Minha Rua Fala

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24 DE ABRIL – DIA DO ESCRITOR RORAIMENSE

O Governador, à época, Ottomar de Sousa Pinto determinou a publicação no Diário Oficial nº 304, de 29 de março de 2006, o Decreto nº 6.991-E-, de 27 de março de 2006, decretando o dia 24 de Abril como o “Dia do Escritor Roraimense” em homenagem a data de nascimento da escritora Maria Macaggi – “Nenê Macaggi”, nascida no dia 24 de abril de 1913 (em Paranaguá, no Paraná), radicada em Roraima desde 1940.

Maria Macaggi (Nenê Macaggi) era filha de Narcizo Lourenço Macaggi e de Maria de Paiva Macaggi. Ainda muito jovem se mudou para o Rio de Janeiro onde começou sua carreira jornalística no “Jornal do Brasil” e no “Jornal de Notícias”, além de escrever para algumas revistas semanais, dentre elas: “A Carioca”, “O Malho”, e “A Seleta”. Seus primeiros romances foram: “Chica Banana”, e “Água Parada” – ambos escritos em 1930; e “Contos de Dor e Sangue” (1940); 

No início de 1940 recebeu do Presidente da República Getúlio Vargas, uma carta de apresentação, que deveria ser mostrada aos Interventores dos Estados (governadores indicados pelo Presidente) para facilitar-lhe o livre trânsito aonde quer chegasse. Nenê Macaggi viajou por todo o Brasil, aportando em Manaus no final daquele ano. 

Nenê Macaggi encantou-se com a selva Amazônica, e tal era seu entusiasmo pela região, através de publicações e reportagens onde enaltecia a beleza da flora, fauna e riquezas minerais, além do seu contato amistoso com índios de várias etnias, defendendo-lhes seus direitos, que recebeu o título de “Rondon de saias” – uma analogia ao viajor do sertão e defensor dos índios o Marechal Cândido Mariano Rondon. 

Nenê Macaggi foi nomeada Delegada Especial do Serviço de Proteção aos Índios (antigo SPI, hoje a FUNAI), e depois a matricularam como Garimpeira. E, como tal, esteve garimpando em Roraima na região do Cotingo, onde faleceu o seu marido José Soares Bezerra, vítima de febre amarela. O casal teve apenas um filho: o médico veterinário, e já falecido, José Augusto Soares Macaggi (casado com Vera Soares e, com ela, os filhos: José Soares Neto, Raul Macaggi Soares, e Aramis Macaggi Soares).  Há a neta Natália Luiza Campos (filha de José com Neyle Campos). 

Em 1942 retornou à Boa Vista e fixou definitivamente sua residência (na Avenida Consolata – defronte ao SEBRAE). Aqui ocupou vários cargos públicos: revisora da Imprensa Oficial, Conselheira de Cultura, e Presidente de Honra da Academia Roraimense de Letras. 

A importância de nenê Macaggi para a literatura roraimense, se intensificou quando ela começou a escrever sobre o cotidiano da vida do boa-vistense. Seu romance “A Mulher do Garimpo”, escrito na década de 70, é considerado o marco inicial da produção literária em Roraima. Depois vieram:

“Conto de Amor, Conto de Dor” (1970), “Exaltação ao Verde” (1980); “Dada Gemada – Doçura Amargura (1980); “A Paixão é coisa Terrível” (1990); e “Nara-Suê Uerena – O romance dos Xamatautheres do Parima”.  Este romance ficou à espera de publicação por mais de 15 anos.   

Em 1980 a Câmara Municipal de Boa Vista, por iniciativa do à época vereador Altair Souza, concedeu o Título de Cidadã Boa-Vistense à escritora Maria Macaggi (Nenê Macaggi), conforme Decreto Legislativo nº 090/80, publicado no dia 26/08/1980.

Em 1992, quando o Governador Ottomar Pinto inaugurou o Palácio da Cultura, deu a ele o nome de Nenê Macaggi. Dias depois, um deputado na Assembleia Legislativa entrou com uma ação judicial, alegando que não era permitida a denominação de logradouros públicos com nome de personalidades ainda vivas. O povo ficou indignado, mas, o nome da escritora foi retirado. Isso abalou a vida de Nenê Macaggi, que na época já estava com a saúde debilitada e triste pela falta de incentivo à publicação de suas obras.

Depois do falecimento de Nenê Macaggi, em 04 de março de 2003, o Conselho de Cultura solicitou novamente que fosse redenominado o Palácio da Cultura com o nome de Maria Macaggi (Nenê Macaggi), sendo atendido pelo governador, à época Francisco Flamarion Portela, através do Decreto Estadual nº 5.975-E, de 27/09/2004. 

Em 2006, o Conselho Estadual de Cultura, através da Câmara de Letras, solicitou ao Governo do Estado que o dia 24 DE ABRIL, data de nascimento de Nenê Macaggi, fosse instituído como o DIA DO ESCRITOR RORAIMENSE. E, assim o governador atendeu, “Considerando que a vida e o talento fizeram de Nenê Macaggi a Grande Dama de Roraima nas Letras, pelo que é justo referenciar-lhe a data do seu nascimento”.

Hoje (24/04/2019), também registro com louvor o escritor e engenheiro agrônomo roraimense Dorval de Magalhães (17/02/1914 – 09/02/2006). A vida literária de Dorval ficou registrada com a publicação de quatro obras. Os dois primeiros trabalhos foram considerados técnicos: um, em 1978, “Agropecuária Roraimense”` e o outro, em 1984, referente à história de Roraima (Roraima: Informações históricas). A vertente poética do escritor também ficou para a posteridade. Dorval escreveu um livro de poesias com o título “Áurea”. E, em outro momento, escreveu um livro de crônicas, intitulado “Este mundo está doente”, onde criticava a ganância dos países ricos pelo petróleo brasileiro. 

Em 1996, em parceria com o maestro Dirson Felix Costa que compôs a música, Dorval Magalhães escreveu a letra do atual “Hino do Estado de Roraima”. E, é também de sua autoria o Hino da Polícia Civil do Estado de Roraima.