Cotidiano

Distribuidores alertam para golpe em materiais de construção

Golpistas se passam por revendedores, oferecem o produto no valor abaixo do mercado, recebem o pagamento e pedem às distribuidoras para fazerem a entrega; no local, ninguém sabe para onde foi o dinheiro

Golpes acontecem a todo momento e agora com a facilidade da internet e mídias digitais, estão mais frequentes. Um dos mais recorrentes no período de um ano, é o golpe dos materiais de construção à “preço de banana”. Os distribuidores de cimento de Boa Vista procuram a FolhaBV para alertar a artimanha que tem sido aplicada na cidade.

De acordo com os gerentes, os golpistas anunciam o produto nas redes sociais ou entram em contato pelo WhatsApp oferecendo o cimento com um preço muito abaixo do mercado atual, que está na casa dos R$ 60. Quando o cliente pede comprovações do produto, eles enviam fotos das distribuidoras de Boa Vista e indicam o local para verificar. 

“Ele [o golpista] entra em contato com a gente: ‘olha, eu quero um cimento. Qual o local de vocês que eu estou indo aí?’ A gente manda a localização e ele manda a pessoa que está ludibriando vir aqui. O cliente chega, olha e vai embora. Outro dia abordei um homem e ele explicou que veio olhar o cimento que o Ismael [um dos nomes usados para o ato] estava vendendo. Disse que não o conhecia e perguntei por quanto o golpista estava querendo vender o cimento, era o valor de R$ 38 um saco. Eu disse: ‘senhor, eles estão usando o nosso nome para aplicar o golpe. Se o senhor pagar para ele, o senhor nunca vai ver esse cimento’”, relatou uma gerente.

Segundo ela e os demais representantes, quando os clientes não percebem o golpe, acabam aceitando a condição de pagar adiantado por meio do PIX. Assim, os estelionatários entram em contato com as distribuidoras, fazem o pedido como se fosse o cliente para entrega nos endereços daqueles compradores e avisam que vão pagar no recebimento das sacas de cimento.

“Já aconteceu, com alguns outros revendedores, de chegar no momento da entrega do produto, a pessoa que fez o contato com o golpista, acreditar nele porque pediu vinte sacos de cimento e está chegando vinte sacos de cimento. Então, faz o PIX para o golpista. Aí quando o entregador pede para fazer o pagamento, diz que já pagou, mas, na verdade, nunca chegou para a gente”, disse a mulher.

A gerente contou também que o golpe tem sido constante em todas as distribuidoras de cimento, independente da marca, assim como também acontece com materiais de telhas, tijolos, barro, areia e outros materiais de construção. Os locais já têm procurado formas de conter o aumento de golpes aos clientes e de se resguardar contra os estelionatários.

De acordo com eles, a quantidade exorbitante de sacos de cimento, o DDD que não é de Roraima e o pedido de foto dos cimentos são sinais do golpe às distribuidoras. Aos clientes, os sinais são o valor da mercadoria muito abaixo do vendido hoje em dia, o DDD e as formas de pagamento.

“Primeiro eles estavam utilizando o modo: entrega e pagamento no local. Depois, PIX na hora da negociação, a gente começou a bloquear. Aí eles mudaram para pagamento em espécie no local, porque para PIX teria que ter a chave antes de confirmar. Descobrimos e não usamos mais. Agora foi pagamento na retirada do local, que descobrimos também e paramos. Tudo isso porque, na verdade, o foco deles nem somos nós, é o cliente, e usam o nosso estabelecimento para dar certeza de que o cliente vai receber o produto”, explicou a gerente.

Como alerta, os distribuidores de cimento informaram o acontecido aos funcionários, à lista dos clientes e revendedores autorizados, além de divulgar nas redes sociais. Com a frequência dos casos, alertaram o veículo de comunicação para que a população se atente ao golpe.

Em outro estado
No Mato Grosso do Sul, pelo menos, três pessoas caíram no golpe do cimento em três municípios diferentes. Todos eles perderam mais de mil reais com a compra entre 50 a 100 sacas do material pelos preços de R$ 23 e R$30. 

O modus operandi também foi o mesmo. As vítimas alegaram ter visto o anúncio na rede social, fizeram o pedido e realizaram o pagamento. Quando o caminhão chegou, cobraram a quantia que havia sido feita ao golpista.