Opinião

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Senhores do Destino?

Debhora Gondim*

        

“Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.” (Tiago 4: 14-16)

Um dos maiores malefícios deste século é a ansiedade. Cada vez mais temos ouvido relatos de pessoas que estão aprisionadas por sentimentos que fazem com que elas, criaturas temporais, se sintam frustradas por não poderem controlar o seu futuro. Este sentimento é fruto do nosso coração caído. Ele anseia pela eternidade, na qual outrora foi criada. Mas a escolha pelo pecado trouxe como uma das consequências à limitação do tempo e do espaço.

O ser humano quer ter o controle de sua vida, dos seus planos, do seu destino. Percebemos ao analisar a história da humanidade que esta é uma mentira antiga. Foi contada por satanás a Eva e Adão no Éden, e foi difundida ao longo dos séculos. Ela faz com que as pessoas que sofrem de ansiedade sintam anseio por algo que ainda não aconteceu e que pode nem acontecer. Chega ao ponto de deixá-la extremamente preocupadas diante das diversas possibilidades que o futuro pode trazer. E não saber o que virá as deixa frustradas. “Visto que ninguém conhece o futuro. Quem poderá dizer o que vai acontecer?” (Eclesiastes 8:7) 

Mas a partir do momento em que cremos em Jesus como nosso Senhor e salvador devemos entender que não temos o direito de dar destino ao que não nos pertence. A partir do momento em que entregamos nossas vidas a Cristo não somos mais nossos, pertencemos a Jesus (Gálatas 2: 20). Por isso, não podemos mais fazer viver a nossa vida como queremos, ansiosos por planos que Deus não compartilhou a nós. “Ai dos filhos obstinados” declara o Senhor, “que executam planos que não são meus, fazem acordo sem minha aprovação, para ajuntar pecado sobre pecado,” (Isaías 30:1).

Nossa vida deve estar integralmente dependente de Deus e submerso em Deus. Não podemos negociar nossa fé, não podemos entregar parte do nosso ser e a outra parte reter, pois estaremos furtando o que não é mais nosso e sim templo do Espírito Santo. Nossas decisões, ações, reflexões, sermões, canções e boas obras têm que estar sujeitas a Deus. Do contrário estaremos vivendo uma vida imersa na antropocentricidade materialista e pragmática, buscando sempre satisfazer os próprios interesses. “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos.” (Gálatas 5:24)

Quando conseguimos compreender esta verdade absoluta e abrimos espaço para que o querer e o fazer do Espírito Santo converta nossa mentalidade e nossas ações, percebemos que a ansiedade nada mais é que um sentimento que vem sutilmente deturpar nossa noção de pertencimento, é  também instrumento do orgulho, que vem afirmar novamente, que a criatura pode se tornar o criador. Tornando-se assim, autor do próprio destino.

Por fim, que o Deus que tem o controle de todas as coisas em suas mãos e que é o Soberano absoluto do universo venha sobre nossas mentes e nos ajude a não andar ansiosos por coisa alguma, mas entregar tudo a Ele em orações e súplicas. A buscar por um coração livre do orgulho e que ande em humildade para compreender que não passamos de criaturas pertencentes ao Deus que tem pensamentos de paz, bom futuro e prosperidade para aqueles que o amam.

*Teóloga e Professora

“Fake news” podem caracterizar crime, explica especialista

Euro Bento Maciel Filho*

Poucos sabem, mas, a ideia de fake news não é algo novo. Essa expressão vem desde o século 19 e, ao pé da letra, significa exatamente “notícias falsas”. Sem dúvida, nos últimos tempos, esse termo está muito mais presente no nosso dia-a-dia. Com o crescimento das redes sociais, lamentavelmente, a difusão desses conteúdos tem obtido cada vez mais espaço, geralmente com o objetivo de atingir a honra e a reputação de pessoas físicas e/ou jurídicas.

O mestre em direito penal e advogado, Euro Bento Maciel Filho, explica que as notícias falsas vêm ganhando espaço principalmente nas mídias sociais. “Redes como Twitter, Facebook e Instagram alcançam milhões de pessoas em todo o mundo diariamente, então qualquer tipo de conteúdo pode ser espalhado de maneira rápida, sem se preocupar com a veracidade do tema em questão. Os motivos para espalhar são inúmeros, desde razões políticas e ideológicas, até aquelas de cunho eminentemente pessoal”, relata.

A publicação desses conteúdos, por si só, não é caracterizada como crime no Brasil. Isso porque a legislação brasileira não possui uma tipificação ou lei que envolve a divulgação de notícias falsas, embora existam diversos projetos de lei tramitando no congresso para que essa conduta passe a ser punida. Contudo, não é em razão deste vácuo em nossa legislação que o responsável pela disseminação desse material não possa ser punido.

“A nossa legislação penal atual pode punir criminalmente quem divulga as fake news, desde que essa conduta acabe se adequando a um crime já previsto. Existem, no nosso ordenamento jurídico, artigos de lei que preveem crimes que podem se encaixar no comportamento daqueles que divulgam fake news, a depender da conduta praticada pelo agente. É fato que esses conteúdos podem provocar ofensas à honra ou à reputação de determinada pessoa, e isso é tipificado no Código Penal como injúria, difamação ou calúnia”, Dr. Euro explica.

Além disso, uma particularidade interessante relacionada aos crimes contra a honra é que, diferente da maioria dos delitos, que se desenvolvem por ações penais públicas, nas quais o próprio Estado promove a ação, fato é que, nos crimes contra a honra, pelo fato de protegerem um bem personalíssimo da pessoa, a ação penal é privada. Então a titularidade e a movimentação processual devem ser promovidas pelo particular. Assim, em casos que tais, o Estado, salvo se a vítima tomar a iniciativa, não fará nada para apurar tais delitos.

Ainda assim, não é uma tarefa simples identificar quais notícias são falsas ou não. Via de regra, as tais fake news são matérias que causam alvoroço e possivelmente o desejo de passar adiante, para que todos possam ver também. Por esse motivo o advogado ressalta a importância de se atentar para os detalhes e procurar por notícias semelhantes ou, então, apurar se a notícia provém de uma fonte confiável.

“Cada pessoa é um potencial agente propagador, então cabe a nós mesmos fazer o papel de fiscal, verificando a idoneidade da fonte, examinar com cautela se a notícia traz algo absurdo ou fora do contexto real. As fake news são divulgadas a partir da falibilidade humana, então é aí que o controle deve começar”, finaliza o advogado.

*Mestre em Direito Penal pela PUC/SP, professor universitário de Direito Penal e Prática Penal, advogado criminalista e sócio do escritório Euro Maciel Filho e Tyles – Sociedade de Advogados.

Quem e o que somos?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O ser humano é o animal mais hediondo sobre a face da terra, em razão dos crimes que comete contra a Natureza.” (Cultura Racional, no livro Universo em Desencanto)

Você já parou pra fa
zer uma análise, mesmo empírica, sobre o comportamento humano diante do comportamento animal? E estou falando dos animais considerados, ou apelidados de irracionais. Eu nunca tinha pensado nisso até que cheguei aqui na Ilha Comprida e comecei a prestar atenção nos irracionais.

Ontem eu ia passando pelo Lago das Garças quando um bando de pássaros voou bem na minha frente e saíram gritando. Ainda não identifiquei aquela árvore. É totalmente preta, com um bico branco, longo, e fino. Eram exatamente dez. gritavam como se eu estivesse atrapalhando-os nalguma coisa. Desceram poucos metros à frente e continuaram bronqueando. Saí sorrindo e me mandei.

Já em casa, fui à varanda e lá ia ele, pelo calçadão da Praça. Ele sempre faz esse trajeto. La na frente atravessou o asfalto e entrou na Rua Pará, onde ele mora. É um cachorro bonitão. A companheira dele sumiu e por isso ele caminha sozinho. Aí prestei atenção àquele grupo de quatro cachorros que brincavam na grama da Praça. De repente chegou um desconhecido, preto e bonitão. E começou a brincar com a cadelinha bonitinha, do grupo. A brincadeira cresceu e os outros três pararam e ficaram observando a brincadeira. Logo percebi que a brincadeira não estava agradando ao grupo.

Esqueci do que tinha que fazer e continuei na observação. De repente, um dos membros do grupo partiu ferozmente contra o preto brincalhão, e o atacou. A cadelinha encolheu-se e ficou na dela. Logo os dois que observavam, avançaram contra o pretinho que se mandou numa corrida atlética. Os outros o seguiram, mas ele foi mais veloz. Lá na frente os três pararam e voltaram. O pretinho parou e olhou para traz. Os outros pararam e ele se mandou.

Aí tentei analisar se teria sido uma cena de ciúme. E como teria sido se alguém chegasse e começasse a brincar soltamente com a namorada de um ser humano qualquer?  Será que não somos todos iguais, obedecendo apenas sua posição na evolução racional? Aí pensei em como eu adoraria ser capaz de entender a linguagem dos irracionais. O que eu teria traduzido na bronca dos pássaros pretos da Praça? Porque o comportamento dos cachorros eu entendi. E foi legal pra dedéu.

E fiquei convencido de qual o do grupo era o namorado, ou marido, da cadelinha bonitinha. Porque o comportamento do cara foi precisamente humano. Igualzinho ao nosso. Respeite mais o seu cachorro. Porque ele entende exatamente quem e o que você é. Pense nisso.

*Articulista

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