Minha Rua Fala

Minha Rua Fala 20 02 2019 7719

AVENIDA TERÊNCIO LIMA – Centro da cidade: “Resgatando a memória para preservar a História”

Terêncio Antonio de Lima, nasceu no Estado do Pará no ano de 1855. Ainda muito jovem foi para Manaus acompanhando o seu padrinho Sebastião José Diniz (Rua Sebastião Diniz) que era um rico fazendeiro, possuidor de várias propriedades na Amazônia. Os nomes de Sebastião Diniz e o de Terêncio Lima, estão intimamente ligados a primeira estrada ligando Manaus a Boa Vista. A construção dessa estrada era um dos maiores sonhos dos habitantes dos campos gerais do vale do Rio Branco. Foram 14 meses de caminhada, iniciando em 13/11/1893 sendo concluída no dia 13/01/1895.

Sob a chefia do Sebastião Diniz, acompanhado do Terêncio Lima, e entre especialistas (topógrafos) e trabalhadores braçais o total era de 52 homens. Eles percorreram 815 quilômetros, sendo 761 Km em mata virgem e 54 nos campos de Roraima. Ultrapassaram 9 rios caudalosos e 734 igarapés. Fincaram no solo 816 marcos quilométricos em toda a extensão e limparam a picada de arbustos e árvores menores. Tudo isto, usando apenas machados, facões, terçados, foices e enxadas. A picada desenvolveu-se cortando os rios: Tarumã, Cueiras, Urubu, Uatumã, Jauaperí, Anauá, Baraúna, rio Branco e rio Mucajaí.

A estrada que eles, sacrificadamente, fizeram já não existe mais. Partia de Manaus até a hoje localidade de Novo Paraíso, e de lá seguia para a Serra da Lua, passando por onde hoje estão as colônias Confiança I, II e III, e, vinha até o Cunhã-Pucá. Do total de 52 homens, apenas 18 conseguiram chegar a Boa Vista, e mesmo assim, em estado deplorável de saúde e fome, alguns vinham carregados nos ombros dos companheiros e outros, praticamente, se arrastando. Os demais, lamentavelmente, ficaram para sempre na imensidão da selva.

Dentre os sobreviventes e que conseguiu cumprir a jornada de trabalho, estava o Terêncio Lima. Por seu trabalho, Sebastião Diniz deu-lhe várias fazendas e gado. Terêncio Lima foi também um dos maiores conhecedores do rio Branco. Para se ter idéia, poucos práticos de barco tinha coragem de fazer a travessia da cachoeira do Bem-Querer (no Município de Caracaraí) em virtude das enormes pedras nas corredeiras. Terêncio Lima tornou-se um especialista em guiar os barcos com mercadorias e passageiros na travessia dessa e de outras cachoeiras. Foi o mais hábil prático de barco que o Território já conheceu.

O Prático é o profissional que direciona, controla e aponta os rumos seguros de uma embarcação, além de otimizar o fluxo de embarque e desembarque de cargas, sem descuidar dos aspectos inerentes à preservação da vida humana sobre as águas. Em termos técnicos, ele recebe o nome de aquaviário e deve conhecer profundamente a geografia local. Pois bem, entre Boa Vista e Caracaraí tinha uma série de cachoeiras (corredeiras) e, entre elas, havia um desvio pela margem esquerda do rio Branco, o chamado Paraná do Cujubim.

Os passageiros sofriam durante o tempo em que as embarcações venciam o trajeto do Cujubim. Todos ficavam com a atenção voltada para o prático do barco que fazia prodígios nas manobras para não bater nas pedras e o conseqüente afundamento do barco. Em Boa Vista, nos verões rigorosos, quando era comum faltar mercadorias e até gêneros de primeira necessidade, a chegada do barco do Velho Terêncio, era motivo de festa. Ele tinha dois barcos de transporte: o Pierrô e a Columbina.

Quase toda a população  se deslocava até o porto a fim de assistir, de perto, o desembarque do açúcar, café, sal, querosene e outros gêneros preciosos para uma população carente e ilhada pelas imensas distâncias. Auxiliavam o “Velho Terêncio”, seus filhos: Lázaro, Nazareno, Antonio Tota, Aristides, Miro, Raimundo Doca, Chico e Arlindo. Terêncio Lima foi casado com a senhora Caetana e com ela teve 3 filhos: Lázaro, Nazareno e Tota Terêncio.

Ao ficar viúvo, casou-se com a senhora Francisca Bessa De Lima (Dona Sinhá). Ele tinha à época 39 anos e ela apenas 14 de idade. O casal teve 14 filhos, dos quais estão vivos: Clemilda (hoje com 88 anos de idade), Columbina, Lurdes, Tereza e o filho Sabá (Sebastião Bessa de Lima). A mãe de Francisca, a senhora Guilhermina de Holanda Bessa, foi a responsável pela construção da Igreja de São Sebastião, como pagamentos de uma promessa para curar o seu gado que estava acometido de doenças e a cada dia morriam vários animais. Milagre acontecido, promessa paga.

Terêncio Antonio de Lima faleceu em Manaus no dia 19 de agosto de 1942.

Em sua homenagem, a Prefeitura Municipal de Boa Vista denominou uma avenida com seu nome: A Avenida Terêncio Lima, é a continuação da Avenida Major Williams. Nasce na Avenida capitão Ene Garcez, passa em frente ao GRESSB, atravessa as Avenidas Mário Homem de Melo e Glaycon de Paiva; passa atrás do Quartel da Polícia Militar, atravessa a Avenida Ville Roy e as Ruas Benjamin Constant e Consolata; e, cruza a Avenida Getúlio Vargas, finalizando na Rua Sebastião Diniz.