunciar o caso, pois teme que D.O. volte a cometer o crime com outras crianças. 

De acordo com ela, D.O. alicia a filha desde os 11 anos de idade, porém só nesta semana soube do crime.  

Ainda segundo o relato, desde que foi solto, no sábado, D.O. tem intimidado e debochado da família. “Estamos com medo, sendo intimidados, pois ele fica passando aqui na frente de casa toda hora e nos encarando. Além de tudo isso, ele está debochando da situação”, disse. 

A denunciante disse que D.O. já agarrou um dos irmãos da menina, porém foi contido por um vizinho que viu e desconfiou da situação. “Ele já tentou violentar um outro filho meu, que passa por acompanhamento psicológico depois do ocorrido”, relatou. 

O sentimento que a família tem é de impunidade. “Queremos que ele seja preso e pague pelo o crime que cometeu. Que Justiça é essa, que solta uma pessoa que confessou ter abusado de uma criança?”, questionou a mãe. 

A mulher, e algumas vizinhas da família relataram que as crianças também estão com medo e não querem mais sair de casa. “Eu como mãe não penso só nos meus filhos. Penso nas outras crianças que podem ser vítima dele. Não quero que ele saia impune”, destacou. 

Outro medo da família é que ele consiga fugir, pois de acordo com a mãe, D.O. está sempre em contato com alguém, que vai até a casa dele em um veículo. “No dia que ele foi preso, ele ligou para alguém que levou ele para algum lugar. O nosso medo é que ele fuja e não seja preso”, disse. 

Outra revolta dos familiares, é que quando o acusado sofreu um acidente de trânsito ele foi ajudado pela família da vítima. “Todos nós da vizinhança nos solidarizamos com a situação e ele faz isso com a nossa filha. É muito triste e doloroso”, relembrou.  

A vítima passou por exame de Corpo de Delito e aguarda o resulta. Além disso, ela passará por atendimentos psicológicos. Com medo, a família solicitou uma Medida Protetiva. 

OUTRAS VÍTIMAS 

D.O. é suspeito de ter cometido assédio e abusos com pelo menos outras quatro crianças. Uma delas, com pouco mais de um ano de idade. Algumas vítimas saíram do bairro com medo. 

A reportagem conversou com uma das crianças, de 12 anos, que convivia com D.O. e teve uma das primas abusadas por ele, que contou como ele agia. 

“Ele oferecia coco e dinheiro apenas para as meninas. D.O. olhava para nós tipo querendo alguma coisa. Quando ele bebia ficava agressivo. Depois que D.O. abusou da minha prima e eu via como ele ficava fiquei com medo e me afastei”, relatou. 

CONFISSÃO 

Além de conversar com a mãe da vítima, a reportagem também conversou com o suspeito, que confessou o crime e disse que a culpa é da vítima. 

“Sim, foi isso mesmo que aconteceu. Ela chegou a vir na minha casa algumas vezes. Já dei uns beijos na boca dela também. Eu não abusei, apenas fazia o que ela mandava”, disse. 

Segundo fontes extraoficiais, ele também confessou o crime dentro da viatura da Polícia Militar.

Procurada, a Polícia Civil disse que o homem foi apresentado por uma guarnição a Polícia Militar na Central de Flagrantes, na tarde do dia 21 de fevereiro, apontado como autor de estupro de vulnerável de uma adolescente de 13 anos. A informação repassada é de que o fato vinha ocorrendo desde os 11 anos de idade dela e que a última vez teria ocorrido no dia 18.

Na ocasião, a vítima foi ouvida, acompanhada da mãe e encaminhada para exame no Instituto de Medicina Legal. Também foram ouvidas testemunhas e o suspeito. Como ele não estava em situação de flagrante, o caso foi encaminhado para investigação mais aprofundada no Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente.

Na quinta-feira, dia 23, a delegada titular do NPCA, Jaira Farias, ouviu novamente a vítima e solicitou uma Medida Protetiva de Urgência para a adolescente.

A Polícia Civil esclareceu ainda que, como o suspeito não estava em situação de flagrantes, não tinha, legalmente, como mantê-lo preso.

Informou também que há denúncias de que outras crianças teriam sido vítimas de violência sexual pelo suspeito, motivo pelo qual há a necessidade de uma investigação mais aprofundada que visa esclarecer todos os fatos e identificar outras vítimas, o que pode levar inclusive a um pedido de medidas cautelares mais enérgicas.