M-CRUZ

Projeto alavanca pecuária indígena no Uiramutã

Empreendimento começou na comunidade indígena Maturuca com 52 rezes; hoje o rebanho apenas na região das Serras é de 15.544 cabeças

Hoje, o rebanho apenas na região das Serras é de 15.544 cabeças de gado.
Hoje, o rebanho apenas na região das Serras é de 15.544 cabeças de gado.

Considerado um dos pilares essenciais para a conquista da terra indígena Raposa Serra do Sol, ao Norte de Roraima, o projeto de gado M-Cruz, idealizado pela Missão Católica, supera obstáculos e alavanca a pecuária bovina indígena no Uiramutã. Criado em 1980, o projeto começou na comunidade indígena Maturuca com 50 matrizes e dois bois reprodutores. Hoje, o rebanho apenas na região das Serras é de 15.544 cabeças de gado.

O projeto funciona da seguinte forma. A comunidade indígena recebe 52 rezes e tem cinco anos para aumentar o rebanho. Ao término deste prazo, o compromisso é entregar a mesma quantidade de gado a outra comunidade.

Foi o que aconteceu na manhã deste domingo, dia 16, quando ocorreu mais um repasse de 52 rezes, sendo 50 matrizes e dois bois reprodutores. A comunidade indígena Mudubim entregou o rebanho à comunidade Morro, que agora também terá cinco anos para aumentar seu rebanho.

Coordenador geral do projeto, Nilo Batista André

O coordenador-geral do projeto M-Cruz, Nilo Batista André, e o conselheiro fiscal regional, Valmiro Estácio Lourenço, foram até a comunidade Mudubim conferir o repasse de perto durante a “ferra” do gado, que contou com a presença do prefeito do Uiramutã, Tuxaua Benísio (Rede), do secretário municipal de Educação, Damásio de Souza Gomes e de dezenas de vaqueiros da região.

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“Trabalhamos com 56 lotes apenas na região das Serras, o que totaliza 2.912 cabeças. Mas o projeto também contempla mais três regiões: Surumu, Baixo Cotingo e Raposa. A comunidade Mudubim encerra hoje seu ciclo de cinco anos e repassa as 52 rezes à comunidade do Morro, que também terá cinco anos para aumentar seu rebanho”, explicou Nilo André.

O coordenador-geral disse que a pecuária bovina indígena é o principal eixo de produção dos povos originários do Uiramutã. “Nossa criação de gado é forte porque todas comunidades trabalham com a responsabilidade de aumentar o rebanho. Com isso, produzimos carne, leite, doces e queijo, o que movimenta nossa economia”, observou.

O tuxaua da comunidade indígena Mudubim, Júlio César Henrique, disse que o trabalho nesses cinco anos de projeto foi baseado na sustentabilidade. No total, a comunidade Mudubim tem atualmente 580 rezes. Lá moram 52 indígenas, sendo 12 pais de família.

“Conseguimos aumentar nosso rebanho nesse período, mas em muitas ocasiões faltou sal para os animais. Essa foi nossa maior dificuldade por causa do difícil acesso a esta região, cercada por muitas serras e igarapés”, relatou Júlio César.

O tuxaua da comunidade indígena Morro, Nikson Ambrósio, aguardava ansioso receber as 52 rezes para também aumentar o rebanho do seu povo nos próximos cinco anos. “Esse projeto alavanca a pecuária indígena. É muito importante para a economia e o desenvolvimento da região das Serras”, concluiu.

Tuxaua da comunidade Mudubim, Júlio César Henrique.

A pecuária indígena é uma atividade que envolve a criação de gado em terras indígenas. Ela pode ser praticada de forma comunitária e reforça a identidade dos povos originários.

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