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PARTE 3 – OS PORTUGUESES NO VALE DO RIO BRANCO

Passados mais de 200 anos desde a tomada de posse da terra que seria chamada de “Brasil”, pelos portugueses no ano de 1500, com Pedro Álvares Cabral, o vale do rio Branco, hoje Roraima, era uma região sem atrativos comerciais. Os portugueses mantinham apenas um interesse estratégico por ser uma barreira natural para conter a invasão de estrangeiros espanhóis, ingleses e holandeses. Foi a partir de 1750, quando o reino de Portugal tomou conhecimento destas invasões, é que começou o povoamento da região com a construção do Forte de São Joaquim em 1775 (concluída a obra em 1778), às margens do rio Tacutu.

As condições geográficas da região, com vegetação de cerrado e relevo plano, favoreceram a pecuária, iniciada em 1789, com as primeiras cabeças de gado trazidas do Amazonas. No século seguinte, as regiões próximas aos principais rios foram sendo ocupadas por fazendas acompanhadas da estratégia portuguesa de evangelização dos índios, bem como a integração do vale do rio Branco ao comércio das regiões do Amazonas e de Belém do Pará.

Entre as propriedades rurais do Governo Português, estavam as Fazendas Nacionais: São Bento, São José e São Marcos fundados em 1830, que ocupavam toda a região do alto rio Branco. Também havia propriedade particular, como a “Fazenda Boa Vista”, de propriedade do ex-comandante do Forte São Joaquim, o capitão Inácio Lopes de Magalhães. A Fazenda Boa Vista estava situada onde hoje está o “Restaurante Meu Cantinho”, em frente à Orla Taumanan, no Centro Histórico da cidade. E, a partir da Fazenda, Vila e Freguesia é que no dia 09 de julho de 1890 o governador do Estado do Amazonas, o coronel Augusto Ximenes de Villeroy, criou por meio do Decreto nº 049, o Município de Boa Vista do Rio Branco, no dia 09 de julho de 1890, a partir do desmembramento das terras do Município de Moura.

E, a cidade cresceu dependente da navegação do rio Branco, sobretudo porque era uma época em que ainda não havia estradas com veículos (caminhões, ônibus). O desenvolvimento socioeconômico deveu-se à inauguração da BR-174, ligando Manaus a Boa Vista, em 1975.

O “Porto da Intendência” (Intendência era o nome que se dava à antiga Prefeitura) foi por muitos anos o ancoradouro dos barcos transportando pessoas e mercadorias. Depois este porto recebeu o nome de: “Porto do Cimento” (onde hoje está a Orla Taumanan), devido o local haver sido cimentado para melhor receber as mercadorias que chegavam nos barcos.

E, em torno daquele Porto começaram a construção de moradias das primeiras famílias não índias que aqui chegaram: Magalhães, Brasil, Mota, Souza Cruz, Figueiredo, Fraxe e várias outras. E, neste contexto, chegaram a Boa Vista os irmãos portugueses: Júlio Teixeira Ramalho, David Teixeira Ramalho e Carminda Teixeira Ramalho, acompanhados dos pais Domingos Teixeira Ramalho e Joaquina Rosa dos Santos.

A Família Ramalho saiu da Cidade do Porto, em Portugal, veio para o Brasil, primeiramente em Belém, Manaus e, finalmente aportaram em Boa Vista em 1907.  Inicialmente a família passou a trabalhar na agricultura de subsistência, mas tempos depois,  faleceu o patriarca Domingos Teixeira Ramalho e, devido às dificuldades financeiras, os filhos Júlio e David Ramalho passaram a trabalhar como pedreiros.

Eles participaram da construção da Torre da Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo e da construção do prédio da Prelazia (na Rua Bento Brasil) sob as ordens do mestre de obras o senhor Gaspar. Também participaram da construção das casas da Família Brasil e da primeira estrada de Boa Vista em direção a Mucajaí (onde hoje é a Rua Professor Diomedes – a que passa atrás do Comando de Policiamento da Capital da Polícia Militar – CPC).

Em 1929, David Ramalho se casou com a jovem Rosa Maria Galvão, filha de Antonio Pinheiro Galvão e da senhora Rita (dona Ritinha) Maria Galvão. O casal teve 7 filhos: Íris Ramalho, nascido em 08/07/1930; Ilsa (1932); Izaura (1936); Isac (1939); Izaíra (1941); e Lucas (1948). O patriarca David Teixeira Ramalho faleceu em 26/11/1975.

O irmão dele, o senhor Júlio Teixeira Ramalho (nascido em 1899, na cidade do Porto, em Portugal), era também um mestre na construção civil e participou da construção de várias obras, dentre elas a do prédio do antigo Hospital Nossa Senhora de Fátima.

Enquanto seu irmão David havia ido morar no Amajari, o Júlio Ramalho foi para a região do rio Tacutu, onde tinha o seu sítio de nome “Porre” e, onde se casou com a jovem Josefa Alves dos Reis Ramalho, com a qual teve 03 filhos: Idelmocido, Iderocildo e Idelmo Alves dos Reis Ramalho. O patriarca Júlio Teixeira Ramalho faleceu no dia 27/06/1935.

O filho do Júlio, o senhor Idelmo Alves dos Reis Ramalho, casou-se com a senhora Raimunda Cavalcante Ramalho e tem os seguintes filhos: Julio Sergio (Oficial Bombeiro Militar, hoje na Reserva); Jander (no Tribunal de Justiça), Jener (na Imprensa Oficial) e o Jadson Ramalho (na Secretaria da Educação). Deles descendem 6 netos.