Cotidiano

Pragas são o desafio para a agricultura

A mosca da carambola e outras pragas fazem com que Roraima tenha restrições para exportar frutos para outros estados e fora do país

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou recentemente que adotará várias ações de monitoramento das principais pragas que atingem as lavouras brasileiras. Em Roraima, a Superintendência Federal de Agricultura (SFA/RR) ainda tem como desafio lidar com a ameaça da mosca da carambola (Bactrocera carambolae), inseto que causa perdas na produção de frutos como a carambola, goiaba, manga, laranja, caju, jaca, acerola, tomate e pimenta. Os frutos afetados podem ter a polpa totalmente destruída, tornando-os imprestáveis para o consumo e causando consequente aumento do custo de produção, além da proibição da exportação de frutas, o que significa desemprego ou não contratação de mão de obra.

O chefe do setor do Serviço de Inspeção, Fiscalização e Defesa Sanitária da SFA/RR, Germano Drews, afirmou que a mosca da carambola é um tema de interesse nacional e o principal problema de praga que atinge o Estado. “Também temos outras pragas. Mas a gente está fazendo o possível para conter a mosca aqui e no Amapá, devido às zonas de fronteiras com as Guianas, onde ela já é endêmica. Apesar de estar restrita no Estado, há sempre o grande risco de que se espalhe para o Brasil”, disse.

Devido ao problema com a mosca, não é possível exportar nenhuma das espécies hospedeiras do inseto. Por isso, quando um destes frutos chega à barreira do Jundiá, no Sul do Estado em direção ao Estado do Amazonas, sua passagem é bloqueada. “A ideia é justamente não espalhar a praga. A movimentação dentro do próprio Estado também destes produtos não é possível, pois existe uma portaria do Mapa sobre a mosca da carambola que institui Roraima como área de emergência fitossanitária”, declarou.

“A manga, por exemplo, é uma dessas frutas que alguns produtores vez por outra insistem em transportar aqui. Mas, por sorte, estamos conseguindo conter a mosca com sucesso no Estado”, complementou. Hoje, por estarem em regiões fronteiriças com a República da Guiana, municípios como Bonfim, Normandia e Pacaraima estão em áreas de risco.

Outras pragas também causam preocupação

O chefe do setor do Serviço de Inspeção, Fiscalização e Defesa Sanitária da SFA/RR, Germano Drews, afirmou que existem outras pragas vegetais encontradas na região além da mosca da carambola, como a bactéria do cancro cítrico (Xanthomonas axonopodis) e os ácaros vermelho (Tetranychus evansi) e hindustânico-dos-cítricos (Schizotetranychus hindustanicus), que também entraram através das fronteiras no Estado. Estas já estão bastante dispersas em muitos países do continente e outros estados brasileiros.

“A gente precisa pensar praga por praga, pois cada situação é distinta. Sobre os cítricos, todo produto que sai do Estado para o Amazonas, como o limão produzido no Sul do Estado, deve sair com um certificado fitossanitário de origem. Essa certificação é dada no local da produção e o produto sofre um processo de tratamento por máquinas”, explicou. O produto na lista de risco é parado na barreira do Jundiá, no Município de Rorainópolis, que faz divisa com o Amazonas, no Sul do Estado, e só parte em direção a Manaus (AM) com o certificado. Ali, é emitida a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV) para cada carregamento de produtos.

Os itens que podem ser atingidos pela mosca da carambola não podem ser exportados em nenhuma hipótese, pois ainda não existe um controle do Estado sobre a praga. “São necessários três ciclos livres da mosca sem que se encontre o inseto nos produtos. Só aí é possível começar a se pensar numa área livre, em que o trânsito e o comércio possam a ser facilitados. Esse é um processo que não é feito apenas pelo Mapa, mas principalmente pelas entidades estaduais. A entidade apóia essas ações de combate através de convênios, recursos, consultas e assessorias, que podem levar a resultados positivos”, frisou Drews.

CONVÊNIO – Atualmente o órgão possui vários convênios para a contenção de pragas, a maioria em conjunto com a Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr). “Os convênios acontecem em todos os estados. Estamos concluindo um projeto de convênio de defesa agropecuária com a Aderr, que deve ficar pronto até a semana que vem. É uma proposta, ainda não sabemos se vai sair por questões de recursos em Brasília, mas há uma grande pré-disposição do Ministério para que todos estes convênios saiam”, destacou. Os convênios abrangem os setores da agricultura e da pecuária do Estado.