Enes Maria de Sousa Silva, de 35 anos, enfrenta uma vida de transtornos de desenvolvimento após ser diagnosticada, ainda no nascimento, com paralisia no lado esquerdo do cérebro. A família conta que isso pode ter acontecido em virtude de suposta negligência no Hospital Coronel Mota, unidade que, na época, também funcionava como maternidade.
“A cabeça dela era desse tamanhinho”, diz a mãe Raimunda Timóteo de Sousa, agricultora de 58 anos, ao gesticular com as mãos um tamanho pequeno. “Quando cheguei pra lavar as fraldas, tava com soro instalado na cabeça, falei pra minha avó: lá eles arrancaram o soro. Do jeito que arrancaram, veio o courinho da cabeça dela”, relata, sem saber detalhar tanto o problema.
A filha não consegue movimentar braço e perna esquerdas, e depende de medicamentos para amenizar sintomas como agressividade, insônia e dores nos dentes. “A paralisia aconteceu porque faltou oxigênio no cérebro dela”, explica dona Raimunda sobre Enes, cuja única coisa que sabe falar é: “mamãe, vem aqui”. “É um amor muito grande que sinto por ela. É uma coisa que a gente não explica. Ela é tudo na minha vida”, completou.
Atualmente, a agricultora compartilha as dificuldades financeiras e de cuidado adequado da filha com o atual esposo, o agricultor Neteval Rodrigues Vaz, 55, com quem é casada há 18 anos. Padrasto, ele diz amá-la como filha de sangue.
A família pede uma nova cadeira de rodas para Enes e diz não ter como comprá-la. O casal vive com uma renda mensal de R$ 2,1 mil mensais – sendo o BPC (Benefício de Prestação Continuada) de R$ 1.302 (salário mínimo) que Enes recebe e os R$ 800 dos “bicos” que seu Neteval faz como agricultor.
Dona Raimunda está sem trabalhar desde 2019, ano em que as coisas começaram a piorar para o casal. Foi quando ela fez uma cirurgia para retirar um cisto do útero e tudo o que tinha no antigo sítio da família, situado no Projeto de Assentamento Nova Amazônia, foi roubado.
Hoje, ela reclama de dores crônicas no dente e no lado esquerdo da costela, a ponto de ficar acamada. E seu Neteval já apresenta um pterígio nas córneas dos olhos, conhecido como “carne crescida”.
“A lesão é pré-neoplásica, mas a minoria das pessoas que a possuem tem quadro que evolui para câncer oftalmo. Mas de toda forma, é uma doença que precisa de um acompanhamento de oftalmologista pra ressecção cirúrgica, uma raspagem da córnea, de modo a tirar o excesso desse epitélio conjuntival”, explicou o médico clínico geral Mateus de Oliveira Lopes, que atendeu a família durante o projeto social Ação do Bem, na Área Especial de Interesse Social João de Barro.
Os três vivem em uma casa cedida, de dois cômodos, situada no bairro Murilo Teixeira Cidade, zona Oeste de Boa Vista. Isso enquanto a família não construir uma residência no terreno de 12×35 metros, comprado por R$ 20 mil em dezembro de 2021, no João de Barro. Cinco mil reais foram entregues como entrada e o restante foi parcelado em 50 vezes de R$ 300.
O pagamento de algumas parcelas chegou a atrasar e dona Raimunda precisou se virar: vendeu um freezer e colocou as contas em dia. “Quero fazer minha casinha, mas não tenho dinheiro”, diz ela, que agora pede ajuda até para comprar alimentos. “Está tudo muito caro”, afirma. A família disponibiliza o contato (95) 99172-5402 para oferta de qualquer tipo de ajuda.
*Por Lucas Luckezie