Opinião

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INACREDITÁVEL MUNDO NOVO

Leonardo Costa*

Quando o romancista inglês Aldous Huxley, em 1932, mostrou ao mundo oseu célebre romance, “Admirável Mundo Novo” ou “Brave New World”(na versão original da língua de Shakespeare), ele publicou mais que um livro sobre um futuro longínquo e pouco provável da humanidade, ele cunhou uma expressão parafraseada por milhares e milhares de pessoas ao longo da história (neste bojo, eu me incluo) que tentam expressar, e/ou entender, as muitas mudanças que passamos ao longo de nossa breve história.

Mas nem o mais talentoso escritor de ficção cientifica de todos os temposseria capaz de conceber um enredo descrevendo o ano de 2020 como estamos vivendo. Há algum tempo, tal obra, se existisse, estaria ao lado do livro de Huxley nas livrarias e muito provavelmente esse livro seria tratado como só mais uma obra sobre um provável apocalipse terreno.

Infelizmente, hoje, para todos nós, fomos apresentados a um “INACREDITÁVEL MUNDO NOVO”, pois o mundo que conhecemos, assim como, todas as nossas crenças e convicções mais profundas sobre segurança, educação, economia, saúde, liberdade, convivência, trabalho e tantas outras coisas crenças e convicções acabaram, pois tudo, absolutamente tudo mudou.

Desde que começou a pandemia da COVID-19 não só o homem comum, mas homens extremamente letrados e profundos conhecedores de todas as ciências terrenas tentam, sem sucesso, entender o que nos aconteceu esse ano. Hoje não temos liberdade, não podemos trabalhar, estudar, abraçar, nos aproximar, andar nas ruas e tantas outras coisas básicas que, até outro dia, era inimaginável de acontecer e que, abruptamente, nos foi tungado nesses últimos instantes.

Economias em todas as partes do mundo estão ruindo, mesmo as mais sólidas, pois, a força de trabalho que move os mealheiros e os erários estão simplesmente paradas. Dezenas e dezenas de países entraram com pedido de auxilio econômico junto ao Fundo Monetário Internacional na última quinzena de março deste ano, por conta dos reflexos econômicos da pandemia global. Milhões e milhões de pessoas desempregadas e esse número não para de crescer. Outro que só cresce é número de vítimas fatais do Novo Corona Vírus pelo mundo, dizimando cidades e abalando milhões de famílias que nem velar seus mortos podem.

Hospitais apinhados de pessoas que não sabem se irão viver ou morrer, estes mesmos hospitais, por sua vez, estão ainda abarrotados de cadáveres que nem ao menos lhes foi dado o direito a um último encontro com seus entes e amigos.

Nós, que sobramos, fomos trancafiados em casa por um inimigo invisível, mas extremante poderoso e por mais doloroso que nos seja, devemos ficar em casa. Milhares de nós vão falir, perder o emprego e passar por alguns dos piores dias de nossa história e, muito tristemente, muita gente vai sucumbir a este inimigo. Estes serão tempos sombrios, mas acredite, ficar em casa e ajudar a diminuir a curva de infecção é a melhor coisa que podemos fazer.

Absolutamente tudo que conhecemos vai mudar, o jeito que trabalhamos, que estudamos, que interagimos com o mundo e como nos relacionamos com os demais “ENTES NATURAIS”. Nossas convicções mais profundas sobre o mundo que conhecemos será jazida e agrilhoada no mais longe recôndito da nossa memória pois nada mais será como antes. Escolas, faculdades e todos os centros de ensino do mundo terão que aprender sobre “educação remota”. A próxima qualidade laboral essencial a ser requisitada para os que estiverem procurando emprego no pós-pandemia será: “Você sabe fazer isso em teletrabalho?”.

Todos os governos da terra terão que desenvolver protocolos unificados de biossegurança e controles epidemiológicos com gordos orçamentos que incluam tanto a parte da saúde pública quanto reservas para resguardar a economia de outro colapso.

Hoje as celebridades do momento são virologistas, infectologistas e cientistas e os objetos de desejo, de grande parte da população mundial, são máscaras de proteção e álcool em gel.

Nunca crenças tão dadas como certas foram tão confrontadas. Mesmo com o fim da pandemia pouquíssimas pessoas terão coragem, de pronto e imediato, de retomar todos os seus velhos hábitos. O medo social, o risco de uma reinfecção (que não sabemos ainda se é possível, então não podemos descartar), o colapso econômico, a mudança de rotinas, o luto coletivo e o clima de incerteza serão só alguns elementos da amalgama alma humana do homem do pós-COVID-19. Estes serão os tempos do crisol.

Já vi alguns historiadores afirmarem que o século XXI começou com o infame episódio do 11 de setembro, mas hoje eu vos apresento um século XXI reinventado, o “século XXI 2.0”, moldado pelo medo e pela incerteza que nem os delírios de Aldous Huxley poderiam conceber, um século de um “INACREDITÁVEL MUNDO NOVO”.

*Professor especialista em planejamento estratégico e análise de ambientes e negócios digitais.

E-mail: [email protected]

DEFENDA O QUE É NOSSO

Linoberg Almeida

Seja quando quer dar uma de João-sem-braço mandando à Câmara projeto de reforma da previdência municipal durante a situação de emergência em saúde pública, como se ninguém fosse dar bola; ou quando renova e adita contrato de 77 milhões de reais com empresa lá de longe sem nova licitação fazer, o sistema político mostra sua face mais perversa, e só uma pessoa pode mudar isso: você.

Aqui, lugar que filha de Maria acorda cedo pra sonhar, já vivemos sem aulas nas escolas municipais há 21 dias. Somos mais 30 % da população abaixo da linha da pobreza e, quando a merenda escolar é uma das garantias que Marias e Joãos não passarão fome, a distribuição de kits com comida que seria feita pelas merendeiras depende de decisão política do executivo, que alivia o sentimento de dor nesse momento, como o leite que Casas Mãe já têm entregado por aí.

Vereadores podem pedir, indicar, mas cabe ação da prefeitura na logística de distribuição às famílias nas escolas, todas atendidas com recurso federal do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Sei que você sabe a diferença que faz essa cesta, acrescida de informes de higiene e limpeza nas mãos de quem precisa. E se for com verduras, legumes e frutas de quem não está vendendo nas feiras melhor ainda. Poder público sensível educa pelo exemplo, que não cabe em 140 caracteres do Twitter.

Logo agora que não se pode o jeito macuxi de abraçar, use um pouco do seu tempo para cobrar gestão raiz. O sistema político só muda na pressão.

A mexida no PRESSEM virou água (por enquanto) porque houve mobilização. Político ético é aquele que age ouvindo as pessoas, no tempo certo, pensando no bem comum, respeitando o dinheiro público; repudiando jeitinhos ou desvios de finalidade; compromissado com a verdade que respeita as diferenças; não usa do poder para perseguir; e ainda entende e defende os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. E isso só rola se você se envolver, com 2 metros de distância, tá ok?

Assumamos nossas responsabilidades. Se um cidadão retira o dinhei
ro da bolsa de alguém é ladrão. Se cidadão que retira o dinheiro da merenda ou transporte escolar é ímprobo, desonesto, por que este não é execrado como o batedor de carteira? Tempos depois uns são eleitos para conduzir recursos públicos. Maquiagem, auréolas, asas, discursos, voto como trampolim e muito dinheiro vem por aí. Só não diz que não avisei.

As peças estão se movendo para uma nova eleição que se avizinha. O Corona atrapalha, mas não para o tempo. O longe fica perto num piscar de olhos. O futuro pode ser diferente, com ajustes de rota. Apagar luz de praças virou medida extrema em terra que não se fez de cada esquina uma sala de aula em que eu e você somos os responsáveis pelo nós. Se quem pode deve ficar em casa e tem gente nas ruas por lazer é que a mensagem institucional comunicada por quase 11 milhões de reais não está funcionando. Quem pode, está fazendo a sua parte?

É preciso outro jeito da gente semear e colher. Te digo na fé que não dá pra viver só de ouvir o que agrada os ouvidos. Minha experiência está acabando, mas levo a certeza que aos Antônios e Marias deixo um legado de responsabilidade e amor que não cabe em palavras. A semente de um novo tempo só brota se a regarmos eu, você, os que logo voltam para sala de aula, os que vão se aposentar com dignidade, depois de tanto servir nessa terra linda, se juntos a defendermos.

Vereador e professor de Boa Vista

Brasil, colosso imenso

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Brasil, esse colosso imenso, gigante de coração de ouro e músculos de aço. Que apóia os pés nas regiões Antárticas, e que aquece a cabeleira flamejante na fogueira dos Trópicos. Colosso que se estendesse um pouco mais os braços, iria buscar as neves dos Andes para com elas brincar nas praias do Atlântico.”

Eu ainda era adolescente quando, num exame de datilografia, li esse texto posto aí encima. Só que não tinha o nome do autor. Por isso não estou citando-o. Mas vamos lá. O que importa mesmo é que durantes esses mais de sessenta anos passados, nunca me esqueci do texto. Ele reflete a grandeza do Brasil e do quanto necessitamos estender, mais um pouco, nossos braços para alcançarmos a ligação Ártico-Atlântico.

Ligação que não precisa ser geográfica. Ainda somos um gigante com o coração do tamanho do mundo, e que por isso mesmo não conseguimos nos impor.Ainda somos um país dos que pensam que são cidadãos. Ainda continuamos no mundo dos desacertos, sem saber como sair do balaio de caranguejos. Ainda somos um país considerado democrático, mas que não respeita nem obedece à democracia. Ainda não entendemos que não há democracia sem respeito. E como queremos ser respeitados se ainda não sabemos nos posicionarmos como cidadãos?

A crise abominável que estamos vivendo nos dias atuais, reflete o nosso despreparo. E ratifica meu pensamento, antigo pra dedéu, de que sempre ficamos detrás da porta esperando que os países considerados civilizados nos ensinem a sair do esconderijo. Ficamos chocados com os problemas nos países do exterior, com o Coronavírus. Mas não nos preparamos para o cara. Não vai dar pra eu me estender, mas o exemplo mais notável é a falta de vacinas nos postos de saúde, para nos proteger da gripe que pode nos ajudar contra o Corona.

A Ilha Comprida tem uma população inferior a onze mil habitantes. No entanto, ainda ninguém se vacinou, até agora, porque os postos de saúde ainda não receberam a vacina. E o gritante é que o Brasil todo está vivendo esse problema ridículo. A vacina contra gripe não deve faltar nos postos de saúde de todo o Brasil, independentemente de qualquer crise assustadora e inesperada. Aí os aparentemente críticos perguntam: onde está a vacina que deveria estar aqui? Todos nós sabemos. Menos os poderes em trio.

Pergunte para eles e veja se vai obter resposta satisfatória. Vamos nos cuidar, mas sem arrufos nem a tolice de cair na gangorra da mídia alarmista. Vamos nos cuidar com parcimônia, maturidade, e muita responsabilidade. O Coronavírus é apenas mais uma crise das que já nos abalaram nas mesmas proporções. Pense nisso.

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