Saúde e Bem-estar

Entenda a importância da fisioterapia para reabilitação de amputados

Comprometimento com as sessões podem resultar em autonomia no uso da prótese

Em quase dois anos e meio, ao menos 141 pessoas passaram por amputação de um membro em Roraima. A maior alta, nesse período, foi registrada em 2021, com 71 procedimentos realizados no Hospital Geral de Roraima (HGR). Somente no primeiro trimestre deste ano, outras 25 pessoas foram amputadas.

Os dados foram disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para embasar a conscientização da amputação, que envolveu o mês de abril. O objetivo é destacar a importância da informação sobre a perda do membro e a importância da reabilitação dos pacientes, principalmente com o uso da fisioterapia. 

“Geralmente quando o pessoal vem atrás da fisioterapia é por conta da reabilitação, mas a fisioterapia é importante desde a parte da promoção [do serviço]. O paciente precisa de uma cirurgia para a colocação de uma haste metálica ou uma prótese e fazer um pré-operatório. Depois disso ele vem e é aqui que a gente vai resgatar a funcionalidade dele. Porque não é só fazer a cirurgia. A cirurgia, quando ela é bem feita, é 50%, os outros 50% é com a fisioterapia”, explica a fisioterapeuta do Núcleo de Reabilitação Física 05 de Outubro (NERF), Mayara Lobo.

Entre o pós-operatório e a reabilitação em si, é realizado o acompanhamento da cicatrização e moldura do coto, parte restante do membro. Nesse período, a fisioterapia estimula a funcionalidade e força muscular do paciente, tanto do coto quanto do membro não amputado, auxiliando na preparação para receber a prótese. 

“Aqui a gente não oferece esse serviço de prótese, infelizmente. Mas a gente vai preparar o coto, preparar a musculatura dele e, quando tiver acesso a essa prótese, vai fazer a reabilitação nele. Fazer com que o paciente caminhe, fazer com que ele consiga ter a descarga de peso para que ele tenha funcionalidade e consiga realizar a atividade dele sem depender de uma pessoa”, instrui a profissional.


Mayara Lobo é fisioterapeuta do Núcleo de Reabilitação de Roraima há 10 anos. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

De acordo com Mayara, o tempo de reabilitação varia para cada paciente e vai depender da idade, do nível e tipo de amputação e, principalmente, do comprometimento em realizar os exercícios. No geral, são oferecidas ao amputado cerca de 12 sessões, uma média de três a quatro meses de fisioterapia para a recuperação que garante a autonomia.

Causas para amputação em Roraima
“As amputações de membros podem decorrer de uma série de fatores, mas a grande maioria dos encaminhamentos para o HGR ocorre em razão de acidentes automobilísticos”, foi o que informou a Sesau à FolhaBV. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (Detran-RR), somente em 2022, quase sete mil vítimas de acidente de trânsito foram encaminhadas ao HGR. 

Por outro lado, a amputação também pode decorrer da diabetes mal tratada. No Brasil, a doença é responsável por 70% das remoções totais ou parciais de membros do corpo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Em Roraima, “geralmente é mais pré-diabético ou algum outro tipo de lesão que acometeu aquela região”, informa Mayara, o que torna mais complicado para a reabilitação.

“Um paciente idoso, diabético, muitas vezes tem sobrepeso. Para a gente trabalhar essa questão da prótese com ele, apesar dele ser mais assíduo, é mais difícil por conta dessas questões clínicas dele”, ressalta a fisioterapeuta.

Apesar das dificuldades que podem surgir para a adaptação no uso da prótese, o acompanhamento fisioterapêutico é o que garante a reabilitação e o condicionamento muscular ao amputado. Além disso, garantirá a autonomia para um retorno à vida normal.

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