Opinião

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Orientação médica à distância requer cautela nos procedimentos 

Marcos André Sonagli* 

 

A telemedicina é um modo de exercer a medicina em que o contato acontece por meios digitais, via voz e vídeo. É usada para orientar pacientes remotamente (teleorientação), para trocar informações entre médicos (teleinterconsulta) e, em alguns casos, para ajudar no diagnóstico (telediagnóstico). 

 Regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina logo no início da pandemia no Brasil, a telemedicina representa um avanço na superação de barreiras geográficas ao atendimento médico, pois facilita o contato com pacientes que se encontram a uma grande distância ou até mesmo em outros países. 

 Assim como no atendimento médico presencial, a prática da telemedicina deve garantir o sigilo médico. Para isso, dados, vídeos, áudios e informações de prontuário digital precisam ser armazenados seguindo padrões certificados de segurança e através de plataformas de conexão seguras. 

 Além disso, é importante que os médicos esclareçam aos pacientes que, por não incluir o exame físico, a teleorientação pode limitar o raciocínio médico, dificultando conclusões precisas. Soma-se a isso o fato de que, caso o médico identifique sintomas críticos ou situação de urgência, o paciente deverá ser encaminhado ao atendimento presencial. 

 Da parte do paciente, para ter um melhor aproveitamento da teleconsulta, vale elaborar uma linha de tempo ou histórico dos sintomas a ser relatado a médico, incluindo eventos prévios como cirurgias e quaisquer sinais observados no corpo. 

 O Brasil tem dimensões continentais e apresenta uma distribuição assimétrica de médicos, com boa parte dos especialistas concentrados nos grandes centros urbanos. Neste contexto, a expansão do uso da telemedicina é fundamental para que moradores de cidades pequenas e de áreas remotas possam ser teleorientados por especialistas. 

 *Diretor médico e founder daAmplimed, startup brasileira que lançou uma ferramenta de teleconsulta e liberou acesso, por 30 dias, para uso dos profissionais de saúde do Brasil enquanto durar a pandemia. 

 

“Respire, pense e alivie o estresse”

Thomaz Barcellos*

Medo, ansiedade, raiva, estresse, preocupação, incertezas, angústia, tristeza, insegurança, perda de liberdade. Essa é apenas uma pequena lista das emoções, sentimentos e sensações, que acometem o mundo nesse momento de pandemia.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Linkedin ainda em abril, 62% das pessoas que passaram a trabalhar em casa por causa do isolamento social já se sentiam mais estressadas, muito por causa da solidão e da insegurança por não ter a real noção do que se passa no mundo do lado de fora do lar. Além disso, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgou uma pesquisa em maio que mostrava o aumento de até 25% do número de consultas com psiquiatras no Brasil e o crescimento na procura por remédios para tratar transtornos. Para esses tempos, é uma tendência comum sentir o impacto na nossa saúde física e mental, e as buscas por soluções são constantes. Reconhecer que existem problemas é importante, e saber como superá-los é fundamental.

Existem formas simples que podem ajudar. Se aprendermos a viver segundo conceitos da filosofia oriental, que nos diz que tudo é mutável e impermanente, conseguiremos passar por tudo isso de forma mais fácil. Precisamos ser desprendidos e ter uma postura de desapego tanto para coisas boas (como sorte e a riqueza), quanto para as coisas ruins (como os ressentimentos e a tristeza).

Pensar na transitoriedade das coisas faz com que tudo seja mais ameno nesse período de crise e grandes mudanças. Aceitar o que não podemos mudar, viver o presente como o único tempo que existe, ser grato pela vida e oportunidades concedidas, são ensinamentos que necessitamos colocar em prática. Praticar ioga, meditação, técnicas de respiração ou mindfullnessautohipnose são de grande ajuda para esse momento. Se conectar com pessoas positivas, boas notícias, leituras edificantes e estar em prece são recomendações essenciais.

Muito do que citei acima pode ser facilmente incorporado na rotina, como, por exemplo, parar em alguns momentos do dia para fazer uma respiração mais consciente. É comum num estado de ansiedade e estresse mantermos uma respiração curta pelo nariz e incompleta, usando pequena parte dos pulmões. Nossas células necessitam de oxigênio 24h por dia e para um bom funcionamento do organismo esse fluxo deve ser o mais eficiente possível. Parar por dois minutos que seja, inspirar profundamente pelo nariz e expirar pela boca, procurando retirar o máximo de ar do corpo, já é de grande valia para trazer de imediato uma sensação de calma e bem estar.

A meditação é outra prática extremamente eficaz para diminuir a ansiedade e o estresse. Ela pode ser realizada diariamente por pelo menos 15 minutos diários. Então, vale a pena organizar uma rotina para meditar por um tempo e programar pausas ao longo do dia para respirar. Os primeiros passos para cuidar de você mesmo é fechar os olhos, olhar para dentro e tentar entender um pouco desse movimento interno, o que está sentindo e perceber quais são seus tipos de pensamentos.

Tenho certeza de que você pode ficar mais leve!

*Hipnoterapeuta e mestre em Ciências Médicas

Quem e o que somos?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O ser humano é o animal mais hediondo sobre a face da terra, em razão dos crimes que comete contra a Natureza.” (Cultura Racional, no livro Universo em Desencanto)

Você já parou pra fazer uma análise, mesmo empírica, sobre o comportamento humano diante do comportamento animal? E estou falando dos animais considerados, ou apelidados de irracionais. Eu nunca tinha pensado nisso até que cheguei aqui na Ilha Comprida e comecei a prestar atenção nos irracionais.

Ontem eu ia passando pelo Lago das Garças quando um bando de pássaros voou bem na minha frente e saíram gritando. Ainda não identifiquei aquela árvore. É totalmente preta, com um bico branco, longo, e fino. Eram exatamente dez. gritavam como se eu estivesse atrapalhando-os nalguma coisa. Desceram poucos metros à frente e continuaram bronqueando. Saí sorrindo e me mandei.

Já em casa, fui à varanda e lá ia ele, pelo calçadão da Praça. Ele sempre faz esse trajeto. La na frente atravessou o asfalto e entrou na Rua Pará, onde ele mora. É um cachorro bonitão. A companheira dele sumiu e por isso ele caminha sozinho. Aí prestei atenção àquele grupo de quatro cachorros que brincavam na grama da Praça. De repente chegou um desconhecido, preto e bonitão. E começou a brincar com a cadelinha bonitinha, do grupo. A brincadeira cresceu e os outros três pararam e ficaram observando a brincadeira. Logo percebi que a brincadeira não estava agradando ao grupo.

Esqueci do que tinha que fazer e continuei na observação. De repente, um dos membros do grupo partiu ferozmente contra o preto brincalhão, e o atacou. A cadelinha encolheu-se e ficou na dela. Logo os dois que observavam, avançaram contra o pretinho que se mandou numa corrida atlética. Os outros o seguiram, mas ele foi mais veloz. Lá na frente os três pararam e voltaram. O pretinho parou e olhou para traz. Os outros pararam e ele se mandou.

Aí tentei analisar se teria sido uma
cena de ciúme. E como teria sido se alguém chegasse e começasse a brincar soltamente com a namorada de um ser humano qualquer?  Será que não somos todos iguais, obedecendo apenas sua posição na evolução racional? Aí pensei em como eu adoraria ser capaz de entender a linguagem dos irracionais. O que eu teria traduzido na bronca dos pássaros pretos da Praça? Porque o comportamento dos cachorros eu entendi. E foi legal pra dedéu.

E fiquei convencido de qual o do grupo era o namorado, ou marido, da cadelinha bonitinha. Porque o comportamento do cara foi precisamente humano. Igualzinho ao nosso. Respeite mais o seu cachorro. Porque ele entende exatamente quem e o que você é. Pense nisso.

*Articulista

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