Cotidiano

Fórum debate turismo em áreas indígenas

Principal assunto foi a instrução normativa que regulariza a visitação em área indígena com fins turísticos

A criação de uma normativa que permite a exploração da atividade turística em áreas indígenas foi o tema principal das discussões do Fórum Estadual de Turismo, realizado na manhã de ontem, no auditório da Secretaria Estadual de Turismo (Seplan), no Centro. Além de membros dos conselhos municipais de turismo, a ação contou com a participação de empresários, professores e representantes de entidades ligados aos direitos indígenas no Estado.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) apresentou detalhes da instrução normativa nº 03/2015, de 11 de junho de 2015, que estabelece normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turísticos em áreas indígenas, de base comunitária e sustentável, nos segmentos do Etnoturismo e Ecoturismo. De acordo com o documento, a normativa fortalece preceitos como valorização da cultura, da diversidade e o meio ambiente por meio da interação com os povos indígenas, proporcionando a geração de renda nas comunidades, além de facilitar a entrada de não índios na terra indígena.

“A norma coloca os povos indígenas como proponentes da atividade turística. Não é a operadora de turismo que vai pedir autorização da Funai, mas os povos indígenas é que vão estar no protagonismo da atividade. A operadora de turismo, ONG e as universidades podem ser parceiras, mas quem vai ser o líder é a comunidade envolvida”, afirmou a chefe substituta do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Funai em Roraima, Inayê Perez.

Para o diretor do Departamento de Turismo de Roraima (Detur), Ricardo Peixoto, a reunião serviu para reforçar a união de esforços entre os representantes para o desenvolvimento do Turismo no Estado. “Nós temos um produto quase único: nenhum Estado da Federação brasileira tem quase 50% da sua área indígena. Ou seja, nós estaremos explorando isso como atividade econômica e, ao mesmo tempo, gerando renda e emprego para que esses indígenas tenham uma melhoria da qualidade de vida na sociedade em que eles vivem”, disse o diretor.

Assessor especial da Secretaria Estadual do Índio (SEI) e empreendedor de turismo, Alfredo Silva acredita que a norma trará benefícios aos povos indígenas, uma vez que ela possibilita o fluxo de pessoas interessadas em conhecer mais sobre a diversidade cultural do índio no Estado.

“No Brasil, a atividade de turismo na área indígena não era regulamentada, e isso era um entrave muito grande para as comunidades que eram interessadas em explorar essa vertente. A criação dessa norma vai facilitar o acesso das pessoas ao conhecimento da cultura indígena, pois as comunidades que vão ter o turismo como atividade econômica, terão vários benefícios, como resgate de valores culturais, apresentação desses valores para a sociedade e o resgate da autoestima, além de outros elementos que são agregados neste contexto”, pontuou. (M.L)