A possível troca de titular na Secretaria de Educação e Desporto (Seed) anunciada na Parabólica, despertou preocupação em indígenas do povo Yanomami. O vice-presidente da Associação Texoli, Eliseu Xirixana Yanomami, procurou a Folha para se manifestar contra a mudança na pasta. A organização representa nove comunidades e cerca de 2 mil pessoas.
Líder e também professor indígena, Eliseu afirma que as nove escolas do território Yanomami estiveram abandonadas ao longo dos últimos cinco anos, e as lideranças nunca foram recebidas na gestão anterior. Já a atual gestão, ele diz que após reunião em fevereiro, foram encaminhados materiais, merenda e geladeiras às escolas da região.
“Não dava certo, [a gestão anterior] não atendia a gente, não ouvia a gente. Isso não é bom para nós. […] A minha preocupação é que se assumir, nós vamos ser abandonados de novo. Quem vai estar sofrendo de novo é o povo Yanomami, que merece educação no seu território”, salientou o professor.
A coluna Parabólica apurou que o atual secretário Nonato Mesquita e o governador Antonio Denarium, tiveram uma conversa tensa na noite da quinta-feira (9). Acompanhado do presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), o secretário recebeu a informação de que deixaria o cargo para dar lugar à cunhada do governador, Leila Perussolo.
Como o comunicado não foi bem aceito pela classe política de apoio ao governador, inclusive com anúncios de oposição na Assembleia, há agora um impasse quanto ao futuro da gestão da Seed. Pessoas próximas a Denarium afirmam que ele vai recuar a decisão, enquanto outras garantem que ele já teria batido o martelo.
As escolas do território Yanomami estão localizadas, segundo Eliseu, nas regiões do Apiaú, Baixo Mucajaí, Alto Mucajaí, Uxiú, Palimiú, Ericó, Putú e Halikataú. O líder destaca que a atual gestão da Seed planeja instalar a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ele teme que o plano não seja cumprido caso ocorra a troca. O indígena atua há 12 anos como professor.
“Queremos melhoria, queremos educação. O território Yanomami quer também o seu filho se formando advogado, enfermeira, motorista. Igual todo mundo aqui no lavrado tem”, disse Eliseu.
A reportagem procurou o governo do estado para comentar a questão, mas nenhuma resposta foi enviada até a publicação. O espaço segue aberto.