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BANZAI –

Os japoneses em Roraima.

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No dia 18 de junho de 1908, chegou ao Porto de Santos, em São Paulo, o navio Kasato-Maru que saíra de Kobe, trazendo os primeiros 781 imigrantes japoneses, de 165 famílias, para o Brasil. Os imigrantes foram encaminhados no mesmo dia para as fazendas de café em Sorocaba, cidade produtora de café no interior de São Paulo.

Ao longo dos anos e décadas seguintes, numerosas embarcações do Japão trouxeram cerca de 260 mil imigrantes. O fluxo cessou em 1973, com a vinda do último navio de imigração (o navio Nippon Maru).

Com a bagagem, o povo nipônico (japonês) trouxe também costumes, arte, língua, crenças e conhecimentos de uma cultura milenar que em muito contribuiu para o crescimento do país. Já são 113 anos de imigração japonesa para o Brasil.

Atualmente, o Brasil abriga a maior comunidade de descendentes de japonês no exterior: são cerca de 1,5 milhão de pessoas com a ascendência, de acordo com o Consulado Geral do Japão em São Paulo. Enquanto, o Japão possui a terceira maior comunidade brasileira fora do país, cerca de 185 mil pessoas, segundo Ministério da Justiça do Japão.

Em Roraima, o primeiro japonês que chegou ao Território Federal do Rio Branco (Roraima) foi o senhor Katsukus Dói (nasceu no dia 23/04/1915). Ele veio para o Tepequém em 1951 e passou a trabalhar com garimpo de ouro e diamante. Depois foi para Normandia e, retornou para Boa Vista onde trabalhou como mecânico de avião e piloto. Anos depois foi para Bonfim trabalhar com agricultura, sendo um dos fundadores daquele município. O senhor Katsukus Dói faleceu em 2013, com quase 98 anos. Teve 5 filhos, dos quais 3 ainda moram em Bonfim.

As primeiras famílias japonesas que vieram para Roraima, o fizeram em dois grupos. Um grupo em 1955 e outro em 1961. No total eram 13 famílias. Onze foram para a Colônia Agrícola Coronel Mota (na região do Taiano, no Alto Alegre), e duas permaneceram em Boa Vista: a Família TSUKUDA (o casal Zenzaburo Tsukuda e Chizuko Tsukuda); e a Família EDA (o casal Kuranosuke Eda e Sui Eda).

A família Eda, se instalou no Mirandinha, no Bairro Aparecida, passando a trabalhar com horticultura, e hoje atua na área de Construção, Reforma e Jardinagem. E um de seus descendentes, Masamy Eda, foi vereador na Câmara Municipal de Boa Vista em 2007 e deputado estadual em 2014 até 2018.

A família Tsukuda também se instalou no Mirandinha, onde produziu verduras e legumes durante 10 anos. Tempos depois a família passou a comercializar gêneros alimentícios até, finalmente, abrir uma loja comercial (a “Loja do Japonês”), na Rua Sebastião Diniz, no Centro de Boa Vista, com vendas de variados produtos, desde instrumentos musicais e peças de reposição, até acessórios para eletrodomésticos. A matriarca da família, a senhora Chizuko Tsukuda, faleceu no dia 15/02/2017, aos 99 anos de idade.

Atualmente, a “Loja do Japonês” (Estivas Roraima Ltda) é administrada pelas filhas: Lúcia (Chigusa Tsukuda), Iracema (Haruyo Tsukuda) e pelo filho Paulo (Sadaya Tsukuda), e conta ainda com o filho do Paulo, o jovem Sadaya – com a irmã Sandra Léia Tsukuda.

Já para a região do Taiano, no hoje Município de Alto Alegre, foram as famílias: Hiroji e Sumi Eda, Kazuma e Masako Nakazaki, família Dohara Nabeshima (Sadako Dohara e Tadashi Nabeshima) e Família Nakazaki (Tateru Nakazaki). Na época, a viagem para o Taiano levava praticamente um dia devido à precariedade da estrada e também apresentava dificuldades de comunicação com a capital Boa Vista, o que fez com que algumas famílias japonesas não se adaptassem ao lugar, e foram para outros Estados, particularmente para o Amazonas e Rondônia.

Em 1961 chegou a Boa Vista mais um contingente de imigrantes japoneses (composto por 9 famílias, totalizando 53 pessoas). Estas famílias também foram para a Colônia Agrícola Coronel Mota (no Taiano).

Dentre estas, as Famílias: DOI (Kenzaburo Dói e Moyo Dói). Esta família é proprietária das lojas de materiais de construção Comaco, Caçulão e Castelão.

Outra família que também foi para o Taiano: Hideshima (Sumiko Hideshima, hoje residente em Boa Vista). E, Nakamura (família de Atsunori Nakamura), com 12 filhos, morando no Alto Alegre onde produzem hortaliça.

Em 1969, chegou a Boa Vista a família de Maria de Jesus Nakai, e depois a senhora Violeta Nakai com o seu marido. Em 1974, chegou a Boa Vista o Senhor Tadashi Nakayama e passou a trabalhar com horticultura. Atualmente mora no Município de Iracema. O seu filho: Raryson Pedrosa Nakayama foi prefeito daquele município.

Na década de 1980 veio para Boa Vista o agrônomo Nelson Itikawa (casou-se com a roraimense Izabel Cristina Ferreira Itikawa). O casal é dono do complexo agroindustrial Itikawa, sendo o Arroz Itikawa reconhecido de excelente qualidade e produto de exportação.

Em 1982, veio Terezinha Nakashima (casada com o médico José Pereira de Melo). Também em 1982 veio Kazuo Tsuji e Iku Tsuji (investiu em granjas de ovos e produtos hortifrutigranjeiros na região do Monte Cristo. Atualmente a granja está sendo administrada por sua filha Clarice, que é casada com Sérgio Mizuno, e tem 2 filhas.

Em 1983 veio Fernando Luiz Eiji Lucena Imagawa. Em 1984, veio Toru Jin (faleceu em 2010). Em 1985, veio Ademar Takemiti Sato, Edna Mitsuko Hara – casada com José Francisco Rocha (estes são empresários na área de comércio de utensílios de pesca).

E, em 1988, veio Shiro Seki (casada com Natsuyo Seki Dói, filha de Moyo Doi). A empresária Natsuyo Seki veio com a família para Roraima na segunda leva da imigração para a região do Taiano e hoje a família está em Boa Vista onde tem vários negócios empresariais.

Em maio de 1991chegou o senhor Shoichi Kato e sua esposa, acompanhada do seu irmão Yukio. A família Katô é uma referência na produção de frutas e verduras na região do Passarão. O senhor Yukio Kato (Catô) faleceu em 2011 e a esposa Shoichi Kato faleceu em 2015.

Em Pacaraima há a família do senhor Masahiro Sotodate. Ele trabalha com a produção de verduras e frutas no sistema de plantação orgânica, isto é, sem uso de agrotóxico no solo.

Também merecem registro as seguintes personalidades de origem nipônicas: o professor Munehiro Shimpo – ele teve um papel muito importante na criação do Curso de Agronomia da Universidade Federal de Roraima- UFRR-, e o empresário Motoyoshi Okada, veio para Boa Vista em 2012 e faleceu no dia 29/03/2017.

Em Boa Vista, no dia 16 de junho de 2008, foi criada a Associação Nipo-brasileira de Roraima – ANIR-. E, em 2009, foi criado o Instituto Roraimense de Cultura Japonesa, para ministrar curso do idioma japonês e disseminar a cultura japonesa. A Anir é uma Bunkyo (“Entidade cultural”).

Em Roraima, são mais de 100 famílias que atuam no comércio, no agronegócio (arroz, soja, granja de ovos, hortaliças e frutas), assim como também no serviço público.

Podemos ainda destacar um grande empreendimento de 2 jovens paranaenses (mas, filhos de japoneses), que construíram o maior Hotel de Boa Vista (o Eco-Hotel, na Avenida Glaycon de Paiva, no Bairro Mecejana).

Hoje, Boa Vista concentra vários restaurantes com culinária japonesa e há dezenas de empresas sediadas no Distrito Industrial que tem como empresários os filhos e netos de japoneses que aqui chegaram na década de 1950.

A título de informação, a palavra “Banzai” É uma expressão que os japoneses costumam falar e significa literalmente “10 mil anos de vida”, como a desejar Vida Longa. Então, eu digo: “Banzai” aos Isseis (japoneses nascidos no Japão), Nisseis (filhos de japoneses), Sanseis (netos de japoneses) e aos Yonseis (bisnetos de japoneses), pois eles ajudaram a construir Roraima.

“Domo arigatô gozaimasu” (em japonês, significa: “Muito obrigado”).