Opinião

Mauricio Ye kwana vai a ONU 10823

FUI À ONU PELO BRASIL

Maurício Ye’kwana*

Tive a oportunidade de levar a voz dos povos indígenas para a Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, no dia 25 deste mês. Falei da situação do povo Yanomami e Ye’kwana no Brasil, onde nosso território está sendo invadido por mais de 20 mil garimpeiros que levam doenças como a malária, bebidas alcoólicas, drogas e violência para as comunidades e ainda poluem os nossos rios com mercúrio, contaminando também nossos parentes. Mencionei também que em 2020, dois Yanomami foram assassinados por garimpeiros. Falei da situação em meio a pandemia, que a presença da mineração ilegal tem levado também a Covid-19 para as comunidades que vivem próximas ao garimpo. Dói ver a floresta sendo destruída e a nossa vida ameaçada.

Foi necessário acessar esse organismo internacional para que nosso apelo fosse escutado. Aqui no Brasil não estamos conseguindo ser ouvidos pelo governo atual, que faz apenas ataques contra os povos indígenas. Por isso, enquanto liderança indígena, precisamos tomar atitudes diante da postura do Governo Federal em relação aos povos indígenas. Posturas que têm interferido na vida das populações indígenas, dos povos da floresta. Uma política anti-indigenista que ameaça Terras já demarcadas, reconhecidas de fato e de direito pela constituição brasileira, ataques preconceituosos, descaso e abandono diante da pandemia, pressão para a regulamentação de mineração em nossas terras. Essa postura também tem interferido na base, pois chama a atenção de indígenas que estão sendo aliciados e comprados e isso afeta diretamente as comunidades.

O pronunciamento do Bolsonaro esta semana, na Assembleia Geral da ONU, apresenta uma realidade completamente distorcida da vida dos povos da Amazônia, dos indígenas do Brasil, principalmente dos Yanomami e Ye’kwana, aqui em Roraima. Ele nem deveria mencionar e nem falar dos povos indígenas, porque ele só ataca os nossos direitos. Não somos responsáveis pelo desmatamento, nem pelas queimadas, não incentivamos a exploração mineral em terras indígenas. O próprio governo faz isso! A Terra Indígena Yanomami tem mais de 60% de sua área coberta por requerimentos minerários.

Estamos em plena Campanha Fora Garimpo, Fora Covid, uma grande mobilização que pede a saída dos invasores, pois esse é o papel do Estado brasileiro. Nós indígenas tememos por um novo genocídio para nosso povo.

Por isso, pedimos apoio para a campanha assinando a petição que pede a desintrusão dos invasores, a saída dos garimpeiros ilegais da nossa terra. Ajude a salvar as nossas vidas, a nossa floresta. Entre na página foragarimpoforacovid.org, conheça a campanha e abrace também a nossa luta.

Pedimos também mais respeito pela nossa cultura, nossas tradições. Não ter discriminação, principalmente, racismo. A luta do povo Yanomami e Ye’kwana é pela sobrevivência, para manter a floresta em pé, sem a floresta nós não temos vida. Por isso, é importante levar a nossa mensagem para o Brasil e para o mundo. A sociedade não indígena precisa nos conhecer, saber quem são os povos indígenas e por que lutamos. Eu gostaria que as autoridades escutassem nosso grito pedindo a desintrusão dos invasores ilegais das Terras Indígenas. Essa luta é de todos nós, é o nosso dever proteger o planeta.

*Líder indígena e diretor da Hutukara Associação Yanomami

COMO SERIA UM MUNDO SEM OS FARMACÊUTICOS?

Vinícius Bednarczuk de Oliveira*

Patrícia Rondon Gallina**

O farmacêutico é um profissional de saúde que muitas vezes é lembrado apenas por trabalhar nas farmácias vendendo medicações, e por este motivo acaba sendo desvalorizado pelos demais profissionais e até mesmo pela população. Mas, como seria nosso mundo se não existissem os farmacêuticos? Essa é uma pergunta que poderia gerar muitas respostas, e por isto queremos ressaltar aqui os grandes feitos destes profissionais. 

Imagina como seria os encontros de família aos domingos sem um refrigerante de cola na mesa? Você sabia que John Stith Pemberton era farmacêutico e também inventor estadunidense responsável por ser o criador da fórmula da Coca-Cola? Há quem prefira o sabor do refrigerante concorrente, a Pepsi, que também foi desenvolvida por outro farmacêutico chamado Caleb Bradham.

Como seria a literatura brasileira sem Carlos Drummond de Andrade? Pois bem: Carlos Drummond além de grande poeta era farmacêutico!

Imagina chegar em uma cidade do Brasil e não encontrar uma loja do Grupo Boticário? Miguel Krigsner, também farmacêutico, é fundador do grupo e responsável por tornar o Brasil muito mais belo e cheiroso, e suas fragrâncias também estão presentes em mais 14 países.

Maria da Penha Maia Fernandes, infelizmente não teve uma história muito feliz, mas ficou conhecida por um bom motivo, a farmacêutica brasileira lutou para que seu agressor viesse a ser condenado, e a partir da dor e luta dela, houve a criação da lei cujo objetivo é estipular uma punição adequada e coibir atos de violência doméstica, a lei recebeu o nome de Lei Maria da Penha em sua homenagem.

Já imaginou como seria o mundo sem os medicamentos? Diagnosticar doenças e não poder tratar? Da dor de cabeça ao câncer, todas as enfermidades do mundo sem qualquer tipo de comprimido, cápsula, pomada ou xarope para auxiliar no alívio dos sintomas e cura das doenças. Definitivamente seria muito mais difícil viver. Mas graças à ciência e aos farmacêuticos, nós podemos contar com diversos recursos para aliviar as dores da humanidade. 

Se engana quem pensa que estes profissionais trabalham apenas nas farmácias. Os farmacêuticos também estão presentes nos laboratórios de análises clínicas, perícia criminal, indústria de cosméticos, indústria de alimentos, indústria de medicamentos, agência nacional de vigilância sanitária, aeroporto, distribuidoras de produtos médicos e odontológicos, farmácias, clínicas de estética e nas universidades. E o que todos estes locais têm em comum? Podem não se parecer em propósitos ou aspectos físicos, mas, em todos estes ambientes haverá um farmacêutico trabalhando.

O farmacêutico é um profissional da saúde, mas diferentemente dos demais profissionais da área que têm sua atuação mais centrada, é um profissional plural, que possui formação sólida e generalista, permitindo que trabalhe nas mais diferentes áreas, sendo uma das profissões mais contratadas nos últimos anos.       

Dia 25 de setembro, comemora-se o dia Internacional do Farmacêutico, data que objetiva fortalecer essa classe profissional mundialmente, demonstrando a sua importância como profissionais de saúde, que se dedicam diariamente a melhorar a qualidade de vida da população.

Os farmacêuticos famosos citados neste texto são apenas alguns exemplos marcantes que possuem seus feitos registrados na história. No Brasil, existem mais de 221 mil farmacêuticos distribuídos em 136 diferentes especialidades que estão cotidianamente produzindo novos medicamentos, procurando a cura para diferentes doenças e, ao mesmo tempo, dispensando medicamentos com todos os cuidados necessários à população. Nossa contribuição enquanto autores deste texto e farmacêuticos que atualmente trabalham no ensino farmacêutico, é de formar futuros profissionais que sigam nos enchendo de orgulho e realizando feitos que podem mudar a história da humanidade.

*Farmacêutico, doutor em Ciências Farmacêuticas, coordenador do Curso de Farmácia e de Práticas Integrativas e Complementares do Centro Universitário Internacional Uninter.

**Farmacêu
tica com MBA em Farmácia Estética, professora do Curso de Farmácia do Centro Universitário Internacional Uninter.

O PIÃO RODOPIANDO

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O pião rodopia

e dança no chão

salta com alegria

para a palma da mão.”

(Eliakin Rufino)

Não há quem não se lembre com doçura, dos momentos em que brincávamos com pião. Mas só quem viveu os momentos deliciosos de uma infância feliz e uma adolescência fruto da felicidade infantil. Revivi aqueles momentos, numa espiadinha na poesia do Eliakin, ontem pela manhã. Durante o tempo que passei na Ilha Comprida, senti falta de livros e cadernos importantes, para mim, que ficaram em Boa Vista. Mas voltei para casa. Estou de volta. A saudade foi mais forte e alertou-me para a felicidade que não deveria ser esquecida, na convivência na Terra de Macunaíma.

Mas tudo bem. Estamos revivendo momentos tão felizes que nem mesmo essa pandemia está conseguindo apagar. E sem derramamento de sentimentalismo, vamos tentar, e conseguir, reviver os momentos mais agradáveis que já vivemos nesta Boa Vista Linda de se Ver. Tenho reencontrado grandes amigos dos quais senti saudade. Não sei se você se lembra, mas já repeti, várias vezes, por aqui, o pensamento dos saudosistas: “Saudade é a presença da ausência.” (Laudo Natel) O Bob Marley disse que: “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos.”

Senti muito isso na Ilha, quando, na varanda, ficava contemplando o movimento lá pela Praça. As diferenças eram enormes, mas os pensamentos e sentimentos eram bem maiores. Motivos aparentemente insignificantes tornaram-se importantes e acabaram me trazendo de volta para a Terra que adoro e venero.

Um abração de voltas, a todos os amigos e amigas que tenho e respeito, e quero encontrar para um abraço quebra-costelas. Mesmo que este não seja mais do que o obrigatório, obrigado pela pandemia, numa cotovelada ou um socozinho mão a mão.

O importante está no sentimento que sentimos quando nos encontramos. Amizade é coisa que não se desfaz. Quando algo a interrompe é porque não era amizade.

Quando estiver se lembrando de alguém a quem você ama e respeita, envolva seu pião com o barbante e o faça rodopiar, depois o traga para a palma da mão. Ame todos os seus amigos. Eles nunca se afastarão de você, independentemente da distância física que os separe, no momento. O amor é indestrutível. Ele está dentro de nós. O importante é que saibamos o quanto ele é indispensável para nossa felicidade.

Procure viver cada minuto do dia, hoje, como se não existisse o amanhã. Porque amanhã você viverá a felicidade que plantou, hoje, com muito amor. Nunca se preocupe no externar sua felicidade. O importante é que sua felicidade seja transmitida, e só você pode fazer isso por você. Pense nisso.

*Articulista

Email: [email protected]

95-99121-1460