Um estudo da Fundação do Câncer, divulgado neste ano, revela que todas as capitais e regiões do Brasil estão com a vacinação contra o HPV (Papilomavírus humano) abaixo da meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Por baixa adesão entre 2017 e 2021, a região Norte apresentou as maiores taxas de incidência da doença (20,5 por 100 mil mulheres) e mortalidade (9,6 por 100 mil mulheres) por câncer do colo do útero entre as regiões brasileiras.
Em Roraima, no ano passado, cerca de 19.422 doses foram aplicadas, conforme a Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde. O imunizante é aplicado em adolescentes de 9 a 14 anos, pessoas de 09 a 26 anos vivendo com HIV/Aids e transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos.
A aplicação da vacina é realizada em esquema de 3 doses, sendo a D1 e D2 com intervalo de dois meses, a D3 com intervalo de seis meses após a D1, tanto em meninas quanto em meninos. A vacinação ocorre como prevenção à infecção pelo HPV, doença sexualmente transmissível, e que não apresenta sintomas na maioria das pessoas.
Segundo o Ministério da Saúde, em alguns casos, o HPV pode ficar sem manifestar sinais visíveis a olho nu por meses ou anos. Somente com a diminuição da resistência do organismo, imunidade baixa, pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções em mulheres (sobretudo em adolescentes) tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de até 24 meses.
Câncer de colo de útero
No caso das mulheres, o HPV vira o câncer de colo do útero, que é a terceira neoplasia maligna mais comum entre as mulheres brasileiras, de acordo com informações do Instituto Oncoguia, ONG e portal informativo voltado para a qualidade de vida do paciente com câncer.
No estado, 45 mulheres foram encaminhadas para tratamento da doença ano passado, de acordo com dados da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia de Roraima. Outras 879 mulheres fizeram o exame preventivo de colo de útero, conhecido como Papanicolau, e 1.975 acompanhamentos de Patologia do Trato Genital Inferior, que trata de lesões de alto grau que podem se transformar em câncer, foram realizados pelo Centro de Referência de Saúde da Mulher Maria Luiza Castro Perin
Conforme a ginecologista Gleiriane Ribeiro, o Papanicolau é a melhor forma de prevenção do câncer e da identificação de lesões.
“É um exame de extrema importância porque é através dele que a gente pode detectar precocemente as lesões precursoras do câncer do útero e proceder a uma conduta mais apropriada para evitar a evolução. A principal indicação dele é justamente na avaliação do câncer de colo do útero, mas é claro que, se a paciente tiver uma vaginite ou outras alterações no canal vaginal, detecta também”, explica a ginecologista.
Segundo a médica especialista, o preventivo é recomendado para mulheres entre 25 e 65 anos e às jovens que iniciaram a vida sexual precocemente. E deve ser realizado uma vez por ano ou uma vez a cada três anos.
“É anual. As pacientes vão fazendo os exames e, caso ele persista dando negativo para a malignidade, em três exames consecutivos, elas podem passar a repetir esse exame apenas a cada três anos. Às pacientes que derem alterações atípicas no resultado, elas vão ter a indicação de procurar o patologista cervical e, aí sim, elas vão ter uma periodicidade diferenciada para cada caso”, destaca, reforçando que o exame preventivo é indolor, simples e rápido.