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RODOVIÁRIA INTERNACIONAL DE BOA VISTA

– JOSÉ AMADOR DE OLIVEIRA – BATOM –

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O conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, constitui o patrimônio histórico e artístico nacional. O ex-ministro da Cultura o cantor Gilberto Gil acrescentou: “Patrimônio também é o suor, o sonho, o som, a dança, o jeito, a ginga, a energia vital, e todas as formas de espiritualidade da nossa gente. O intangível, o imaterial”.

A Rodoviária de Boa Vista é um bem público e patrimônio histórico. Além de embarque e desembarque de passageiros, também conta com lojas de venda de produtos variados, banca de revistas, lanchonetes e agências de viagens no transporte terrestre.

Nos anos 1980 até meados de 1990, houve em Boa Vista ocorreu um acréscimo no número de pessoas vindas de outros estados, motivadas pela reabertura do garimpo na região do Tepequém, Suapi, Couto de Magalhães e noutros locais no interior de Roraima. Nesta época, a Rodoviária de Boa Vista passou a ser o local mais movimentado da cidade. Além disto, muitos garimpeiros (alguns com suas famílias), sem ter moradia própria, dormiam em redes armadas nas dependências da Rodoviária.

Recentemente, no período de 2018 a 2020, com a entrada de milhares de imigrantes vindos da Venezuela, passando pela fronteira em Pacaraima até chegar à Boa Vista, a maioria se espalhou pelas ruas e pelas praças (a Praça Simon Bolivar, próxima à Rodoviária, foi a que mais recebeu imigrantes venezuelanos), e até dentro da Rodoviária e na área externa, muitas famílias se acomodaram como puderam.

A Rodoviária Internacional de Boa Vista (recebe e embarca pessoas do Brasil, Guiana e da Venezuela), por si só, é um cartão-postal da cidade e o portal de entrada e saída de passageiros de Boa Vista. A exemplo do Aeroporto, a Rodoviária é a primeira impressão e última lembrança da cidade.

A Rodoviária Internacional de Boa Vista foi inaugurada em março de 1979 no Governo do coronel Fernando Ramos Pereira, e recebeu o nome de um dos seus Administradores: José Amador de Oliveira- Batom.

Primeiro expliquemos o nome “Batom”. É um apelido brincalhão que os colegas de trabalho do José Amador de Oliveira, passaram a chama-lo assim, devido ele ser quase negro, lábios grossos e em tom avermelhado, lembrando um lábio com batom. No princípio ele não gostou nem um pouco do tal apelido, mas com o passar do tempo, levou passou a rir quando assim o chamava. De tal forma que quase ninguém se referia a ele como José Amador, mas como “Batom”.

José Amador de Oliveira foi mestre-de-obras e construtor. Nasceu em Manaus à Rua Bandeira Branca no Bairro de Aparecida no dia 20/03/1925.

Aos 23 anos deixou Manaus e veio para o então Território Federal do Rio Branco, chegando aqui em 1948. No ano seguinte foi contratado pela construtora Rio-Obras Industrial Ltda, passando a integrar a equipe do engenheiro Darcy Aleixo Derenusson, responsável pela urbanização em modelo radioconcêntrico da cidade de Boa Vista, com as principais avenidas irradiando em feixes a partir do Centro Cívico.

Nas horas de folga Batom encontrava tempo para o futebol, fazendo sucesso como jogador do Rio Branco Sport Clube.

Em 05/12/1953 José Amador casou-se com Virgínia De Oliveira Franco, com a qual teve as filhas: Maria Auxiliadora (Mana, é engenheira casada com Roberto Leonel); Jônia Franco (médica); Jane Franco (agrônoma, casada com Armando Silva); e Josane Franco de Oliveira Xaud (agrônoma, casada com Hadime Xaud). Delas descendem os netos: Leonardo Leonel Oliveira Vieira, Luiza de Oliveira Xaud e Beatriz Franco de Oliveira e Silva.

Em 1963 José Amador foi admitido no Governo Territorial na função de Mestre e Fiscal de Obras. Participou efetivamente da construção do Hotel Boa Vista – hoje Aipana Plaza Hotel; Fórum de Boa Vista, Praça da Bandeira, Praça Capitão Clóvis, Conjunto Residencial do Bairro São Francisco, Ponte sobre o rio Cauamé; casas residenciais em Santa Maria do Boiaçú; e das pontes sobre os Igarapés Jacitara e Saúva, além da construção do Ginásio Orientado para o Trabalho-GOT- da Escola Barão de Parima, e do Palácio do Governo.

No período de 1982 a 1988 Batom foi Administrador da Rodoviária de Boa Vista (prédio que hoje ostenta seu nome). No ano seguinte foi transferido para o DETRA (sem o “N”, e meses depois mudou o nome para DER/RR – Departamento de Estrada de Rodagem de Roraima).

José Amador permaneceu trabalhando no DERR/RR até 1995, quando aposentou-se, depois de prestar 30 anos de bons serviços à Roraima.

Na Maçonaria, José Amador era Mestre Maçom ativo e prestativo, Iniciado na Sublime Ordem no dia 03 de abril de 1972 na Loja Maçônica “20 de Agosto” do Grande Oriente em Boa Vista.

José Amador de Oliveira – o Batom-, faleceu no dia 02 de junho de 1999 quando estava em tratamento médico no Rio de Janeiro no Hospital da Real e Benemérita Sociedade Beneficência Portuguesa, aos 74 anos de idade.

A esposa, dona Virgínia, o denominou de “Bravo e honrado lutador”. E, ela tem razão. José Amador (o Batom) adquiriu seu patrimônio com a dignidade do suor do seu rosto, molhado pelo trabalho diuturno na construção de Boa Vista.

Em 2010, a Assembleia Legislativa, em solenidade especial, reconheceu e homenageou José Amador como “Orgulho de Roraima”. O Título foi recebido in memoriam, por um dos seus netos.

A Rodoviária Internacional de Boa Vista José Amador de Oliveira – BATOM – está situada na Avenida das Guianas (BR-401) – Bairro São Vicente.