Cacau produzido por indígenas Yanomami e Ye'kwana é transformado em chocolate no Pará

A receita desenvolvida pela De Mendes para se chegar ao Chocolate Yanomami leva 69% de cacau, manteiga de cacau e açúcar mascavo (Foto: Dina Vieira/FolhaBV)

Uma pequena fábrica localizada em Santa Bárbara, na região metropolitana de Belém do Pará, é a responsável pela transformação do cacau cultivado por indígenas Yanomami e Ye’kwana no “Chocolate Yanomami” da De Mendes, que tem conquistado o paladar de milhares de pessoas por todo o mundo.

A produção e comercialização do produto teve início em 2019, e é fruto de iniciativa das lideranças e jovens Yanomami e Ye’kwana que com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA) enxergaram no cacau, uma possibilidade de gerar renda para as comunidades.

O cacau é colhido na terra indígena Yanomami, mais precisamente ao longo das margens dos rios Uraricoera e Toototobi, em Roraima na fronteira com a Venezuela.

Essa variedade de cacau ainda não foi identificada e ela é pré-processada pelos povos indígenas Yanonami, Ye’kwana e Sanöma. O Chocolate Yanomami é extremamente saboroso; apresentando um doce de amêndoa delicado e prolongado, que lembra banana in natura e sabor de chocolate.

A receita desenvolvida pela De Mendes para se chegar ao Chocolate Yanomami leva 69% de cacau, manteiga de cacau e açúcar mascavo.

Em entrevista à FolhaBV, Cláudia Meirelles Davis, que hoje é a responsável pelo desenvolvimento de negócios da De Mendes, explicou que o objetivo é alcançar a produção de 10 toneladas do produto ao final do 5º ano, no entanto, as questões climáticas tem sido um desafio para que a meta seja alcançada. “O cacau precisa da chuva como qualquer fruta, e ano passado já tivemos um impacto enorme por causa da seca e este ano também, então a quantidade já revisamos e vamos reavaliar em novembro junto com o ISA”, pontuou.

Um pouco da produção do Chocolate Yanomami na De Mendes:

Além do desafio climático, Cláudia citou a logística para que o cacau chegue até a fábrica. “Temos o desafio da logística que só é feito de avião, por ser uma área de difícil acesso, mas temos levado treinamento até eles, e investimento na infraestrutura, e contamos com apoio do ISA que mantém técnicos dentro das comunidades”, relatou.

Cláudia destacou que o cacau produzido na Terra Yanomami é diferente de qualquer outro. “Esse é um produto diferente, que precisa ser muito valorizado, não só pelo seu sabor, mas por tudo que ele representa”, acrescentou.

No site da De Mendes, uma barra do Chocolate Yanomami de 50g custa R$ 28,90.

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