Jessé Souza

Apenas um degrau para seus interesses politico particulares 14112

Apenas um degrau para seus interesses político particulares

Jessé Souza*

Pelo menos oito vereadores de Boa Vista pretendem concorrer aos cargos de deputado estadual ou federal nas eleições deste ano. Um número bem expressivo. Inclusive, há vereador que viaja mais para o interior do Estado do que conhecendo a realidade dos moradores da Capital, sem se preocupar com possíveis críticas.

Embora todos tenham o direito de tomar suas decisões políticas, essa grande leva de vereadores vislumbrando uma campanha eleitoral antes de cumprir seu mandato para o qual foram eleitos mostra que conquistar uma vaga na Câmara Municipal de Boa Vista, para muitos, tem apenas a finalidade de servir de degrau para seus interesses particulares.

Pouco se viu de atuação de vereadores nos últimos anos, em favor da coletividade, a não ser do envolvimento em escândalos. Ao contrário, já houve vereador preso, acusado de violência doméstica, envolvimento em arruaças e até denunciado por envolvimento com o tráfico de droga. Além das seguidas aprovações de aumento salarial e de verba de gabinete, em atuações em causa própria.

Enquanto isso, não se viu atuação em projetos que precisam da ação dos parlamentares a fim de contribuir para o desenvolvimento de Boa Vista, atacando os principais problemas, na contribuição para melhorar a mobilidade urbana, nas ações para enfrentar a imigração desordenada e elaboração de projetos que contribuam para melhorar a infraestrutura urbana diante do crescimento da cidade.

É por isso que surge a necessidade de ficar de olho nesses prováveis candidatos no que diz respeito a utilização do cargo e de servidores em campanha eleitoral, como já ocorreu no passado, além de observar quem são os patrocinadores dessas candidaturas ou a forma como essas possíveis campanhas eleitorais irão se desenrolar.

A Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) é bem clara sobre condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais, ente elas emprego de materiais ou serviços custeados pelos governos ou casas legislativas, bem como cessão de servidor público ou empregado do Executivo; ou, ainda, utilização de seus serviços em comitês de campanha eleitoral durante o horário de expediente.

Não se pode permitir que cargo de vereador se transforme em trampolim eleitoral. Especialmente com a utilização de seus cargos apenas para viabilizar suas candidaturas e agradar o grupo político aos quais pertencem. Pior:  nunca ter atuado para honrar o mandato e apenas tenha utilizado o cargo como instrumento visando  viabilizar suas candidaturas.

É por isso que o eleitor precisa analisar bem a situação de vereadores que por ventura se declarem candidatos, a fim de saber quais deles realmente trabalharam em favor do povo, se apresentaram projetos relevantes ou se ficaram apenas nas indicações de nome de rua ou conceder títulos para pessoas pensando no voto de suas famílias.

Também é necessário ficar atento ao que eles fizeram nos poucos anos de mandato, se estiveram envolvidos em escândalos e operações policiais, por exemplo. Porque não há como pensar em desratizar a política se o eleitor continuar votando em pessoas envolvidas em crimes ou que estão usando a política para seus propósitos particulares ou de grupos.

*Colunista