Política

Garimpo reduziu 80% na Terra Yanomami após operações, diz procurador

Alisson Marugal, procurador do MPF-RR, também culpou a omissão do governo federal e Funai pela crise na reserva. Audiências públicas da Comissão Temporária do Senado criada para acompanhar a crise dos Yanomami, seguem nesta quinta-feira (16).

O garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami reduziu ao menos 80% após a intensificação das operações de combate à atividade. A informação é do procurador da República em Roraima, Alisson Madrugal, e foi compartilhada na primeira audiência pública da Comissão Temporária do Senado criada para acompanhar a crise dos Yanomami.

Marugal também relacionou diretamente a omissão do governo federal e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), entre 2017 e 2022, à tragédia humanitária. A partir de 2019, o Ministério Público Federal conseguiu na Justiça estadual e federal, decisões que obrigavam a União a adotar ações para combater o garimpo. Porém, o que passou a ocorrer foram ações esparsas, pouco efetivas e insuficientes para expulsão dos garimpeiros.

A forte disseminação do garimpo ilegal e a entrada desenfreada de facções criminosas, levou à tragédia humanitária, salientou o procurador. A ausência de ações nos anos de 2021 e 2022, resultou na morte de centenas de crianças, jovens e adultos Yanomami por desnutrição. Segundo ele, houve um aumento de 150% na remoção de crianças para unidades de saúde em Boa Vista porque problemas simples, como uma verminose, evoluíram para quadros mais graves, o que resultou em casos de subnutrição e mortes registrados no início do ano.

O diretor do Instituto Socio-Ambiental, Márcio Santilli, também mostrou preocupação nesse sentido, e falou sobre a escalada da malária junto com atividade garimpeira nos últimos anos. Para ele, a omissão do governo, especialmente a partir de 2021, foi determinante para a tragédia humanitária, que levou à disseminação de doenças e fome entre os indígenas. Santilli salientou que o descaso com os ianomâmi tornou-se mais grave a partir de 2017.

Depois da audiência, os senadores aprovaram ainda um requerimento para que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, compareça à comissão para falar sobre a situação atual dos Yanomami. Nesta quinta-feira (16), a Comissão continua com as audiências públicas. Serão ouvidos representantes das populações indígenas e também da Polícia Federal.

Com informações da Agência Senado e Agência Brasil.