Cotidiano

Empresa de SP vai tratar só duas pessoas

Apesar de mais de 10 mil sofrerem com problemas envolvendo drogas ilícitas em Roraima, apenas duas adolescente receberão tratamento

A Secretaria Estadual de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), conforme publicação no Diário Oficial do Estado (DOE) de terça-feira, 08, contratou da empresa Live Masculina Ltda, que possui sede em São Paulo, para o tratamento de apenas duas adolescentes dependentes químicas, em Roraima.

O contrato, de nº 012/2015, firmado em 25 de agosto de 2015, terá duração inicial de apenas seis meses e custará aos cofres públicos R$ 49 mil. O acordo delimita a atender especificamente as duas adolescentes que, segundo o governo, possuem alto grau de dependência química e vulnerabilidade social.

As adolescentes estão sob a tutela do Estado após decisão liminar proferida em maio de 2014 pelo Juizado da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Boa Vista. Conforme a Setrabes, por se tratar de questões envolvendo menores de idade, o processo corre sob segredo de Justiça.

DIFICULDADES – Apesar dos esforços no acolhimento e tratamento de alguns dependentes químicos, as três unidades terapêuticas que dão assistência em Roraima não são suficientes para suprir a demanda existente de usuários. Estima-se que, somente em um desses locais, a lista de espera conta com mais de 700 pessoas que aguardam por uma vaga. Com o problema de superlotação, muitos doentes acabam fazendo o caminho inverso e buscam tratamento em outros estados.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) estima que em Roraima existam mais de dez mil usuários de droga ilícita. Nos últimos dados revelados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), no ano passado, os Centros de Atenção Psicossocial a Álcool e outras Drogas, os Caps, já atendiam a mais de seis mil pacientes somente na Capital. A maioria do público é formada por jovens de 16 a 22 anos. A cocaína e a maconha são as drogas mais consumidas.

Cada internação dura de duas a quatro semanas e tem o objetivo de desintoxicar o paciente. Após esse período, a pessoa deixa o hospital e passa a ser atendida nos Caps.

Para o líder do Movimento dos Dependentes Químicos de Roraima, Darkson Mota, uma casa de recuperação de outro Estado não surtirá efeito nas pacientes.

“Primeiro que essas pessoas têm que ser atendidas junto da família. Então, isso tem que ser observado e é inviável”, disse.

Segundo ele, optar por tratar apenas duas dependentes com tanta gente na fila de espera traz reações negativas. “O gasto é imenso para apenas duas pessoas. Tudo bem que são vidas, mas existem casas de recuperação aqui em Roraima que não recebem isso durante o ano inteiro”, frisou. (L.G.C)