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Noivos realizam sonho de casar após ficarem ilhados em vicinal alagada

Os dois casaram na última sexta-feira, 12, por meio do programa Enfim Casados, da Defensoria Pública de Roraima (DPE), realizado em Rorainópolis, atendendo 50 casais

Já pensou chegar o dia do seu casamento e a única estrada que o levaria até o local da cerimônia, esteja alagada de tal modo que não seja possível atravessar para o outro lado.


O momento da cerimônia mais esperado por 50 casais ( Foto: Nilzete Franco/ FolhaBV)

Essa foi a história dos agricultores Kátya de Jesus, de 28 anos, e Jhones Lima, de 25 anos. Os dois casaram na última sexta-feira, 12, por meio do programa Enfim Casados, da Defensoria Pública de Roraima (DPE), realizado em Rorainópolis, atendendo 50 casais.


Em entrevista à Folha BV,  Kátia demostrava ansiedade ( Foto: Nilzete Franco/ FolhaBv) 

Kátya conta que o amor entre os dois aconteceu à primeira vista. “Eu estava na escola e quando virei e olhei para ele, sabia que ele era o amor da minha vida e que seria meu marido”, contou.


Jhones relatou que estava muito nervoso, aguardando o momento da cerimônia ( Foto: Nilzete Franco/ FolhaBv)

Para Jhones a sensação foi a mesma, de que ela seria a mulher da sua vida. “Somos muito apaixonados e tudo aconteceu muito rápido”, diz ele ao lembrar que a história de amor teve início há apenas dois meses.

Para realizar o sonho de casar, Katya passou a vender chocolate, dindins, e rifas de cestas de doces. “Como é muito caro casar, e não temos condições financeiras para arcar, eu comecei a fazer as vendas com esse propósito. Até que uma professora me disse que estava sendo realizada as inscrições para o programa da DPE, fiquei tão feliz e na mesma hora decidi que iríamos participar”, lembrou.

Em uma motocicleta os dois, que moram em uma vicinal distante, seguiram até a sede de Rorainópolis para se inscrever no projeto.

Um dia antes do casamento, uma chuva forte caiu na região onde o casal mora, fazendo com que a estrada fosse interditada após o Rio Itã transbordar.

“Fiquei desesperada, pois meu único transporte é a moto e não tinha como atravessar a enxurrada. Ainda assim tentamos, mas por pouco não tivemos nosso bem arrastado pela água”, disse a noiva.

Katya lembra que algumas pessoas foram fundamentais para que ela conseguisse chegar até a sua cerimônia de casamento.

“Um caminhoneiro nos ajudou a atravessar para o outro lado, mas ainda tinha um problema, sem a moto e sem dinheiro, não tinha como a gente seguir viagem. Até que uma equipe da Polícia Rodoviária Federal, que estava de serviço viu o meu desespero e nos ajudou com uma quantia em dinheiro para que pudéssemos pagar um transporte até Rorainópolis”, contou.


Momento do casal Kátya e Jhones, realizado pela  Defensoria Solidária ( Foto: Nilzete Franco/ FolhaBV)

Os desafios encontrados pelo casal não tiraram o sorriso no rosto e a empolgação para a hora tão esperada de dizer “Sim”.

Após histórico de violência doméstica, mulher realiza o sonho de casar: “Ele me ensinou o que é respeito”

Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, estima que cerca de 18,6 milhões de mulheres brasileiras sofreram violência doméstica em 2022, o equivale a um estádio de futebol com capacidade para 50 mil pessoas lotado todos os dias.

Uma dessas mulheres, foi Letícia Lima Cruz, de 29 anos, que sofreu violência doméstica dos dois últimos companheiros. Um deles deixou uma cicatriz em sua testa e na sua autoestima.

“Eu vivi relacionamentos abusivos, onde era agredida. Mas quando conheci o Antônio José, ele me ensinou o que é respeito, e como é ser amada de verdade”, disse Letícia.


Entrada do casal, Antônio José e Letícia com sua filha caçula, na cerimônia do casamento ( Foto: Nilzete Franco/ FolhaBV)

Ela conta que os dois se conheciam há muitos anos, no entanto, ele veio morar em Roraima e ela continuou na cidade Amarante do Maranhão, onde teve duas filhas dos relacionamentos anteriores.

“Há oito meses ele voltou para visitar a família dele, e ai começamos a namorar. Mas ele teve que voltar e eu fiquei. Quatro meses depois, a irmã dele viajou ao maranhão para buscar a mãe e ele me perguntou se eu tinha coragem de vir. Respondi na hora que com ele iria para qualquer lugar”, lembra.

Letícia e Antônio também se casaram durante o casamento comunitário realizado pela DPE, e celebraram com festa a realização desse novo passo do casal.

Em Boa Vista, programa vai realizar 200 casamentos no mês de junho


Cerimônia realizada pela ação da DPE Solidária em Rorainópolis (Foto: Nilzete Franco/ FolhaBV)

Os interessados em oficializar o casamento, podem se inscrever nos cartórios de Boa Vista até o dia 23 de maio.

A cerimônia será realizada no dia 13 de junho, dia de Santo Antônio.


O defensor -geral Oleno Matos em entrevista à FolhaBV (Foto: Nilzete Franco / FolhaBV) 

“Esse programa visa ajudar pessoas que sonham em casar, mas que não tem condições financeiras para realizar a cerimônia. É uma ação que nos enche de orgulho”, disse o defensor-geral, Oleno Matos.

Por Dina Vieira