Nesta quarta-feira, dia 1º, Marizete de Souza, da etnia Macuxi, tomou posse na Coordenação Regional da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), na sede da instituição em Boa Vista, momento celebrado como um marco histórico para os povos indígenas de Roraima. A portaria que nomeou a nova coordenadora foi publicada no último dia 23 de fevereiro, pelo Ministério dos Povos Indígenas.
A Folha entrou em contato com Marizete para saber quais são os objetivos, metas e prioridades no período em que estiver à frente da Coordenação Regional. Ela explicou que ocupara Funai será a retomada da política indígena e indigenista.
“Defender os direitos indígenas e fazer com que, de fato e de direito, essa missão do órgão indigenista, de defender os direitos indígenas e nunca se omitir, seja realizada, porque esse tempo todo, o movimento indígena sempre lutou para que tivesse um representante indígena ocupando o espaço e, hoje, chegou esse momento histórico para o movimento indígena”, destacou Marizete.
A nova coordenadora ressaltou que está consciente de que será uma missão fácil, mas conta com o apoio do movimento indígena, das organizações indígenas, servidores da Funai, instituições federais, entidades sociais e todos os que defendem os direitos indígenas. “Conseguiremos atuar e realizar um trabalho coletivo, transparente e comprometido. Essa é nossa missão”, acrescentou a indígena macuxi.
Marizete reformou que o foco é representar, ser a voz dos povos indígenas. “Então, é aqui que temos que temos que dizer ‘sim’ e ‘não’. Um dos nossos objetivos de trabalho, a partir de então, é reorganizar a casa [Funai], juntamente com os servidores, fazer o plano de trabalho porque hoje estamos vivendo uma situação muito séria que é a crise Yanomami”, explicou.
A coordenadora regional disse que, infelizmente, os problemas relacionados aos povos Yanomami foram evidenciados pela população brasileira. “A gente sabe que quem estava à frente, muitas vezes, não assumiu esse compromisso de responsabilidade pela vida dos povos Yanomami, então essa será nossa prioridade, para poder acompanhar, de fato, e fazer valer o direito dos povos indígenas, para fortalecer todas as comunidades, o desenvolvimento das comunidades que sempre estão buscando melhorias, alternativas sustentáveis para que tenham uma boa geração de renda”, frisou.
Dentre outras demandas, Marizete pontuou que a coordenação regional irá defender os direitos territoriais, diante do alto número de reivindicações sobre invasões, pedidos de ampliação de terra, pedido de vigilância e controle territorial. “Nós temos muito trabalho daqui para frente para acompanhar de perto essa situação e, também levar essas reivindicações do movimento indígena. Esse é o nosso papel enquanto Coordenação Regional da Funai”, concluiu.
Marizete tem um histórico de ser ativista pelos direitos dos povos indígenas, já coordenou o grupo de mulheres indígenas, foi secretária e coordenadora do Conselho Indígena de Roraima (CIR), foi aprovada em 1º lugar no vestibular da Universidade Federal de Roraima (UFRR) para o curso de Gestão Territorial Indígena e participou, efetivamente, das discussões sobre a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol.