Cotidiano

Inverno nem acabou, mas Defesa Civil já discute ações de combate à estiagem

Com previsões de uma estiagem rigorosa, entidades traçam metas para combater os efeitos da estiagem no próximo ano

A Defesa Civil Estadual promoveu, na manhã de ontem, no auditório do Corpo de Bombeiros, no bairro Pricumã, zona Oeste, a primeira de uma série de reuniões com representantes das prefeituras dos municípios do Estado para debater estratégias para o verão de 2016. A preocupação antecipada, já que o inverno sequer acabou, é porque as chuvas deste ano foram fracas e insuficientes para recuperar os efeitos da forte estiagem do verão passado.

Conforme o secretário executivo da Defesa Civil do Estado, Cleudiomar Ferreira, a atividade teve como finalidade discutir a padronização de ações que serão implantadas em situações emergenciais em desastres naturais. “A maneira como se deu a estiagem deste ano, que foi a pior desde 1998, as chuvas que ficaram abaixo do esperado e o resultado das últimas pesquisas meteorológicas sobre o comportamento do El Niño nos levam a concluir que teremos um ano de 2016 ainda mais severo no que diz respeito ao clima seco. Essa é uma preocupação da Defesa Civil que, diante de todos esses prognósticos, decidiu dar o pontapé inicial para elaborar as ações para o ano que vem. Serão ações diretas justamente para minimizar os efeitos da estiagem e dar maior presteza nos serviços à população”, destacou.  

A reunião contou ainda coma participação de representantes da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Secretaria de Articulação Municipal e Política Urbana (Seam) e do Sistema de Proteção da Amazônia do Brasil (Sipam). O plano de ação do próximo ano prevê o fortalecimento das atividades de combate a incêndios florestais, tais como a formação de produtores rurais como agentes brigadistas e capacitação dos técnicos da Defesa Civil nos municípios. A previsão é que os trabalhos iniciem no dia 14 deste mês.   

“Vamos treinar e capacitar todos os técnicos de Defesa Civil nos municípios, para que eles não só aprendam a confeccionar as suas documentações, mas também a gerenciar o Sistema Integrado de Informações de Desastres. Nós tivemos muitas dificuldades este ano em algumas informações extremamente necessárias e que o município demorou muito para repassar. Então, nós vamos capacitá-los para que esses agentes saibam manusear essa ferramenta”, frisou.

Outro ponto debatido durante o encontro diz respeito à ampliação do monitoramento meteorológico e do número de coordenadorias do órgão no Estado. De acordo com o secretário da Defesa Civil, dos 15 municípios roraimenses, sete possuem coordenadorias municipais (Amajari, Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Mucajaí e Normandia) e apenas dois (Boa Vista e Caracaraí) estão cadastrados no site do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

“Mesmo que os prefeitos já tenham criado as suas coordenadorias por lei, é necessário que eles efetivem as suas ações e coloquem o pessoal em campo para tomar essas primeiras iniciativas. E aqueles municípios que ainda não criaram a suas coordenadorias precisam criá-las o mais rápido possível. Nós temos apenas sete coordenadorias”, salientou.

Presente na reunião, o chefe da Divisão Meteorológica do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Ricardo Dallarosa, afirmou que as previsões para o próximo ano não são nada animadoras. Segundo ele, a incidência de chuvas na região Amazônica sofrerá nova interferência do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico que, em choque com outras frentes climáticas, provoca a diminuição de nuvens.     

“Esse fenômeno ocorre aproximadamente a cada quatro anos e quase sempre provoca os mesmos efeitos, que são muita chuva em determinadas regiões e muita seca em outras. Aqui, em Roraima, por exemplo, a previsão nesse período é de chuvas abaixo de 100 milímetros e, em meses posteriores, esse quantitativo cai para 50. Então, é necessário muito cuidado, pois com menos umidade no ar, terá possibilidades de queimadas mais efetivas e isso interfere no meio ambiente e na saúde das pessoas”, pontuou.

Para o secretário de Meio Ambiente e coordenador da Defesa Civil do Município de Bonfim, Romualdo Feitosa, a integração das ações das coordenadorias reforça a preocupação dos gestores em oferecer socorro imediato à população.  “Essa parceria da Defesa Civil do Estado com as coordenadorias dos municípios é muito importante. Com esses cursos, fica mais fácil qualificar os nossos profissionais e assim atender com eficiência a população, principalmente o produtor rural, que é o público que mais sofre nessas ocasiões”, afirmou. (M.L)