Polícia

Professor detido com família nega envolvimento e denuncia abuso de PMs

Mãe e filhos foram detidos por suspeita de tráfico de drogas na madrugada desta quarta (22), no Santa Tereza

Um dos filhos detidos com a mãe na madrugada desta quarta-feira (22) por suspeita de tráfico de drogas relatou que a família não estaria envolvida com o que foi encontrado na abordagem e que os policiais militares teriam cometido abuso de autoridade. 

Em entrevista à Folha, o professor Luciano Carvalho, de 34 anos, relata que a abordagem policial no bairro é comum, por isso todos estavam tranquilos. No entanto, segundo ele, pelo “excesso de violência” com que a guarnição teria entrado na residência deles, decidiu filmar a situação. 

“Meu pai ia chegando em casa e minha mãe foi abrir o portão junto com meu irmão. Nesse momento, eles estavam fazendo abordagem das pessoas em frente de casa quando agrediram o meu pai, um senhor de 56 anos que não oferece perigo algum à sociedade. Ele estava bêbado, porém ele não é uma pessoa violenta. Eles [os policiais] chamaram meu irmão que entrou para apagar o fogo porque estava fritando um ovo. Minha mãe estava assistindo TV e eu estava dormindo. Quando eu vi o grito da minha mãe, eu saí correndo. E aí eu como já estou acostumado com esse tipo de abordagem no meu bairro, com excesso e abuso. Eu decidi filmar”, iniciou Carvalho.

De acordo com a Polícia Militar de Roraima (PMRR), a equipe foi acionada após denúncia anônima informando que o local era ponto de venda de drogas e que os suspeitos arrombavam casas próximas para realizar furtos. Os policiais teriam ido até o local indicado e viram um grupo suspeito. Ao notarem a presença da guarnição, parte dos suspeitos teria fugido. Nada de ilícito foi encontrado e foram abordar a casa da família.


Luciano é professor da rede básica de ensino. (Foto: Adriele Lima/FolhaBV)

Na residência, foi relatado que os homens correram para dentro da casa com o portão aberto e xingaram a guarnição policial. No entanto, Carvalho, detalha que não teria sido assim, já que teriam mandado se afastar, apontaram a arma na cabeça dele e, por várias vezes, ameaçaram atirar.

“Eu falei: ‘vocês podem atirar’ e em nenhum momento eu xinguei, sendo que eu não falo palavrão. Alegaram que minha mãe agrediu e que tinha uma policial feminina que foi agredida e machucada no ombro, e foi parar no pronto socorro sendo que não havia nenhuma policial feminina. Eles criaram todo esse enredo. Levaram primeiro irmão sem motivo algum, algemaram e enforcaram ele. Depois, por eu filmar, eles pegaram meu celular. Eu não resisti à abordagem, mas eles abusaram, me enforcaram, minha calça está rasgada, estou cheio de hematomas no pescoço, minha garganta inchou e, [depois] de tudo isso, dessa violência policial, eles me colocaram em outra viatura e levaram a gente para a delegacia”, afirmou Carvalho.

Carvalho relata que a mãe deles não teria sido conduzida à Delegacia, mas teria ido como acompanhante deles com transporte por aplicativo.

“Fomos colocados [ele e o irmão] no mesmo camburão, passamos uma hora lá e acredito que estavam criando todo esse enredo. Minha mãe, até então, não tinha motivo, crime, como eles falaram, e foi para lá de aplicativo para tentar um advogado para a gente e auxílio dela. Chegando lá, eles registraram a minha mãe como agressora e colocaram ela nesse enredo de tráfico de drogas”.

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Além dos arranhões, Luciano teria tido a calça rasgada na abordagem. (Foto: Adriele Lima/FolhaBV)