Saúde e Bem-estar

Jovem acidentado não consegue atendimento na Policlínica Cosme e Silva

Mãe e filho foram duas vezes à Policlínica Cosme e Silva e as duas vezes descobriram que não poderiam ser atendidos porque, segundo funcionários, o serviço para pacientes com traumas não está disponível na unidade de saúde.

Um jovem de 21 anos que sofreu um acidente de trânsito e lesionou a clavícula viveu o transtorno de não receber assistência médica na Policlínica Cosme e Silva, no bairro Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista. Ele e sua mãe foram duas vezes à unidade de saúde, na manhã e na noite da quarta-feira, dia 22, e nas duas ocasiões descobriram que o serviço de sutura ou higienização do ferimento não estava disponível.

A mãe relatou que o filho sofreu um acidente pela manhã, enquanto se deslocava para o trabalho. “Ele foi fechado por um carro e já estava se curando da clavícula quebrada, mas, com a queda, voltou a lesionar o mesmo lugar. Fomos ao Cosme e Silva por volta das 9h e, quando chegamos, um funcionário disse que não faziam higienização e se precisasse dar ponto, também não fariam, mas eu não sabia que a Policlínica não fazia esse tipo de atendimento, ninguém nunca me disse nada, porque se eu soubesse, não teria ido por lá duas vezes no mesmo dia”, ressaltou.

Sem opção, mãe e filho tiveram que procurar o serviço do Hospital Geral de Roraima (HGR), muito longe de onde moram, no entanto, o atendimento foi realizado e o rapaz retornou para casa. “Como não parava de sangrar e a gente achava que algum vaso teria se rompido, procuramos a policlínica também à noite, mas fomos informados novamente que não faziam limpeza no ferimento, por isso tivemos que ir ao HGR à noite também”, enfatizou.


A denunciante disse que, no passado, o atendimento a vítimas de traumas era realizado na Policlínica. (Foto: Nilzete Franco)

A família concluiu que feridos ou lesionados por acidentes de trânsito, domésticos ou de trabalho e que vivem naquela região da cidade, estão desassistidos dos serviços de atendimentos resultantes de traumas. “Mas eu lembro que no passado tinha esse tipo de atendimento. Não sei o que aconteceu. O que restou foi o sentimento de frustração por buscar o atendimento de saúde e não ter. Uma limpeza, uma higienização não tem”, pontuou.

Por fim, a denunciante cobrou clareza a respeito dos serviços que a Policlínica oferta à população. “Pelo jeito só fazem consulta. Em caso de urgência e emergência, o paciente morre porque vai perder muito sangue e não vai dar tempo de chegar ao HGR”, desabafou.  

A Folha entrou em contato com o governo para que se manifeste sobre os questionamentos e apontamentos feitos pela família. Em nota, a Direção do Pronto Atendimento Cosme e Silva esclareceu que é uma unidade de média complexidade que realiza atendimentos de demanda livre, ou seja, paciente não precisa de encaminhamento da unidade básica de saúde.

Informou também que a unidade é composta por uma equipe multiprofissional e que atualmente está passando por adequações nas rotinas de atendimento. “O Cosme e Silva salienta que adota o protocolo de Classificação de Risco, onde a equipe de atendimento da unidade faz a identificação do grau de prioridade que o momento exige e o tempo de duração da especialidade requerida para a avaliação médica”, disse a nota.

Sobre o caso em questão, a Direção da Unidade de Saúde declarou que foi identificada a necessidade de realização de sutura, sendo o paciente encaminhado para atendimento no Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento, tendo a equipe de atendimento do Cosme e Silva realizado as devidas orientações.