Minha Rua Fala

MINHA RUA FALA 10426

FILHOS DO NORTE, NETOS DO NORDESTE.

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Desde a construção do Forte de São Joaquim (1775-1778) já há registro de nordestinos entre os militares. O fundador da Fazenda Boa Vista, que deu origem à cidade, o capitão Inácio Lopes de Magalhães, era cearense. Assim como também era cearense o capitão Bento Ferreira Marques Brasil. Ambos foram Comandantes do Forte São Joaquim.

Em 1877 ocorreu uma grande seca no Nordeste brasileiro. Milhares de famílias deixaram seus municípios, suas terras e suas casas e procuraram outros estados onde pudessem trabalhar e ter melhor condição de vida. A maioria veio para a Região Norte, principalmente para o Amazonas, Acre e para o vale do rio Branco (Boa Vista – Roraima). Praticamente, todos os dias, chegavam à Boa Vista (na época um pequeno povoado em torno de uma fazenda) dezenas de famílias vindas do Nordeste. Eram cearenses, maranhenses, pernambucanos, paraibanos, piauienses, e tantos outros que chegavam à procura de trabalho.

Emprego formal, com direito à carteira de trabalho assinada, não havia, e o jeito era procurar trabalho nas fazendas de gado ou na agricultura por conta própria, já que havia muita terra ainda por ser desbravada. Neste caso, estas famílias passaram a plantar o que teriam de comer no dia-a-dia, no sistema que se chama hoje de “agricultura de subsistência”. “O que planto só dá prá comer”, era comum ouvir esta expressão da maioria das famílias que aqui chegavam e que conseguiam um pedaço de terra para morar e plantar. Outras optaram por trabalhar nas fazendas dos “coronéis” – como eram chamados os fazendeiros proprietários de grandes áreas de terra e de muito gado. Dinheiro em espécie, quase não havia em circulação, já que nem agência bancária existia e o comércio no centro da cidade se resumiu em ou duas “vendas” (pequenos comércios). O vaqueiro trabalhava na fazenda sob o regime de “Quarto”, isto é, de cada quatro bezerros que nascesse ele tinha direito a um dos bezerros. E, assim, durante seguidos anos, foram adquirindo o seu próprio gado e, por conseguinte, formaram o seu próprio rebanho, e passaram a instalar a sua própria fazenda.

No final do ano de 1943, o governador do Território Federal do Rio Branco, o capitão Ene Garcez dos Reis, criou duas Colônias Agrícolas: Coronel Mota (no Taiano) e Braz de Aguiar (no Cantá), com o objetivo de produzir gêneros alimentícios para Boa Vista, principalmente Arroz, Feijão e Milho. E, em 1951, a Colônia Agrícola Fernando Costa (hoje o Município de Mucajaí), criada no governo do Dr. Gerocílio Gueiros, passou também a fazer parte da produção de alimentos que abasteciam a própria Colônia como também Boa Vista.

Recentemente, quando da transformação do Território Federal em Estado de Roraima, no dia 05 de Outubro de 1988, conforme o Art. 14 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, constantes na atual Constituição Federal, o Estado de Roraima recebeu milhares de famílias nordestinas, particularmente do Maranhão, que vieram a convite do primeiro governador do Estado, o brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto. Estas famílias hoje estão inseridas no mercado de trabalho, produzem e contribuem com o desenvolvimento socioeconômico de Roraima.

Monumento aos Imigrantes: – Há em Boa Vista, diante da Orla Taumanan, na Praça Fábio Barreto Leite, um Monumento que retrata a chegada das primeiras famílias nordestinas em Boa Vista e, que por sua vez, através dos personagens ali inseridos, homenageia também os atuais descendentes destas ilustres famílias.

 A Prefeita de Boa Vista,Maria Teresa SaenzSurita, em seu primeiro mandato (01/01/1993 a 31/12/1996, queria fazer uma homenagem às famílias pioneiras da cidade.

O artista plástico e escultor roraimense Luiz Canará, deu forma ao “Monumento dos Pioneiros”, instalado diante da Orla Taumanan, no berço histórico de Boa Vista.

O Luiz Canará (Luiz Carlos da Silva Mota) era bisneto do Coronel Mota (João Capistrano da Silva Mota – o primeiro Superintendente de Boa Vista (1890). O Luiz Canará era filho do casal Cosme da Silva Mota e de América Clementina Mota. Ele nasceu no dia 19/06/1953 e faleceu no dia 13/09/1996.

Assim, como o artista plástico e escultor, Luiz Canará, homenageou as famílias pioneiras, assim também o poeta e cantor roraimense Eliakin Rufino, também prestou esta homenagem, com a música “Neto do Nordeste”:

            “Eu tenho um pé no Ceará /O meu avô era de lá / Eu tenho um pé no Maranhão / Eu tenho mais eu tenho a mão / Eu tenho um pé no Piauí /Rio Grande do Norte passa por aqui / Eu tenho um pé em Pernambuco / Tenho uma perna no sertão / Eu tenho um braço na Bahia / Uma costela em Alagoas / Na Paraíba o Coração / Quem é filho do Norte / É neto do Nordeste / Sou chuva na floresta /Sou mandacarú do agreste /Quem é filho do Norte / É neto do Nordeste / Sou farinha de caboclo / Eu sou cabra da peste”.