Começar um empreendimento nem sempre é fácil, é necessário coragem para encarar os medos e enfrentar os desafios que, muitas vezes, podem ser paralisantes. Apesar das limitações enfrentadas pelas mulheres que decidem entrar nesse mercado, a participação feminina cresceu 30% entre os anos de 2021 e 2022, mas ainda enfrenta desafios.
A jornada no empreendedorismo de Apoliana Castro, de 28 anos, começou em Pacaraima, cidade natural da roraimense, que decidida a recorrer à melhores condições de vida, veio para Boa Vista concluir os estudos e passou a trabalhar com limpezas particulares e como recepcionista até o período de pandemia.
Com a demissão após nove anos, viu a necessidade de iniciar uma nova fonte de renda e com a ajuda do marido Tcharlyson Freitas e a sogra, realizou as primeiras encomendas de semijoias para revenda.
“Vivi um momento depressivo e me sentia inútil apesar de cuidar da casa, dos filhos e do marido. Após pedir um direcionamento de Deus, a visão do negócio veio através de um sonho e corri atrás da realização. Foram momentos de guerra, mas tive uma rede de apoio essencial e muitas noites de orações”, declarou.
Atualmente, o empreendimento ‘Divino Jóias’ funciona de forma on-line, na sala da própria residência. No local, Apoliana administra as redes sociais do negócio, cuida dos três filhos, mas ressalta que não deixa de tirar um tempo para a especialização na área.
“É um desafio ser mãe, dona de casa, mulher e acadêmica de administração. Mas hoje sou muito grata pela oportunidade que tenho. Loja on-line enfrenta mais dificuldades para vender, demanda uma dedicação em fazer com que a cliente leve a peça. Realizo Live Commerce e busco estar sempre inovando”, conta.
Para Apoliana seu negócio vai além das vendas, e é capaz de levar autoestima para as mulheres, com peças cuidadosamente selecionadas e de qualidade. “Não são somente as vestes que nos deixam empoderadas, mas os acessórios são capazes de nos deixar mais empoderadas. Esse é meu propósito, levar autoestima e confiança para as mulheres de Boa Vista”, ressalta a empreendedora.
A proprietária completa que os planos para o futuro são expandir o negócio para uma loja física, e poder levar o projeto ‘ Mulher de Negócios’ através de uma roda de conversa para quem está iniciando no empreendimento na capital, levando inspiração e confiança.
Segundo a coordenadora Nacional de Empreendedorismo Feminino do Sebrae, Renata Malheiros, tradicionalmente o número de microempreendedores individuais ou mulheres que empreendem por conta própria é grande porque as mulheres são sobrecarregadas com relação aos cuidados com a família e os trabalhos domésticos.
O levantamento aponta ainda que ao longo de quatro trimestres consecutivos a proporção de mulheres que geram pelo menos um emprego aumentou de forma expressiva, enquanto o percentual de homens empregadores cresceu apenas 8%.
O Brasil tem 1,3 milhão de mulheres empregadoras em um universo de 10,3 milhões de donas de negócios, segundo a pesquisa.
“O crescimento do número de mulheres empregadoras traduz a força do empreendedorismo feminino. A gente vem de um contexto de crise econômica, e precisamos dizer que, sim, estamos avançando, que é importante que se empregue mais funcionários, porque isso gera mais rendimento para as pessoas, porém, ainda existem obstáculos importantes para as mulheres empreendedoras. Então aqui a gente precisa falar de divisão de tarefas, precisa falar de creches, para que as mulheres possam de fato se dedicar com todo o seu potencial aos negócios”, ressalta Renata .
Mulheres em posição de liderança
Ter mulheres na liderança é um dos principais desafios da atualidade e as empresas ainda têm um longo caminho a percorrer. Embora representem cerca de metade da população, as mulheres ocupam apenas 37,4% dos cargos corporativos de liderança. Os dados são da pesquisa “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada pelo IBGE.
“É importante ter mulheres em cargos de liderança para a gente trazer igualdade no meio que a gente está envolvido, que todo mundo pode ocupar cargos da mesma forma, independente de gênero. Trazer o equilíbrio da sensibilidade e do olhar ecossistêmico da mulher. Porque o homem é muito mais racional e a mulher tem essa coisa mais do sistema de entender, envolver. Então esse equilíbrio é muito importante”, explica a economista Deise Nicoletto.