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BOA VISTA – 130 ANOS

A Fazenda que deu origem à Capital do Estado

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Devido as inúmeras incursões de espanhóis, ingleses e holandeses no vale do rio Branco, a Coroa Portuguesa decidiu fortalecer sua presença na região, e determinou a construção de um Forte. O local escolhido foi uma área na confluência dos rios Tacutu com Uraricoera e a construção levou três anos (1775 a 1778). O Forte de São Joaquim do Rio Branco teve como construtor e primeiro comandante o engenheiro alemão Felippe Sturm. A partir da instalação do Forte, criou-se no entorno vários aldeamentos indígenas e Vilas de militares e civis.

Em 1830, ao deixar o comando do Forte São Joaquim, o capitão Inácio Lopes de Magalhães, casou-se com a jovem Liberata Batista Mardel (filha do major Carlos Batista Mardel e neta do Frei José dos Inocentes, o padre militar do Forte São Joaquim).

O casal Inácio Magalhães e Liberata Mardel resolveu instalar uma fazenda, a que chamou de: “Fazenda Boa Vista”, situada às margens do rio Branco, na antiga povoação de Nossa Senhora do Carmo, numa área antes ocupada pelos índios Paravilhanas (Paravianas).

Com a instalação da sede da Fazenda em 1830, foi se formando um povoado, depois Vila, e em seguida foi criada a “Freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco” no lugar denominado “Boa Vista”, através da Lei Provincial nº 092, de 09 de novembro de 1858. As terras do novo povoado foram organizadas e reconhecidas pela Lei nº 132, de 29 de julho de 1865, que incorporou a região “das corredeiras do Rio Branco para o Norte” à Freguesia de Nossa Senhora do Carmo.

Com a grande seca no nordeste brasileiro, no ano de 1877, houve um grande êxodo de pessoas vindas para o Estado do Amazonas e, por sua vez, para o alto rio Branco (Boa Vista – Roraima), a maioria passou a trabalhar em fazendas de gado. Nesse contexto, aumentou a população e a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo foi elevada à categoria de Vila, com a denominação de “Vila de Boa Vista do Rio Branco”.

Devido à venda de gado e couro, juntamente com os primeiros diamantes para o Amazonas, se fez necessário a coleta de imposto para Manaus, o que fez com que o governador da Província do Amazonas AUGUSTO XIMENES DE VILLEROY (que alguns pronunciam como Villerruá, por ser de origem francesa), através do Decreto nº 049, datado de 9 de Julho de 1890, criou o Município de Boa Vista do Rio Branco, com território desmembrado da Vila de Moura, do Estado do Amazonas.

Quem foi VILLERROY – Com a Proclamação da República (15/11/1890), formou-se em Manaus uma Junta Provisória, chamada de “O Clube Republicano”, com o objetivo de fazer a transição do poder da Monarquia para a nova República. A Junta era composta por Domingo Teófilo Carvalho Leal – Presidente do Partido Republicano-; O tenente coronel Antonio Florêncio Pereira do Lago – comandante das armas e capitão de fragatas; e Manoel Lopes da Cruz – comandante da Flotilha do Alto Amazonas.

A Junta, seguida de grande massa popular, seguiu até o Palácio do Governo, onde o Barão do Solimões entregou-lhes o Governo. Era 21 de novembro de 1889. Essa Junta permaneceu no poder até 04/01/1890, quando foi substituída por um só presidente da província, o GENERAL AUGUSTO XIMENES DE VILLEROY, tendo como vice-governador o senhor Guilherme José Moreira – Barão do Juruá.

Villerroy era capitão de engenharia. Ao ser nomeado para governar o Amazonas foi promovido a general. A nomeação de Villerroy obedeceu às “Instruções do Governo Provisório, do generalíssimo Deodoro da Fonseca”, o 1º Presidente da República Federativa do Brasil, 1889-1990).

Augusto Ximenes de Villerroy governou a Província do Amazonas no período de 04 de janeiro de 1890 a 02 de novembro de 1890. E, uma de suas primeiras iniciativas frente ao governo foi dissolver o Congresso Legislativo, espécie de Assembleia Provincial, e as Câmaras Municipais. Extinguiu empregos, reformou as repartições públicas, e fez outras mudanças com indicação para chefes de setores na administração governamental.

Em 07 de janeiro de 1890, Villerroy extinguiu o ensino religioso nas escolas, cumprindo o Decreto Presidencial de 07 de janeiro de 1890, que instituía a “Liberdade de Culto, a Secularização dos Cemitérios, e, ainda, a Adoção do Casamento Civil.

Villerroy era um administrador honesto. Honestíssimo. E, se isso é uma virtude, para ele foi um pesadelo, pois recusou inúmeras “propostas” o que lhe trouxe muitas inimizades. Dos seus poucos amigos, sobressaía-se a figura do Diretor de Obras o tenente de engenharia Eduardo Gonçalves Ribeiro.

Para equilibrar as finanças estaduais o Dr. Ximeno (como Villerroy era comumente chamado pelo povo), pôs fim às atividades que achava que eram dispendiosas demais, entre elas o Jardim Botânico. Tudo isso ele fazia, mesmo contragosto, para sanear as finanças, equilibrar o orçamento e realizar as obras necessárias.

Ao deixar o governo, não quis passar ao seu vice, o Barão do Juruá, Senhor Guilherme José Moreira. Villerroy preferiu fazê-lo entregando ao seu amigo e diretor de obras Eduardo Ribeiro, que governou de 02 de novembro de 1890 a 05 de maio de 1892.

A contribuição maior de Augusto Ximenes de Villerroy à nossa terra, foi a assinatura do Decreto nº 049 de 09 de Julho de 1890, criando o Município de Boa Vista do Rio Branco. Em sua homenagem a Prefeitura Municipal de Boa Vista, através da Câmara Municipal, denominou uma avenida com seu nome: a Avenida Villerroy (Leste, nascendo do Centro Cívico até a Faculdade Cathedral, no Bairro Paraviana). E, Oeste, nascendo do Centro Cívico até a Avenida das Guianas, quase em frente à Rodoviária de Boa Vista.

Em 1943 foi criado o Território Federal do Rio Branco ( Criado pelo Presidente da República Getúlio Vargas, através do Decreto-lei n.º 5812, de 13 de setembro de 1943, e delimitado pelo Decreto-lei 6550, de 31 de maio. Teve como primeiro governador o capitão Ene Garcez dos Reis. Em 1962, mudou o nome para Território Federal de “Roraima” (conforme o Decreto-Lei Federal de nº 4.182, de 13 de dezembro de 1962).

E, em 1988, conforme o Artigo 14 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Brasileira, promulgada no dia 05 de Outubro de 1988, o Território Federal de Roraima foi transformado em Estado de Roraima.

Boa Vista, capital, completará 130 anos, amanhã, quinta-feira, dia 09 DE JULHO.