Política

Marina Silva quer criar floresta nacional no limite da Terra Yanomami

Ministra do Meio Ambiente também defende ampliação de outras áreas de conservação no Estado e pediu apoio do governo estadual

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, pediu apoio do governo estadual para criar a Floresta Nacional do Parima. A área de preservação totalizaria 109.484 hectares, o equivalente a 109 mil campos de futebol, e está nos limites da Terra Indígena Yanomami, no extremo Norte de Roraima.

O território começa na fronteira com a Venezuela, em Pacaraima, vai até a Terra Waimiri-Atroari, no Amazonas, integrando a Estação Ecológica Maracá, a Floresta Nacional de Roraima e o mosaico de unidades de conservação na região.

O objetivo da delimitação seria manter e proteger os recursos hídricos e a biodiversidade, o manejo e o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e apoiar o desenvolvimento de métodos de exploração sustentável dos recursos naturais


Em verde escuro, a nova área a ser delimitada (Foto: Reprodução)

Para Marina, a delimitação seria de extrema importância para a conservação da biodiversidade brasileira, onde ficam extensas áreas de floresta ombrófilas densas de terras altas, ecossistemas da floresta amazônica, que sustenta altíssima diversidade de espécies da fauna, especialmente peixes, aves e mamíferos, além de abrigar inúmeras nascentes dos principais rios de Roraima.

A ministra diz em um dos documentos enviados ao governo estadual que a ideia iria “garantir a viabilidade ecológica dessas importantes áreas naturais”, além de contribuir para reduzir as pressões sobre o território yanomami, diminuir os conflitos e proteger as comunidades indígenas.

Estação de Maracá e Parque do Viruá


Linha vermelha seria a área para a qual a Estação Ecológica de Maracá seria ampliada (Foto: Reprodução)

Marina também propôs ampliar em 50 mil hectares a área da Estação Ecológica de Maracá, no Oeste do Estado. Dos objetivos, estão: a garantia da perenidade dos serviços ecossistêmicos; a formação de um corredor ecológico entre diversas áreas protegidas; e a criação da linha de proteção a invasões ao território yanomami. A proposta cita que a área contribui para a manutenção de 22 espécies ameaçadas de extinção.

“A proposta de ampliação foi elaborada em função da constatação de que, a expansão da fronteira agrícola-pastoril e dos Projetos de Assentamento instalados nos municípios de Alto Alegre e Amajari, está tornando a Estação Ecológica de Maracá um fragmento isolado espacialmente de outras áreas protegidas ou ainda preservadas, principalmente as áreas com cobertura florestal”, diz o documento.

A ministra do Meio Ambiente também defende a ampliação da área do Parque Nacional do Viruá, em Caracaraí. Um dos objetivos é contribuir para a estabilidade ambiental da região, além de proporcionar o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza e do turismo ecológico.

“A área a ser ampliada, atualmente sob domínio da União, apresenta enorme função estratégica para a proteção da UC [Unidade de Conservação], sendo imprescindível sua incorporação para evitar pressões e riscos associados ao fogo, caça e desmatamento”, diz a proposta.


Linhas amarelas mostram como ficaria o Parque Nacional do Viruá caso fosse ampliado (Foto: Reprodução)

O que o Governo respondeu

Em comunicado ao governador Antonio Denarium (Progressistas), Marina Silva diz que os projetos foram objetos de estudos e consulta pública, realizados pelo ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

Denarium, por sua vez, endossou o entendimento da Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), que manifestou contrariedade às propostas, mas favorável a garantir “a gestão eficiente, monitoramento e controle ambiental das unidades já criadas, tanto no âmbito federal, quanto estadual”.

A Femarh reforçou que Roraima já possui 67,4% de áreas destinadas para conservação (ou 15,1 milhões de hectares) e apenas 32,5% para uso produtivo (o equivalente a 7,2 milhões de hectares), dos quais apenas 24,91% são da alçada da gestão estadual.

*Por Lucas Luckezie