Rico em vitamina C, biocompostos e útil na diminuição do colesterol, o caçari (ou camu-camu) foi o tema de uma oficina de processamento e beneficiamento realizada pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR) nesta sexta-feira, 20. Durante a oficina foram abordados os potenciais de produção do fruto em Roraima, além dos desafios que cultivo na região.
A oficina tem como objetivo capacitar produtores, técnicos e demais interessados nas etapas de aproveitamento do caçari, desde a colheita até a transformação em produtos de maior valor agregado. Segundo o pesquisador e Chefe-Geral da Embrapa, Edvan Chagas, um dos principais desafios da inserção do caçari na cadeia de produção do estado é a falta de conhecimento da população sobre o fruto, que tem um grande potencial mas é pouco falado.
“Outro grande desafio, é a articulação de políticas públicas para que os pequenos produtores possam plantar, cultivar e aumentar a oferta do produto que hoje ainda é carente no nosso estado”, explica Edvan.
Outros grandes desafios são as mudanças climáticas que afetam a produção do produto em Roraima. A agrônoma e responsável pela pós-colheita e processamento do fruto na Embrapa, Maria Luiza Grigio, explica que o clima tem alterado tanto os ciclos de colheita do caçari, quanto a qualidade do produto na hora de exportar.
“A colheita aqui é feita no começo do ano, nas vegetações nativas e em terra firme a gente consegue fazer essa colheita em até duas vezes no ano. Com base nisso, esse fruto não tem uma boa aceitabilidade para consumo in natura, por ser muito azedo. Várias vezes a gente se deparava com problemas no campo. Por conta da seca excessiva as plantas acabam abortando o fruto ou quando chegávamos para colher o fruto parecia uma passa, de tão seco”, explica a agrônoma.
Benefícios do Caçari para a saúde
A pesquisadora Samantha Nunes, explica as propriedades nutricionais do fruto. O Caçari é rico em vitamina C, betacaroteno, potássio, ferro, cálcio, fósforo e outros nutrientes. Pesquisas recentes também mostram que ele tem utilidades para outros processos benéficos para a saúde.
“Tem alguns estudos que falam que o caçari pode ser útil para a redução de medidas, diminuir triguicerídeos, colesterol ou até outras doenças inflamatórias e possivelmente até doenças tumorais. É um estímulo para os produtores e para a sociedade realmente investir na produção e consumo do caçari em Roraima, pois já tem evidências que ele realmente é muito bom para diversas doenças”, explica Samantha.
O caçari também é exportado para outros países, como os Estados Unidos, Japão e para a União Européia, através das produções cultivadas no Perú, que é um dos grandes exportadores de produtos derivados do fruto. Durante a oficina foram expostos produtos como geleias, perfumes, cremes, sucos, vinhos e até refrigerantes derivados do caçari, em produções feitas em Roraima, no restante do Brasil e no Perú.