“Na quinta-feira [20 de abril] ele me ligou, pediu para ir ao Palácio quatro horas da tarde, eu fui e ele foi direto ao ponto: TCE, ‘eu quero o teu apoio para eleger a minha mulher para conselheira’. Respirei e falei de forma educada, Flamarion estava junto, […] ‘Governador, a eleição da tua esposa é imoral e ilegítima. É imoral porque fere, totalmente, os princípios da moralidade administrativa. Vai de encontro com os princípios constitucionais, ela beira o nepotismo. É algo que o senhor não deveria fazer. E é ilegítima porque essa vaga é decisão da Assembleia [Legislativa]”, disse o deputado estadual, Jorge Everton, sobre a entrada da primeira-dama, Simone Denarium, na disputa pela vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RR).
O deputado foi convidado do programa Agenda da Semana deste domingo (30), na rádio Folha FM 100.3, para falar sobre a disputa do TCE-RR, na qual também se inscreveu à vaga. No entanto, demonstrou insatisfação pela ação do governador de Roraima, Antonio Denarium, em incentivar a entrada da esposa para concorrer ao cargo de conselheiro.
A insatisfação de Everton é maior porque a vaga é uma das quatro dispostas à indicação da casa legislativa estadual e, apesar de não haver regulamentação sobre a obrigatoriedade de profissão, ele e outros 16 parlamentares defendem a participação e escolha de um deputado. Seguindo a linha de pensamento do parlamentar, somente ele ou Coronel Chagas (PRTB) poderiam estar na disputa, já que foram os únicos deputados a se inscreverem. “Quando a vaga é da Assembleia, a Assembleia tem que indicar um par para que tenha, dentro do tribunal, além do conhecimento técnico, todo o conhecimento político para saber lidar com a problemática”, destaca.
O deputado informou ainda que, antes de surgir a vaga, já havia conversado com o governador demonstrando interesse em ser conselheiro do TCE-RR e que o mesmo teria o apoiado. Ao ser questionado se soube de alguma propina para que outros deputados votassem em Simone, afirmou que não, mas que viu a indicação da primeira-dama à vaga como intimidação.
“Acho que é um erro essa mistura da coisa pública com a coisa privada, invadindo as prerrogativas da Assembleia e essa interferência não é boa para o parlamento. Se o parlamento for por dinheiro, ou por cargo, ou por espaço político, eu não tenho nem como concorrer contra ela. É fato. Mas eu tenho história, um trabalho que fala por mim”, ressalta Everton.
Toda entrevista com o deputado estadual Jorge Everton está disponível no canal da Folha FM no YouTube. Ou pode ser assistida logo abaixo, a partir da minutagem 2:26:00.