Cotidiano

Avanço do garimpo em Terra Yanomami é contado em documentário

O curta-metragem tem imagens em Surucucu, com falas das lideranças indígenas Davi Kopenawa e Júnior Hekurari, além dos procuradores da república em Roraima e demais especialistas

Um documentário sobre a situação dos indígenas e avanço do garimpo na Terra Yanomami  foi lançado na tarde desta quarta-feira (26). “O rastro do garimpo” é uma produção do Ministério Público Federal (MPF) e conta com falas de lideranças indígenas e procuradores da república em Roraima. 

De acordo com o MPF, o curta-metragem foi filmado em fevereiro deste ano em Surucucu. Com 20 minutos de duração, narra o avanço do garimpo na região, especialmente a partir de 2017, e mostra o trabalho realizado pelo órgão, na esfera judicial e extrajudicial, para a proteção do povo indígena.

Entre os vários relatos, foram registrados falas do líder Yanomami, Davi Kopenawa e do presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna, Júnior Hekurari Yanomami. Eles contam que é importante a permanência da floresta para a sobrevivência do povo e relembram da demarcação da reserva Yanomami, por volta de 1990. 

Entre os pontos abordados, a produção também destaca o crescimento do garimpo na região, com maquinários mais complexos, e a falta de políticas públicas efetivas que teriam colaborado para a crise sanitária vivida atualmente. A coordenadora da Câmara de Populações Indígenas do MPF, Eliana Torelly, esteve na comunidade indígena e contou que presenciou o garimpo ao lado das comunidades, onde havia agravos na saúde de uma população desassistida. 

“Pelo Brasil à fora, eu diria que, literalmente, de norte a sul você tem situações muito graves ocorrendo em que, não só é necessário, mas é urgente a atuação do Estado brasileiro. E eu não falo do governo, mas do Estado brasileiro, que nesse período foi falho, foi omisso, deixando que a situação se agravasse”, destacou no documentário.

O curta-metragem “O rastro do garimpo” faz parte de uma campanha anual do MPF com o objetivo de dar visibilidade aos direitos e as garantias dos povos indígenas. Foi lançado em Brasília, durante evento promovido pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR), e está disponível no canal do órgão no YouTube.