Se preparar para o vestibular exige grande esforço e dedicação, mas quando a meta é aprovação em Medicina, o curso mais concorrido das universidades, o desafio é maior ainda.
Os métodos de estudo variam de acordo com as preferências, condições e flexibilidade de horário de cada um. Um ponto importante discutido foi a importância da socialização com outras pessoas que compartilham do mesmo objetivo e servem como uma rede de apoio.
Para Renato Cavalcante, professor de Matemática e Física de um cursinho preparatório de Boa Vista, grande parte dos alunos chegam com grandes defasagens do ensino ofertado nas escolas, o que exige muito foco e concentração para se aprofundar nos conteúdos vistos durante toda carreira escolar, em um ano.
“É pouco tempo para produzir muita coisa. Você precisa de silêncio, foco e concentração. Hoje um dos grandes desafios é o aluno estudar com o celular na mão, isso tira o foco dele. Em meio às tecnologias os alunos precisam usá-la ao seu favor. Claro que hoje tem muito conteúdo digital, mas em meio a uma presencial acaba atrapalhando bastante “, ressaltou o professor.
Com mais de oito anos na educação nas disciplinas mais temidas pelos alunos, Renato conta que não existe fórmula mágica para aprovação, e métodos eficientes são individuais. Para ele, o recomendado é montar uma rotina saudável, mas que você consiga ser altamente produtivo dentro das suas limitações.
“Com a experiência de sala de aula e de escolas já conseguimos conhecer onde está a dificuldade dos alunos e trabalhar em cima disso. Algumas pessoas conseguem estudar por oito horas intensamente, outras com duas horas de estudo elas já não conseguem absorver nada então você precisa encontrar um método que seja produtivo para você. Hoje tenho a certeza que qualquer um consegue passar, exceto aqueles que desistem”, destacou.
Saúde mental
Não é novidade que a rotina de estudos exige sacrifícios e renúncias de muitas atividades de lazer para quem almeja o tão sonhado curso. Mas para Tales Almeida, o importante é saber dar o seu melhor, mas também respeitar os momentos de exaustão.
Aos 27 anos, o jovem é graduado em Fisioterapia e agora, busca a aprovação em Medicina. Ele conta sobre os desafios em conciliar a intensa rotina de estudo com a jornada de trabalho em dois hospitais.
“Terapia! Meus pacientes são graves, então dormir é bem difícil para mim. É bem puxado e como eu trabalho a noite, eu tenho que dividir meu tempo de sono e meu tempo de estudo. Preciso dosar muito e abrir mão de muitas coisas para poder trabalhar e estudar. Estudo em torno de nove horas por dia e minha motivação foi: ‘Como quero estar daqui a cinco anos?’ ”, relatou Tales, que optou pelo cursinho para ajudar a evitar a procrastinação e manter o foco.
Já para alguns, atuar na área da saúde vêm do meio familiar, como é o caso de Martins Henrique, que aos 20 anos se dedica para realizar o vestibular no fim do ano. Após ter o contato com pessoas em situação vulnerável em hospitais, o desejo de poder ajudá-los fez com que o jovem decidisse a carreira que pretende seguir.
“A rotina do vestibulando é muito pesada, e quando falamos isso muitas vezes, as pessoas não entendem. Além de nos compararmos com outras pessoas sendo aprovadas, nos vemos parados. As vezes em busca do sonho acabamos esquecendo de quem nós somos, e essa construção do ‘Eu’ ajuda a atravessar esse período difícil”, pontuou o jovem.
Dedicado aos esportes físicos, em especial, ao levantamento de peso, o vestibulando conta que Paulo Muzy, médico que fala sobre uma rotina saudável e se tornou fenômeno na internet, foi uma das inspirações do jovem. Para Martins, os exercícios físicos são fundamentais para o equilíbrio da saúde mental e destaca como o esporte pode edificar na vida dos pacientes e também, dos vestibulandos.
“Além da liberação de dopamina, serotonina, entre outros, ajuda na autoestima porque você vê resultados no seu corpo. Isso é uma das grandes dificuldades do vestibular, você estuda intensamente mas não vê os resultados. O exercício é sensacional e ajuda na questão de conseguir mais uma questão, como se fosse mais uma repetição”, explicou Martins.