Minha Rua Fala

Minha Rua Fala 23 01 2019 7568

OCUPAÇÃO DEMOGRÁFICA DE RORAIMA: Povoação e influência na vida social e econômica do Estado.

Em 1861 o fazendeiro Sebastião Diniz transferiu-se da Ilha de Marajó, no Pará, para o Amazonas e, de lá trouxe para os lavrados do rio Branco, uma grande quantidade de bois, cavalos, cabras, ovelhas e aqui fundou mais de vinte fazendas, dentre elas: Truarú, Pau-Rainha, Iracema, Bonfim, Cunhã-Pucá e outras na região da Serra da Lua. 

Sebastião José Diniz, casado com Anna Francisca Diniz, foi também pioneiro no transporte fluvial do rio Branco com barcos a vapor em viagens de Boa Vista à Manaus e de lá até Belém, no Pará. E, com recursos próprios, ajudou na ocupação desta região trazendo para trabalhar em suas fazendas várias famílias do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e de outros estados nordestinos. Naquela época, poucos se atreviam a vir para a Amazônia.  O temor eram os índios, onças e malária.

Sebastião Diniz fornecia passagens gratuitas e alimentação às famílias que vinham para o rio Branco, onde passavam a trabalhar nas fazendas e com direito à participação no gado. De quatro bezerros nascidos, um pertencia ao vaqueiro. Foi assim que muitos passaram a possuir os seus próprios rebanhos em suas fazendas próprias.

Todo este movimento migratório ajudou a povoar a região.

A migração maior se deu no período de 1877/1878, devido à grande seca no nordeste brasileiro, fazendo com que o êxodo para a terra de Macunáima (Roraima) fosse intensificado, registrando-se diariamente a chegada de barcos transportando famílias vindas do Nordeste. 

Ao chegar, estas famílias eram alojadas num barracão à beira do rio branco até a chegada dos carros-de-bois ou barcos que as levavam para o interior. Depois de algum tempo, os novos migrantes formaram fazendas e se entrelaçaram em casamentos com índias nativas e com as famílias não-índias, já residentes, como por exemplo: com os Magalhães, Brasil, Mota, Souza Cruz, Pereira, entre outras

Migração:

As correntes migratórias dos anos 1970 (em grande parte militares e funcionários públicos) chegaram à Boa Vista e passaram a ocupar cargos nas áreas da administração e da Segurança do Território Federal de Roraima. Além disso, nesse mesmo período, continuavam chegando grupos de nordestinos e sulistas em busca dos assentamentos agrícolas.

No período de 1987 a 2000 aconteceu outra corrente migratória, desta vez provocada pela chegada de garimpeiros, e a cidade de Boa Vista inchou repentinamente com mais de 30.000 pessoas que vieram em busca de Ouro e diamantes, o que favoreceu o comércio, mas gerou problemas sociais de imediato, afetando a segurança pública.

Em 1988, com a transformação do Território Federal em Estado (em 05 de outubro), preparou-se o cenário para a eleição (em 1990) do primeiro governador. Venceu o brigadeiro Ottomar de Souza Pinto. Mas, este não pode tomar posse de imediato, devido o número de eleitores serem insuficientes, à época, que justificasse a efetiva instalação do Estado.

O governador Ottomar Pinto, se viu na necessidade de “convidar” centenas de famílias, principalmente do Maranhão, para Boa Vista. O resultado foi outra expansão demográfica, em contrassenso à falta de habitação e meios de subsistência para todos. Ainda assim, com ajuda quase diária de alimentação, moradia e transporte, estas famílias permaneceram em Roraima e hoje fazem parte do cotidiano com o efetivo trabalho.

Imigração: – Os estrangeiros em Roraima.

A crise econômica e política que assola a Venezuela desde 2013 tem tido seus desdobramentos também no Brasil, particularmente em Roraima.

Para fugir da escassez de alimentos e da falta de empregos, milhares de venezuelanos atravessaram a fronteira e vieram para Roraima. O município de Pacaraima (fronteira com a Venezuela) foi o que mais sofreu o impacto da repentina onda migratória. O que se viu eram centenas de pessoas espalhadas pelas ruas em busca de trabalho e comida.

A Organização das Nações Unidas (ONU) contabiliza que cerca de 2,3 milhões de venezuelanos já fugiram para outros países. E, conforme o Governo Federal brasileiro, quase 128 mil venezuelanos entraram no Brasil por Pacaraima entre 2017 e dezembro de 2018.

Para amenizar o problema populacional, o governo de Roraima tem viabilizado junto a Prefeitura de Boa Vista, Exército brasileiro e à representação da ONU em Boa Vista, meios para que estes imigrantes, na condição de “refugiados políticos”, recebam tratamento humanitário e solidário. Abrigos foram instalados em diversos pontos da cidade e, junto à Força Aérea e, com apoio da Presidência da República, o governo do estado tem viabilizado o que chama de “Interiorização” – a saída de imigrantes venezuelanos para outros estados.

Ainda assim, se estima que há mais de 50 mil venezuelanos em Boa Vista. Parte, já está no mercado de trabalho, e outra está esperando a documentação fornecida pela Polícia Federal, pra irem para outros estados e, de lá, para outros países.

Na semana passada, uma comitiva de ministros, enviada pelo Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, esteve em Boa Vista e em Pacaraima (nos dias 17 e 18 deste mês de janeiro), com a finalidade de ver “in loco”, a real situação destes imigrantes. Ficou acertada, junto ao governo de Roraima, a instalação de novos abrigos e o envio de verbas para minorar as despesas que o estado tem todos os dias com os imigrantes em solo roraimense.

Além dos venezuelanos, há também os haitianos, os porto-riquenhos e os guianenses.