Saúde e Bem-estar

Cerca de 50,4% das altas na Casai Yanomami são de crianças e adolescentes

Missão Yanomami, de reforço no acolhimento e cuidado dos indígenas, completou três meses no último dia 21.

Cerca de 50,4% das altas hospitalares na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y), nos últimos três meses, são de crianças e adolescentes de até 14 anos. A informação é do Ministério da Saúde.

Desde janeiro deste ano, foram realizados 1.049 atendimentos na Casai-Y. Deste total, 764 resultaram em altas de indígenas menores de 14 anos.

Outras 63 crianças Yanomami internadas na Casai-Y e que se encontravam em grave condição nutricional, saíram do quadro. Seis crianças continuam com desnutrição grave e outras 26 estão em tratamento. 

O tratamento é realizado com uma fórmula nutricional desenvolvida pelo grupo de trabalho de nutrição do Centro de Operações de Emergência Yanomami (COE-Y). A receita possui açaí e bacaba, alimentos da cultura tradicional da etnia, adicionado ao leite terapêutico utilizado no tratamento das crianças. A adaptação aumentou a aceitação por parte dos pequenos indígenas e resultou no avanço do tratamento. O foco da bebida são os menores de 10 anos.

No total, a Missão Yanomami já realizou mais de 5,3 mil atendimentos entre a Casai-Y, os polos-base no território, o Hospital de Campanha das Forças Armadas e o hospital Geral de Boa Vista. De 21 de janeiro até 21 de abril, também foram entregues mais de 18 mil cestas básicas, totalizando 3.022 quilos de alimentos.

A operação Yanomami, conta, até o momento, com cerca de 630 profissionais qualificados no atendimento aos indígenas, sendo 263 profissionais da enfermagem, 88 médicos, 61 agentes de combate a endemias, 13 nutricionistas, sete psicólogos, seis farmacêuticos, cinco dentistas, dois assistentes sociais, dois antropólogos, além dos mais de 180 profissionais que trabalham nas equipes de gestão, apoio administrativo e construção.

O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, fez um balanço positivo das ações e afirmou ter sido fundamental o trabalho conjunto da Sesai com as demais instituições. “Conseguimos reduzir, significamente, o número de óbitos. Alguns agravos de malária, de desnutrição e de doenças respiratórias também foram controlados”, destacou. 

Outro destaque foi a atualização do protocolo para gestantes no ‘Material de Orientação para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição: Atenção à Desnutrição da População Yanomami’.

Conforme a coordenadora do COE-Y, Ana Lúcia Pontes, a avaliação otimista da operação se deu por conta da rápida mobilização por parte do governo federal e da ação integrada das secretarias do Ministério da Saúde. “A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, por exemplo, tem sido o braço direito da atuação com o COE-Yanomami”, avalia.

Para a coordenadora, o maior desafio, durante este período, foi o processo de desmonte do antigo aparato de saúde e revisão de protocolos e rotinas de apoio nutricional. “Na raiz desse problema da grave desassistência sanitária e humanitária está o desmonte de políticas públicas”, completou Ana Lúcia.

Futuro

O COE-Y caminha para um momento de transição entre diminuir ações pontuais e emergenciais, para aumentar o fluxo de ações estruturantes e de rotina entre o Dsei Yanomami e a Secretaria Especial de Saúde Indígena. O tratamento de tuberculose e de outras questões de saúde terão mais assistência e acompanhamento. A qualificação dos profissionais que já atuam no Dsei-Y também será prioridade, não somente nas áreas técnicas, mas especialmente com foco nas questões culturais e antropológicas desta população.

Outros números divulgados:

• 100 crianças receberam megadose de vitamina A;

• Estruturação da cozinha no polo-base de Surucucu;

• Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, foram realizadas atividades na Casai relacionadas à importância do tratamento da desnutrição.

Saúde

• Distribuição de 369.391 unidades de medicamentos para malária;

• Envio de 103.719 medicamentos para a Casai;

• Distribuição de 23.951 máscaras de proteção;

• Disponibilização de 50 litros de inseticida;

• Atuação em 37 polos-base, 31 Unidades Básicas de Saúde Indígena e 376 comunidades indígenas.

Infraestrutura

• Iniciada a reforma elétrica do polo-base de Surucucu;

• Finalização das melhorias de 22 banheiros em conjunto com a UNICEF;

• Início da reforma geral dos 4 banheiros da enfermaria;

• Perfuração de poço da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) do Surucucu em andamento;

• Instalação de lixeiras na Casai;

• Monitoramento da qualidade da água na Casai.