Opinião

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IRRESIGNAÇÃO SELETIVA

Alex Ladislau*

Vivemos em uma época de paixões políticas, onde os temas relacionados a área são debatidos como se fossem resultados de jogos de futebol. Não existe isenção nas análises, mas tão somente defesa, a qualquer custo, do lado que se apoia.

Um grupo vai a público defender AI 5, fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, não renovação de concessão de uma emissora de TV, prisão de governadores, prefeitos, ministros do STF, até pena de morte desses atores políticos. Mas este mesmo grupo, reage feroz e violentamente quando um ministro do Supremo Tribunal Federal determina um mandado de busca e apreensão contra vários donos de perfis em redes sociais acusados de criarem e espalharem notícias falsas, as tão faladas fake news. Onde está a coerência disso?

Essas pessoas defendem a instalação de um regime antidemocrático no Brasil. Hoje em dia é comum se ver nas redes sociais a defesa da ditadura, intervenção militar e até pena de morte. Pior ainda é quando manifestações como estas saem de dentro do Palácio do Planalto, de uma reunião entre o presidente e seus ministros. O que nos faz pensar que a população está apenas seguindo as ideias difundidas por um líder que se aproveita da falta de conhecimento histórico e intelectual de alguns para disseminar ideias antidemocráticas que já experimentamos amargamente num passado não muito distante.

Não é preciso refletir muito para notar a enorme incoerência existente nestas ideias, pensamentos e ações. Defender fechamento de poderes, de veículos de comunicação e ao mesmo tempo dizer que a liberdade de expressão está em risco pela decisão do ministro Alexandre de Moraes é, no mínimo, desconforme.

Vejo muitos apoiadores do atual governo federal gritando contra o inquérito da fake news. É certo que a investigação tem uma grande falha de constituição, talvez intransponível, o plenário da Suprema Corte dirá. Mas estas mesmas pessoas que hoje gritam contra o STF, até um dia desses esbravejavam: “quem não deve não teme”, “na luta contra bandidos não se pode fazer tudo dentro da lei se não eles escapam”.

Como disse, vivemos divididos entre torcidas que apoiam toda ilegalidade contra o time adversário, mas toda permissividade ao seu time, qualquer mínima inobservância à lei neste caso provoca gritos de protesto.

O fato é que as fakenewsdevem ser combatidas por todos, assim como a legalidade deve ser observada contra todos, quer gostemos ou não. A reflexão quanto a coerência de nossas ações e manifestações deve ser diária. É preciso se despir de paixões para ver a realidade como ela é e ser coerente para ter uma posição respeitada.

Procuremos saber mais sobre o que falamos, busquemos fontes confiáveis de informação antes de repassa-las. A luta contra fake news é um dever todos nós, que queremos um país melhor. Não se constrói alicerce forte em cima de mentiras.

*Advogado

Divulgação cultural vence barreiras na quarentena

Lívia Zeferino*

Enquanto estamos em casa enfrentando um alto nível de ansiedade quanto à saúde de nossas famílias e em relação ao futuro, algumas pessoas sintonizaram suas antenas criativas e estão nos oferecendo formas de lidar um pouco melhor com o isolamento.

São os artistas, essa classe muitas vezes mal compreendida, mas que tem conseguido romper barreiras neste momento de quarentena. Graças ao trabalho sensível e à interação com diversos públicos, caíram muros de separação relacionados, principalmente, ao preconceito e à tecnologia.

Temos o exemplo da Orquestra Sinfônica do Paraná, que gravou uma versão emocionante para o “Trenzinho do Caipira” de Villa-Lobos, com cada músico em sua casa e a regência do maestro Stefan Geiger, feita diretamente de sua residência na Alemanha. Ao final, a cantora e atriz Uyara Torrente faz um solo da canção escrita por Edu Lobo. O resultado ficou tão bem-acabado que logo viralizou, de forma a alcançar espectadores que jamais estiveram na plateia de um concerto.

O caso do teatro é ainda mais emblemático. Em sua luta por ampliar audiências e ultrapassar estigmas, grupos como o curitibano Ave Lola iniciaram novas formas de alcançar seus fãs e públicos ainda mais abrangentes. A solução encontrada durante o período de isolamento foi criar a websérie “Viver no teatro em tempos de reclusão”, com depoimentos sobre dramaturgia e o fazer teatral, que envolveram quase 500 visualizações a cada capítulo.

As visitas digitais a museus também têm permitido um vínculo maior com as artes visuais, com destaque para o envolvimento de famílias ao redor do mundo na recriação de obras de arte dentro de casa, em fotografias pitorescas.

Esse papel do artista de agregar multidões, ao mesmo tempo em que fala individualmente aos corações, sempre foi fundamental, mas talvez estivesse um tanto quanto soterrado em nosso dia a dia de correrias pelo mundo. A arte é um dos poucos atalhos para a reflexão, rumo à calma interior que leva à transformação e mudanças de pensamento e comportamento.

 Ela tem esse poder. Seja por meio da música, da dança, do teatro, um poema ou uma gravura. E mesmo nesse período tão conturbado, é muito importante que o artista continue ativo. A arte vive disso, ela não entra em “suspensão de contrato”.

 Além de essas iniciativas ajudarem quem está em casa com muita ansiedade e, por que não, solidão, o ato de refletir decorrente da experiência artística traz mais calma a respeito do futuro – a vida não será a mesma depois. E o que você vai fazer dela?

 É possível dizer que esse engajamento entre público e artistas sairá da quarentena para ficar, com um novo valor para a arte. É importante, porém, que a comunicação e divulgação que estão sendo realizadas neste momento não sejam negligenciadas depois, e nada melhor do que contar com apoio profissional para isso, pensando em um planejamento mais amplo de marketing cultural e digital.

 É claro que a arte presencial nunca será substituída, mas a experiência que os próprios artistas estão tendo com a tecnologia tem trazido novos recursos a eles, de forma a agregar para sua criação agora e no pós-pandemia.

 Esses são exemplos de como a arte nos ajuda na crise e como ela quebra barreiras – é o momento para a arte virar o jogo e mostrar sua verdadeira cara: da solidariedade, proximidade e engajamento.

 *Jornalista, atriz e especialista em comunicação cultural

A importância de cada um

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O elemento mais importante da vida em sociedade é o respeito que se tem pelo indivíduo.” (Rich De Vos)

Quando sabemos que somos todos iguais, sabemos respeitar as desigualdades. Mas temos que aprender a viver em sociedade. Só quando sabemos respeitar as diferenças impostas pela sociedade é que sabemos viver nela. Então vamos fazer isso. É simples pra dedéu. É só nos respeitarmos, a nós mesmos. Como é que você quer que alguém o respeite se você não o respeita? A vida nunca será bonita enquanto não for respeitada. Então vamos viver a vida que queremos viver. E o poder está em cada um de nós. Para que sejamos felizes não devemos perder tempo com a infelicidade. E esta vem sempre de coisas que não nos interessam. E se não nos interessa, por que perd
er tempo com ela?  

Citemos outro cara que nos alegra com pensamentos positivos. O Gabriel Chalita: “A beleza não é qualidade própria das coisas. Ela existe no espírito que a contempla. E cada espírito percebe uma beleza diferente.” Eu estava iniciando este papo com você, quando o meu filho, Carlos Magno, me comunicou o falecimento de uma de minhas maiores e queridas amigas: A Márcia Seixas. Uma amizade que sempre me trouxe alegria e felicidade. Guardo nos meus arquivos, belos artigos que a Márcia me enviava durante meu período, em São Paulo, cuidando da saúde do meu filho Alexandre Magno. Lembranças que traduzem tristezas e sentimentos de pesar. Mas que não me entristecem, pelo carinho e respeito que sempre tive e terei por minha amiga Márcia Seixas. Quem sabe, um dia, ainda nos encontraremos neste mundo revoltado, de onde você apenas se afastou. Um abração carinhoso e saudoso pra você, Márcia.

Somos todos da mesma origem. Por tanto, todos iguais. As amizades fazem com que nos sintamos amados. E por isso devemos amar, sempre. O amor sempre constrói. Não há amor maior nem menor. Amamos na medida em que nos amados. E a beleza a vemos na dimensão do nosso amor. Alguém pode até achar que é tolice embelezar-se com a simplicidade de uma flor silvestre. Mas a beleza não está na flor, mas na sua maneira de vê-la. A beleza, como a felicidade, está dentro de cada um de nós. E só com a pureza de espírito, podemos ser felizes, independentemente de onde estamos, e do que vemos.

Abrace sempre, mesmo que seja à distância. Quem ainda não sentiu saudade de alguém? Quem já viveu feliz que não tenha lembranças felizes dos momentos vividos? Então valorize-se em você e com você. Ame para poder ser amado, ou amada. Toda a felicidade de que necessitamos para sermos felizes está à nossa disposição, em nós mesmos. Pense nisso.

*Articulista

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