Inaugurado nessa sexta-feira (21), o Centro de Referência em Saúde Indígena, na região de Surucucu, na Terra Yanomami, está com 90% da capacidade preenchida. A unidade foi construída para atender até 150 pessoas, entre crianças e adultos. Apesar disso, o secretário de Saúde Indígena (Sesai), Weibe Tapeba, afirma que a situação no território está voltando à normalidade.
Maior território indígena do país, a Terra Yanomami possui cerca de 10 mil hectares divididos entre os estados de Roraima e Amazonas, além de quase 31 mil indígenas que vivem em mais de 360 comunidades. A unidade dentro da reserva foi instalada para desafogar a demanda na Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y) e das unidades de saúde do estado e do município de Boa Vista. O projeto conta com o auxílio dos Expedicionários da Saúde. A inauguração teve a presença da ministra dos povos indígenas Sônia Guajajara.
“A gente percebe principalmente no quesito desnutrição que as coisas começaram a mudar. Tem uma relação direta com a retirada dos garimpeiros, porque os rios estão sendo regenerados e há um sentimento de muita felicidade na feição dos próprios indígenas Yanomami. Ouvimos relatos bem emblemáticos, impactantes, que motivam ainda mais a nossa atuação no território”, afirma Tapeba.
Apesar do bloqueio aéreo e o aumento da fiscalização no território, há ainda garimpeiros atuando na região. Isto, assim como os dados epidemiológicos, seguem provocando preocupação no governo, conforme Tapeba.
“Estamos voltando a uma certa normalidade. Temos muitas coisas para resolver, evidentemente. […] Temos um desafio muito grande que é resolver o problema da infraestrutura das unidades de saúde. Eu sempre reforço, estamos tratando da maior terra indígena do Brasil, […] sem infraestrutura básica de acesso à água, energia, internet. Nós estamos começando a resolver esse tipo de problema”, disse.
Estrutura
O Centro de Referência deve fazer o atendimento de cerca de 2,7 mil pessoas distribuídas em 46 comunidades. Cinco médicos atuarão na região, sendo três fixos e dois que farão visitas às comunidades vizinhas à Surucucu, como os polos Parafuri, Haxiu, Homoxi, Xitei e Waputha.
Ao todo, a equipe contará com cerca de 30 profissionais entre médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros, nutricionistas e técnicos de nutrição, técnicos de laboratório, farmacêuticos, microscopistas, cozinheiros e serviços gerais.
Os contratos são feitos via DSEI-Y (Distrito Sanitário Especial Indígena), Força Nacional do SUS ou convênios com instituições como Fiotec (Fundação de apoio à Fiocruz), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e Expedicionários da Saúde (EDS).
A unidade é dividida em ala ambulatorial, sala de acolhimento e triagem, salas de estabilização, consultórios, lactário, farmácia, laboratório e microscopia. A estrutura permanente também contará com refeitório, centro de convivência e redários.
A unidade também reforçará as ações da atenção primária à saúde com consultas e acompanhamento periódico de crianças e pré-natal, por exemplo. Também tem como prioridade garantir a recuperação nutricional para casos de desnutrição grave e moderadas, tratamento de pacientes com malária, trauma e acidente ofídico (picadas de cobras).
O fornecimento de energia elétrica foi equacionado através de uma solução mista com geradores e placas fotovoltaicas instalados na região, resultado de um trabalho conjunto com o Ministério de Minas e Energia.