Um projeto que envolve o cultivo consorciado da palma de óleo com cacau e açaí iniciará na região Amazônica. A iniciativa é do Grupo BBF (Brasil BioFuels) que irá inaugurar o conceito de Sistema Agroflorestal (SAF) em suas operações em Roraima e no Pará.
Segundo o grupo, o objetivo é a recuperação de áreas degradadas na região amazônica a partir do cultivo de espécies nativas e a captura de carbono da atmosfera. Para isso há investimento em tecnologia de ponta e planejamento minucioso para alcançar o objetivo.
O cultivo do cacau e do açaí deve começar ainda este ano, com cerca de mil hectares de cultivo no Pará. Ao todo, 30 mil hectares devem ser plantados com as frutas pela BBF.
“O plantio da palma de óleo segue uma das legislações ambientais mais severas do mundo, o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, que permite que essa planta seja cultivada em áreas degradadas até dezembro de 2007. Por isso, vamos usar o cacau e o açaí, que são duas espécies nativas da região, nas áreas em que a palma não pode ser cultivada, o que permitirá a aceleração na recuperação das áreas degradadas, além da captura e estoque do carbono”, explica o CEO do Grupo BBF, Milton Steagall.
Em 2022, o Grupo BBF firmou acordo com a Vibra para fornecimento do Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e Óleo Vegetal Hidrotratado (HVO). Para isso, segundo a empresa, é preciso a plantação de quase 100 mil hectares de palma de óleo para produção dos 500 milhões de litros anuais dos biocombustíveis de segunda geração.
Cultivo de Cacau
A BBF projeta chegar em 2030 como detentora da maior produção individual de cacau do mundo. Assim, o novo projeto, além de promover a produção dos inéditos biocombustíveis, irá acelerar a recuperação de áreas degradadas e gerar novas oportunidades de cultivo, como o cacau certificado.
“Com isso, vamos gerar milhares de novos empregos no campo, em um modelo de cultivo sustentável que acelera a recuperação do bioma Amazônico. Vamos produzir um cacau de alta qualidade e certificado, seguindo as mais rigorosas premissas de ESG no seu cultivo”, afirma Steagall.
O Grupo BBF estaria trabalhando em conjunto com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para o cultivo do cacau chegar a novos patamares de excelência. Porque. CEPLAC possui o maior banco genético de cacau do mundo e a empresa poderá realizar pesquisas e experimentos que permitirão a produção de cacau de alta qualidade e resistente a doenças e pragas.
Atualmente, cerca de 65% do cacau consumido no mundo é oriundo da Costa do Marfim e de Gana. Os 30 mil hectares projetados pela BBF para o cultivo da fruta é uma imensidão, de acordo com Steagall, se comparado a média das propriedades rurais desses países, que possuem até sete hectares. “Nosso produto será 100% rastreado, do início ao fim da cadeia”, explica o executivo.