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O SACRIFÍCIO DAS TRÊS VIRGENS – A LENDA DO TEPEQUÉM.

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A Serra do Tepequém teve seu nome originado das palavras indígenas “Tupã queem” que quer dizer: “Deus do fogo”.

Os antigos índios macuxis acreditavam que ali era um imenso vulcão que vivia sempre “zangado”, e, para aplacar a ira do “Deus do Fogo” (Tupã Queem), teriam que sacrificar três Cunhantãs (moças) virgens, jogando-as na boca do vulcão, só assim a vida na região voltaria à normalidade.

A LENDA:

Conta uma lenda macuxi que um imenso vulcão que vivia sempre “zangado” jogava longe as suas lavas queimando e destruindo tudo a sua volta. Os índios daquela região já se encontravam desesperados, pois não havia mais o que caçar ou pescar. O fogo destruía as roças de macaxeira, banana, o buriti e o tucumã, os animais, fugiam assustados, os pássaros já não sobrevoavam mais a região.

Certo dia, um Pajé convocou a todos da tribo para se reunirem e em volta da fogueira, o Pajé recebeu uma mensagem: “Teriam que ser sacrificadas três virgens, só assim aplacaria a fúria do vulcão”. As três mais bonitas Cunhantãs (moças/adolescentes/virgens) se apresentaram para realizar o sacrifício em benefício do seu povo, e num ritual, num sublime gesto de renúncia, atiraram-se dentro do vulcão.

Tupã Queém (Tepequém) aceitou o sacrifício, e os índios viram aplacada a fúria do vulcão que parou de lançar suas lavas de fogo.

E, em vez de fogo, o vulcão (Tepequém) começou a jorrar Diamantes. Então, dai em diante, a vida na região, voltou ao normal, surgiram novas vegetações, os animais regressaram e muitas riquezas surgiram no local.

O “vulcão” (hoje extinto) é a grande Serra do Tepequém.

E, um detalhe: Se você estiver no platô (em cima) da serra do Tepequém, terá à sua frente, na paisagem, 03 (três) lindas serras que representam as 03 (três) virgens sacrificadas.

O platô da serra do Tepequém, chega a 1.022m de altitude.

A serra do Tepequém é um acidente geográfico localizado no Município de Amajari, estado de Roraima. Situa-se a 210 km da capital, Boa Vista, e apresenta vários atrativos turísticos, além da linda paisagem natural. Há cachoeiras, vilas, hotel (do Sesc) e caminhos para trilha. Ali, a Natureza caprichou em belezas naturais.

A coloração da cor do fogo decorre de sua formação rochosa em Arenito – que tem a propriedade de refletir a incidência solar nos meses do Verão, o que provoca forte calor e projeta nas paredes da Serra a coloração avermelhada!, o Tupã Queém.

O GARIMPO NO TEPEQUEM.

O Tepequém foi cenário principal do período econômico mais importante para o Estado de Roraima, caracterizado pela exploração de ouro e diamantes. O lugar ficou marcado pelos vários cursos de rios alterados pela lavra, mas também pela presença de uma população que mantém as referências dessa história, recomposta no olhar da memória daqueles que viveram ou frequentaram a Vila do Cabo Sobral, principal centro das relações sociais nos tempos onde os diamantes do Tepequém eram moeda corrente.

Uma das primeiras expedições para exploração do minério, datada de 1930, quando chegou ao Tepequém o garimpeiro guianense Mezach Breunstz, conhecido como Bruston, natural da, na época, Guiana Holandesa, hoje Suriname, acompanhado de dois homens.

O Mister Bruston, que tem vários netos ainda morando em Roraima, era um garimpeiro contratado pelo Adolpho (Adolfo Brasil), para constatar a veracidade das informações de Antônio Piaui (o verdadeiro descobridor do Tepequem), que havia dito que descobrira muitos Diamantes na serra do Tepequém.

Constatado a veracidade da informação, o Adolfo Brasil foi ao Rio de Janeiro e registrou o Tepequem em nome dele.

Após esses fatos iniciou-se, efetivamente, entre os anos de 1936 e 1937, o “boom” do garimpo de Diamantes da serra do Tepequém, povoando o lugar com a esperança do “bamburro” (riqueza), vindo gente de toda parte do país.

Foram muitos os garimpeiros e diamantários (compradores e vendedores de Diamantes) que fazem parte da história do Tepequém, dentre eles:

Adolpho Brasil, Antônio Bezerra Nunes, Aracati, João Araújo de Souza (Cuia), Zé Maria, Neuza, Passarão, Pedro (Pedro do Ônibus), Porvina, Mochão, Levino de Oliveira, Nego Pina, Velho Barrudada, Luiz Oliveira, Zé Ferreira, João de M. Rodrigues, Wando Preto, Zelio Mota, Lídio Sousa, Jonas Dias, Waldemar Pisa Miúdo, Mariano Vieira, Rubens Lima (pai), Zé da Russa, Honorato Lima, Vicente Araújo, Zé Queiroz, Paraíba Pilão, Zé Francisco, Crisnel Ramalho, Onésimo Cruz, e tantos outros.

Na área do topo da Serra do Tepequém, dentre muitas pousadas, há de se registrar a Estância Ecológica Sesc Tepequém – , afora as Cachoeiras do Paiva, Sobral, Barata, Funil e outras. Acesso pela BR-174 até o km 100, depois seguindo pela RR 203 (asfaltada) até o trevo do Trairão. Depois dali, são 4 km serra acima. É recomendável que o carro tenha tração 4 x 4.

Para retratar a história e a lenda em pintura, o artista plástico (desenhista, pintor e tatoo – tatuador), Adriano Abreu, concebeu em sua brilhante criatividade, este Quadro – onde retrata o “Sacrifício das três virgens – a Lenda do Tepequém”.