A quantidade de voos de garimpo ilegal em Terra Indígena Yanomami reduziu de 30 para dois por dia após a Operação Libertação à crise humanitária ao povo e de combate à mineração na região. O dado é do balanço de ações da força-tarefa que atua desde 20 de janeiro e foi divulgado nesta quinta-feira (13).
Após o controle do acesso às Terras Indígenas, em especial a Terra Indígena Yanomami, via Rio Uraricoera e Rio Mucajaí, o espaço aéreo passou a ser a principal forma de transporte de suprimentos aos garimpos e retirada dos minérios extraídos ilegalmente dessas áreas. Outra redução drástica foi a do número de garimpeiros, em que os 15 mil estimados agora não chegam a mil, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Segundo o ministério, desde janeiro, foram destruídos 272 acampamentos de garimpeiros ilegais na região. Somente nos 30 primeiros dias da operação foram inutilizadas ou apreendidas 27 toneladas de cassiterita, 11,4 mil litros de combustíveis, 84 balsas e embarcações, duas aeronaves e 172 motores e geradores de energia.
“Os trabalhos em parceria apreenderam, ainda, 892 gramas de ouro, 20,5 toneladas de cassiterita, 20 armas, 28.410 litros de óleo diesel, 1.492 unidades de munição, 1.350 litros de gasolina, 1,5 kg de mercurio, 1,5 kg de cocaína, 1 kg de maconha e 206 metros cúbicos de madeira. No total, 88 acampamentos, 455 barracas, 83 embarcações e 581 motores foram destruídos na ação envolvendo PRF [Polícia Rodoviária Federal] e Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Quinze veículos foram recuperados, sete pessoas receberam mandados de prisão e 102 pessoas foram detidas”, informou o MJSP.
Também foram aplicados autos de infração, que totalizam R$ 12,6 milhões, pelo Ibama. Já a Polícia Federal disse que abriu mais de 40 procedimentos investigativos relacionados ao garimpo ilegal, que resultaram no bloqueio judicial de R$ 65 milhões.
As equipes de fiscalização, com aeronaves e viaturas, fizeram incursões na zona rural dos municípios de Iracema, Campos Novos, Mucajaí e Alto Alegre, visando identificar os aeródromos ilegais (pistas de pouso e decolagem) que estão sendo utilizados em apoio aos garimpos. As ações também identificaram e embargaram 16 pistas de pouso e decolagem utilizadas em apoio aos garimpos localizados na Terra Indígena Yanomami.
Indígenas
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são referentes a 2022, e as vítimas tinham entre um e quatro anos. As causas da morte foram, em sua maioria, desnutrição, pneumonia e diarreia.
Além disso, em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pelas faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.
A operação é realizada de forma conjunta pela PF, PRF, Ibama, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Força Nacional de Segurança Pública e Forças Armadas.