Opinião

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O que é ser vitorioso?

Debhora Gondim*

O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus. (1 João 5: 4 e 5)

Ao ler a passagem acima fiquei meditando nela por algum tempo. Queria entender de fato o que o Senhor estava ensinando, mesmo que pareça óbvio o que Ele estava afirmando. Eu não quis buscar por meu entendimento e nem pelo de outras criaturas como eu e sim pelo que Deus estava de fato trazendo. Busquei nas escrituras a resposta para a própria escritura com ajuda do Espírito Santo, afinal ela não se contradiz, ela reafirma e interliga uma passagem na outra, um livro no outro, um testamento no outro e tudo aponta para Cristo.

Voltando-me para a passagem em si, encontro no versículo 4 duas verdades, a primeira é que o nascido de Deus vence o mundo e o segundo é que a nossa fé é a vitória que vence o mundo. Para compreender o que é ser nascido de Deus precisamos voltar ao evangelho de João, que é o mesmo apóstolo que escreveu esta carta. No capítulo 3: 3-8 afirma que não temos como ver e entrar no Reino de Deus se não nascermos de novo, se não nascermos do Espírito Santo. E só recebemos o Espírito Santo quando cremos em Jesus Cristo como nosso único e suficiente Salvador (João 7:38 e 39), crendo que Ele é o Filho de Deus que veio ao mundo para perdoar os nossos pecados, nos reconciliar com Deus e nos dá a vida eterna (João 3:16-18, 36; 5:24; 6:47; 9:35 e 36; 12: 44 e 46; Atos 10:43 e 13:39; Romanos 10:10; 1 João 5:1).

O nascer de novo traz o mesmo sentido de quando as escrituras afirmam que em Cristo somos novas criaturas (2 Coríntios 5:17).  Pois ao crê em Jesus e receber o Espírito Santo passamos pelo processo de deixarmos os hábitos antigos que exerciam força em nós por conta da natureza do nosso primeiro nascimento, que é a força do pecado e caminharmos na vence o mundo é de que ao exercermos fé em Jesus nós somos capacitados por Ele para vencer o domínio do pecado, as tentações e provações presentes na vida terrena. Assim como contramão de tudo isso em busca de santidade. Então, o sentido de quem nasce de novo Ele também venceu o mundo (João 16:33) nós também conseguiremos ao sermos moldados a Sua imagem. E nada tem a ver como muitos afirmam com vencer na vida, ter posses, dinheiro e tudo o que o mundo oferece que nos faz achar que a felicidade é aqui. 

A Vitória está em exercer fé em Jesus Cristo, como o versículo 5 vem complementar. Somente quando cremos Nele é que passamos a crê na Sua Palavra, a entender como vencemos este mundo e o real sentido de vencer o mundo. Voltando-nos as Escrituras vamos descobrindo ao longo do processo as capacitações, através do Espírito Santo para consegui alcançar Vitória. Ela vem das escolhas as (1 João 5:2 e 3). Só assim seremos considerados de fato vitoriosos.

Por fim, vêm as perguntas: você quer vencer o mundo? Quer ser vitorioso? Então saiba que não será segundo afirmações da teologia da prosperidade pregando que uma pessoa é abençoada quando acumula riquezas e nem baseado em formulas ou métodos para se tornar um campeão segundo padrões vazios deste mundo, mas em obedecer a Deus, fazendo a sua vontade, demonstrando que ama a Deus sobre todas as coisas. Para assim, conquistar o que é eterno, o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo (Filipenses 3:14). Será para vencer nossa natureza dia a dia e perseverar para alcançar alvo, Jesus. Para assim, desfrutar da eternidade com Deus.

*Teóloga e professora

Democracia mandacaru acima de tudo e de todos

Roberto Livianu*

Apartir do pensamento dos festejados professores de Harvard, Ziblatt e Levitsky, que em sua obra Como as Democracias Morrem observam a trajetória de Trump e de outros políticos populistas que chegaram ao poder pela trilha democrática, como Putin na Rússia, Orbán na Hungria, Erdogan na Turquia e Chávez, na Venezuela, para depois disto, usar o poder e solenemente solapar os pilares desta mesma democracia, muitos observadores e estudiosos têm incluído Bolsonaro neste grupo.

Fazem-no a partir da famosa hostilidade presidencial à imprensa, tolerando e até naturalizando agressões a jornalistas; de sua participação consciente em atos antidemocráticos cuja pauta inclui o fechamento do Congresso e STF; edição de Medidas de Governo antitransparência, como a MP 928, o apagão federal dos dados da pandemia e a ordem de sigilo da CGU nos pareceres jurídicos; da belicosidade emanada permanentemente em direção aos demais poderes e demais entes da federação; do total descompromisso em relação ao combate firme à corrupção, simbolizado pela MP 966, que amplifica a erosão à democracia e à confiabilidade nas instituições e no plano interpessoal.

Neste cenário sombrio, frutos não provenientes da árvore democrática têm contribuído para fazer com que as pessoas comecem a se mobilizar, ainda que virtualmente em virtude da pandemia. Falo da manifestação do general da reserva Augusto Heleno, da GSI. Ele trouxe palavras a público que sugeriam a iminência de um golpe militar. Em seguida, o jurista Ives Gandra apresentou parecer jurídico, analisando o artigo 142 da Constituição, afirmando que caberia às Forças Armadas o Poder Moderador na hipótese de confronto entre os poderes.

No entanto, a cúpula das Forças Armadas não corroborou nenhuma das duas elucubrações. E nenhum outro jurista de expressão se juntou a Ives Gandra, cujo filho, ministro do TST, é cotado para uma das vagas no STF. Com todo respeito ao nobre professor, na história do Brasil somente tivemos Poder Moderador na Constituição de 1824, então delegado ao Rei D.Pedro I, que proclamou nossa independência. As Forças Armadas protegem nossa soberania diante de eventuais ataques externos. Internamente nos resolvemos com separação dos poderes, sem moderação.

O Instituto da Democracia, que é formado por grupos de pesquisas da UFMG, IESP/UERJ, Unicamp, UNB, contando com a participação da USP, UFPR, UFPE, UNAMA, IPEA, além dos internacionais CES/UC e UBA, após ouvir 1000 pessoas, acaba de publicar alvissareiro estudo que aponta aumento da rejeição a ideias golpistas entre nós. Temos sobrevivido na aridez democrática, como os mandacarus que também sobrevivem neste clima e nos dão até flor.

Numa das mais relevantes indagações feitas pelo estudo, relacionado ao sentimento de proteção à democracia, quando se perguntou aos entrevistados se um golpe militar se justificaria numa situação de muita criminalidade, em 2018, o percentual de aceitação a golpe era de 55,3%. Em 2019 caiu para 40,3% e na edição 2020, que acaba de ser divulgada, o índice desabou para 25,3%. Ou seja, menos da metade do patamar de 2 anos atrás.

Ao mesmo tempo, ao medir confiabilidade das instituições, a pesquisa detecta que, apesar de ainda ser alto o percentual dos que dizem não confiar no Congresso, de 2018 a 2020, o número caiu de 56,3% para 37,2%. E a confiança nas Forças Armadas, que era de 33,9% em 2018, perdeu 1/5 de seu prestígio, despencando para 27%. As Forças Armadas perdem confiança sem endossar expressamente atitudes presidenciais, mas sem dissipar de forma categórica o que estas atitudes sugerem.

Os escândalos de corrupção no Rio de Janeiro se sucedem e de governo para governo, parece impossível a libertação da medusa fluminense da corrupção devoradora implacável da crença democrática –agora, por 69 x 0 na Alerj, abriu-se processo de impeachment contra o atual governador, um ex-juiz federal
.

Fogos de artifício são lançados contra o prédio da Suprema Corte do país como se fossem bombinha em festa junina. Mas a “ativista” Sara Winter que ameaçou de morte o ministro do STF Alexandre de Moraes teve a prisão preventiva devidamente decretada. Ela que já foi expulsa de partido político, já foi acusada de desvio de verbas do fundo eleitoral e de outras fraudes.

O presidente e seus seguidores estimulam pessoas a invadir hospitais em plena pandemia para fiscalizar o nível de ocupação de leitos, evidenciando a total falta de sensibilidade e respeito pela dignidade humana. No mínimo, há violações ao artigo 132 do Código Penal entre outros crimes contra a saúde pública. Felizmente, o PGR requisitou investigação do fato. A sociedade tem a expectativa que também seja verificada possível responsabilidade penal do próprio chefe do Executivo Federal, mesmo tendo sido nomeado o PGR fora da lista tríplice pelo presidente.

Com todos os seus problemas, dificuldades e barreiras, o milenar sistema democrático desde a Grécia antiga, é o melhor que já foi criado para estabelecer regras em relação ao exercício do poder. E, apesar do que temos vivido, nosso Estado democrático de Direito mandacaru resiliente prevalecerá, assim como a supremacia constitucional do interesse público. Acima de tudo e de todos.

*Procurador de Justiça em São Paulo e doutor em direito pela Universidade de São Paulo (USP); atua na Procuradoria de Justiça de Direitos Difusos e Coletivos; idealizou e preside o Instituto Não Aceito Corrupção (INAC); é ex-presidente e diretor do movimento Ministério Público Democrático (MPD); escreve para a Folha de S. Paulo, Estado de S.Paulo, Poder 360 e é colunista da Rádio Bandeirantes e da Rádio Justiça, do STF.

A passos lentos

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Persiste ainda comportamentos característicos do homem, idênticos aos comportamentos subumanos dos chimpanzés.” (Waldo Vieira)

Os seres humanos mais evoluídos racionalmente, vivem incomodados com o comportamento do ser humano, nos dias atuais. Ainda não evoluímos bastante para sermos considerados racionais. Mas não vamos nos entristecer. Os trancos e barrancos fazem parte da caminhada. Então vamos caminhar por veredas racionais. Não importa como tenha sido o seu fim de semana. O que importa mesmo é como você está se preparando para viver esta semana. E tudo vai depender, exclusivamente de você. Ninguém tem o poder de fazer por você o que você mesmo, ou mesma, deve fazer. Cada um é cada um. E cada um vive no seu nível de evolução racional. O que nos coloca no trem do ir e vir.

Procure viver cada minuto dos seus dias como se eles fossem o último. Porque não sabemos como iremos viver o dia de amanhã. E é, precisamente por isso que devemos preparar o nosso futuro no que fazemos no presente. Porque o presente é hoje, e o futuro é amanhã. Não perca seu tempo com notícias negativas e espalhafatosas. Procure viver cada momento se sua vida hoje, como preparação para o dia de amanhã. Não deixe de dar bom dia ao dia, quando acordar amanhã. E não pense que isso é filosofia de botequim. Sua felicidade vai depender do que você plantar, hoje, nos seus pensamentos. E estes vêm da sua mente. Por isso mantenha-a no grau da racionalidade em que você vive hoje. Mas com o objetivo de aprimorar seus pensamentos para viver o melhor amanhã.

Tenha sempre em mente que somos todos de origem racional. Que viemos todos do mesmo universo Racional. Que o que vivemos neste planeta, ainda em evolução, é resultado da evolução do planeta. O que implica responsabilidade. E cabe a cada um de nós saber acompanhar os passos lentos da evolução. E o importante é que não compliquemos. Quando sabemos encarara a vida ela se torna livre, leve, e solta. O importante é que você se valorize no que você é. Porque somos todos iguais nas diferenças. E você já sabe disso, de sobejo.

Só quando sabemos respeitar as diferenças é que sabemos nos respeitar no que realmente somos. Não perca seu tempo aborrecendo-se com a inferioridade do seu vizinho. “Você é tão pobre ou tão rico quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele.” O Emerson sabia o que dizia. E seu vizinho nem sempre é o vizinho que mora ao seu lado. Seu vizinho é qualquer pessoa que se relacione, ou não, com você. É só você respeitar sua origem como ser de origem racional. Só quando respeitamos somos respeitados. Pense nisso.

*Articulista

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