Auditores fiscais do Trabalho resgataram 29 homens em trabalho análogo à escravidão, em uma fazenda de grande porte situada no Município de Amajari, no Norte de Roraima. Durante a fiscalização, eles encontraram armas e munições, em poder do gerente, e os objetos foram apreendidos pela Polícia Federal.
Nesta sexta-feira (24), a Superintendência Regional do Trabalho em Roraima concluiu o processo de reparação de direitos e o fazendeiro terá que pagar R$ 330 mil em verbas salariais e rescisórias, além de danos morais a cada homem resgatado.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os trabalhadores não tinha registro formal e atuavam sem condições de saúde e segurança. Eles estavam alojados em instalações inadequadas, como barracões de lona, galpões sem fechamento lateral e até em um curral.
Um grupo de trabalhadores foi encontrado atuando na construção de pontes e abertura de estradas vicinais, enquanto outro exercia trabalho de pecuária bovina.
O grupo que trabalhava nas vicinais pernoitava na fazenda. Uma parte deles estava alojada no curral, espaço totalmente impróprio para habitação humana, por estar cercado por fezes de animais que estavam no local no momento da inspeção, como porcos, galinhas e cavalos.
Um outro grupo dormia em galpões, em meio a ferramentas, máquinas, produtos químicos e materiais de construção. Estes galpões não tinham paredes e proteção contra vento, chuva e ataque de animais.
Não havia acesso a instalações sanitárias onde os trabalhadores ficavam e eles faziam suas refeições no local de trabalho, no chão, sem assentos ou abrigo.
Na construção de uma ponte em área vizinha à fazenda, funcionários do mesmo empregador foram identificados em um alojamento do tipo barracão de lona, sem paredes. A instalação sanitária do local era constituída por uma outra pequena barraca de lona.
Em uma fazenda vizinha, do mesmo proprietário, a inspeção encontrou mais trabalhadores em situação degradante. Eles realizavam atividade de cuidado com o gado e construção de cercas, também residindo em galpão sem paredes inteiriças ou fechamento lateral e sem instalações sanitárias adequadas.
No alojamento, também se armazenava ferramentas e produtos químicos, e carnes em mau estado de conservação, depositadas ao ar livre. O MTE também identificou o armazenamento de agrotóxicos nocivos à saúde em local com comunicação direta de ventilação com os dormitórios, número de instalações sanitárias insuficientes e trabalhadores sem calçados de segurança e equipamentos de proteção pessoal contra o sol.