Com o dia do fechamento do espaço aéreo da Terra Yanomami cada vez mais próximo, o Movimento Garimpo é Legal (MGL) tem reforçado o pedido para que garimpeiros, que ainda permanecem na região, saiam até o dia 5 de abril.
Anteriormente previsto para 6 de maio, o fechamento foi antecipado pelo governo federal para 6 de abril. À época do anúncio, o ministro da Defesa José Múcio Monteiro Filho, disse que a medida “é importante para desincentivar e desestimular” o garimpo ilegal no território indígena.
Helicópteros e aviões de pequeno porte são os principais meios usados na logística e transporte de pessoas para a região de garimpo. Antes da operação para expulsar os garimpeiros, eram registrados entre 30 e 40 voos diários na região.
Segundo Jailson Mesquita, coordenador de articulação política do MGL, o grupo tem feito contato via grupos de Whatsapp com aqueles que ainda estão no território. Eles acreditam que sejam ao menos mil mineradores ilegais.
“Há muitas desinformações. Pessoas maldosas dizem que a operação já vai acabar e que as forças federais vão embora. Isso é grave, pois quem estiver lá depois do dia 5, corre risco de vida nisso”, afirmou Mesquita.
O espaço aéreo está aberto desde 6 de fevereiro para permitir “a saída coordenada e espontânea das pessoas não indígenas das áreas de garimpo ilegal por meio aéreo”, segundo nota do Comando Operacional Conjunto, da Força Aérea.
Em vídeos compartilhados nas redes sociais desde o início da operação, garimpeiros relatam caminhadas de 30 dias e barcos lotados para deixar a região. Donos de aeronaves também triplicaram o valor por pessoa.
Jailson afirma que o poder público não tem ações para apoiar a saída voluntária e há um “silêncio covarde de todos”. O MGL, conforme Mesquita, ajudou a resgatar 20 pessoas que saíram a pé de dentro da reserva. Outros seis foram ajudados a retornar para o estado do Pará e sete estão em um abrigo montado pelo movimento.
“Nós estamos pedindo doações e resolvendo nossos problemas sem ajuda do poder publico”, disse.
Terra Yanomami
Maior reserva indígena do país, a Terra Yanomami possui cerca de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Roraima e Amazonas. São ao menos 371 comunidades e cerca de 30 mil indígenas. A exploração ilegal de minérios na região é apontada como um dos principais fatores da crise sanitária e humanitária que assola o território.